[Ficha] Flae, a Nuvem

Desde o início dos tempos, planícies sempre serviram de palco para guerras: grandes batalhas entre dois ou mais países, originadas de motivos diversos, que variam de conquista territorial até um mero passa-tempo – estranhamente prazeroso dos seus respectivos líderes. O fato é que na realidade o verdadeiro conceito da guerra é nada mais nada menos que uma catástrofe, um caos, algo que dizima espécies (que não estavam necessariamente na guerra), destroem ambientes e acabam com gerações de alguma família qualquer. Não existem vencedores em uma guerra, apenas existe um reino que vai ser menos prejudicado.

E é em uma dessas guerras que nossa história começa, uma daquelas guerras que são cantadas e contadas por bardos bêbados em tavernas durante longos anos.

Parecia uma tempestade, mas na verdade eram uma explosão de feitiços. No chão daquela terra já haviam centenas de corpos cujas vidas foram ceifadas por uma lâmina atravessada na garganta ou por alguma bola de fogo incineradora no meio das ventas. No meio de tantos combatentes, um se destacava: Flae, reconhecido por todo o país por ser o capitão de uma organização de magos que caçavam criaturas sobrenaturais era um mago barbudo, daqueles que usam túnicas roxas e chapeis de bruxos bastante convencionais, magro que dava dó, porém tinha uma força incrível. E tudo na base da magia que possuía, era um mago Elemental, conhecido pela diversidade e criatividade em seus golpes, dominava dois elementos: o ar e a terra.

Flae já havia matado algumas dezenas, e o exército do reino que defendia avançava. Ele estava ganhando território, e aparentemente o reino mais frágil iria se render, porém, este mesmo reino tinha uma arma secreta – e armas secretas são utilizadas em horas de desespero.

Eram navios, porém navios voadores. Flutuavam no céu a base de uma magia que Flae conhecia bem. O vento turbinava os navios, era uma quantidade incalculável, uma frota de dar inveja aos mais frios estrategistas, e esbanjava daquele sentimento de “por que não pensei nisso antes?”

Os navios vinham com canhões carregados de bolas mágicas explosivas, e em poucos ataques, os deuses da guerra tinham preparado uma surpresa para o reino que há pouco tempo estava ganhando.  A guerra tinha virado e agora o reino de Flae estava a outros singelos ataques para perder, mas o velho Flae também tinha lá suas cartas na manga. E eram cartas de valor bem alto.

Bateu seu cajado perolado no chão, uma espécie de tremor começou, porém não era um abalo sísmico, e sim um tremor no céu, as nuvens se mexiam, formando um redemoinho branco no meio do céu. Era uma visão espetacular, o vento se acumulava no centro, era quase um tornado no meio do céu, bem em cima dos navios. Porém algo deu errado, assim que esse tufão começou a entrar em ação para ir para cima dos navios e derrubá-los (que era a verdadeira intenção de Flae) um dos canhões disparou a esfera de magia contra o centro do redemoinho, e isso originou algo que poucas pessoas conseguem explicar. Uma centelha mágica entrou em atrito com outra, e uma nova espécie de vida surgiu.

Seus longos braços saíram primeiro. Aqueles eventos juntos deram origem a um colosso que ultrapassava os limites do céu, era branco, gigante e poderoso. Um golem originado das intenções dos dois reinos. Ele ficou parado no meio do céu, num espaço entre os dois reinos, entrando no meio da guerra sem ser convidado.

Ambos os reinos levaram um grande susto, os soldados do exército inimigo acreditou que aquele monstrengo era uma obra de Flae e bateram em retirada, mal sabiam ele que aquele novo ser estava mais confuso do que todos juntos. Uma forma estranha de ganhar uma guerra, mas isso não tira o mérito.

Aquele grande homem que parecia ser feitos de nuvem olhava para Flae. A criatura sabia que ele era seu criador, e o mago sabia que precisaria cuidar de sua criação.

Ensinou tudo que o Golem precisava saber. Ensinou a ler, a ter relações com outros seres vivos, ensinou magia e algumas coisas fúteis, como ensinou o Golem a se divertir.
Até aí tudo bem, os dois viveram por um bom tempo juntos, parceiros. Todos naquele reino conheciam a dupla do “Mago e o Homem-Nuvem”.

Infelizmente a vida nunca foi justa, e não seria a primeira vez que ela foi injusta.  Flae já estava velho, uma doença levou sua vida junto com todo seu conhecimento, e a primeira experiência com os sentimentos tristeza e saudade apareceram com o Golem. Solitário, O Homem-Nuvem resolveu fugir, largou aquele reino e seguiu as rotas dos ventos, procurando espairecer.

Viajou por longos dez anos até encontrar uma ilha – Lodoss. Um continente que jurou ser repleto de maravilhas, e por ali resolveu ficar, embarcar em novas aventuras e procurar novos conhecimentos. Para não ser conhecido apenas como “Homem-Nuvem”, resolveu adotar, em homenagem ao seu criador, o nome Flae.