[Épica]"Admirável mundo novo"

, foi assim que começou. E na noite pacifica mais uma vez as chamas do inferno infestaram o campo aberto da pacifica região de Hirt.

Mas aquela não foi a primeira vez, aquele portal já havia sido aberto antes, o exército de Hilydrus não teve grandes dificuldades para conter um pequeno grupo de demônios enfraquecidos que vinha saindo daquele profundo vão escuro que transmitia a aura negra de destruição e pavor. Tentaram lidar com aquilo da mesma maneira, porém, desta vez algo estava estranhamente diferente, e aquilo que todos que sabiam se esforçavam tanto para não contar já havia sido descoberto.

E um último golpe de espada acertou aquele demônio, uma estocada no peito, o sorriso em seu rosto se dava apenas pela ironia de ter sido derrotado por um rele humano. Quem era aquele garoto afinal? Parecia tão fraco, tão simples, transmitia uma aura contrária a de todos os outros naquele lugar. Um líquido vermelho revestia o solo, cadáveres de demônios espalhados por todas as partes e o único som ali presente era o da água, tingida de sangue que corria pelo rio ao lado. O demônio, porém, não parava de sorrir. Após poucas palavras que só aquele garoto pôde escutar o braço do demônio se moveu e ignorando a espada que perfurava seu corpo ele fez um último ataque. Seu tridente subiu perfurando a barriga do humano em três pontos, e o urro de dor do garoto rompeu o silencio.

Um casal ao chão agora derramava lagrimas, mesmo sabendo que sua missão estava parcialmente completa eles tinham perdido mais um, a garota gritou em desespero e o rapaz de algum modo mais razoável não perdeu a oportunidade, com sangue nos olhos se arrastou na direção daqueles dois combatentes. Ele esticou o braço e sua mão foi envolta por uma estranha luz azul, o brilho ali deixou por segundos tudo mais claro, a escuridão diminuía aos poucos e atrás daquele demônio derrotado que parecia em um dilema contra seu oponente, um selo apareceu. O brilho da mão do garoto começou a se concentrar e ficar mais forte. Mais alguns segundos juntando forças e a luz se estendeu perfurando os dois corpos ali e o selo. O céu desmoronou.


Anos atrás um grupo de jovens guerreiros não muito experientes, porém com habilidades diferentes e de extrema importância entre si foram convidados pelo exército para se juntar a uma pequena elite e nas profundezas de uma dimensão de terror lutar para quebrar uma singular magia que ligava a tal dimensão a Lodoss. De forma estranha e com enormes sacrifícios foi possível que eles realizassem tal missão. Os poucos que voltaram tiveram parte da memória apagada, se tornaram parcialmente loucos e como prémio receberam o direito de ser confinados a uma masmorra para que o resto do mundo não lhes conhecesse, nem eles nem a realidade. O medo da verdade por seus superiores era maior do que qualquer honra ou gratidão. A sina de grandes heróis era morrer sem nem ao menos saber que em algum momento seus feitos determinaram o destino da humanidade. Um homem muda ao longo de sua vida, mas o quanto um homem também pode mudar no inferno?

Na madrugada todo exército pareceu se retirar da cidade de Hilydrus, provavelmente não era nem a metade, mas o barulho foi suficiente para confundir a população com um ataque de Takaras. Centenas de homens revestidos de metal correndo pela ruas de pedra lembrava com certeza o som da guerra. Os próprios guardas pareciam temer a situação em que se encontravam pelo modo desajeitado que andavam e pelo que diziam. Cavalos galopavam em disparada para fora da cidade e Grifos e Dragões tomavam voo na mesma direção, todos para Hirt. Conversas estranhas pareceram tomar lugar ali entre os membros da infantaria que ainda correndo ficavam para trás.

-Demônios eu te digo, muitos, e não são de Takaras, dessa vez parece ser algo muito pior-

-Quanta ingenuidade homem, com certeza é um ataque de Takaras a nosso acampamento!-

-É verdade! Eu te digo que vi demônios se erguendo do chão, não me tenha por mentiroso!-

A população confusa e amedrontada voltava para suas camas de onde pareciam temer sair. O distúrbio na capital foi o suficiente para que toda a Ilha fosse alertada, em questão de horas mensageiros reais espalharam as noticias: Lodoss corria perigo. Estranhamente nenhum deles dava a informação completa, o que era, de onde vinha e qual o seu objetivo. Entretanto o movimento do exército deixava tudo um pouco mais claro, assim como a estranha concentração de nuvens negras e de aves se movendo para o local.

E então!? Yeah! Escureceu! A mente de Neil ficava simplesmente mais caótica durante a noite do que de dia. Não sabia. Como sempre ele não sabia de nada e não queria saber de nada e o nada não lhe importava mais que a composição de tudo. Ou seja, tanto faz. Ele estava com os olhos totalmente abertos olhando para aquela paleta incomodamente azul que estava acima de sua cabeça. Odiava as coisas daquele jeito. Calmo demais, simples demais, TEDIO DEMAIS! - AAAAAAAAAH! CIDADE MALDITA. - E levantou-se gritando enquanto sorria. Seu grito, porém, nem de longe surgiu efeito. Estava em cima do telhado de uma das casas e obsevou a putaria que estava acontecendo a poucas vielas. Corpos. Corpos mortos. Corpos zumbificados e andando em direção pra onde? Pra que? Olhou no horizonte e o corpo estremeceu quando viu aquela cortina irregular ao longe? Onde era aquilo?. - FODA-SE! - E ele não queria saber. - É pra lá que eu vou. HAHHAHAH. - E saltou de cima da casa, aterrissando com um rolamento. Deu de cara com um pirralho correndo na sua frente. Olhou ao redor e só então percebeu que somente - além dos zumbis , claro - estavam saindo da cidade. - Sério?.... Não. Sério? - Abriu os braços numa rua deserta e girou 360º se perguntando que porra era aquela. Nada. Simplesmente. E o nada não lhe importava. Sorriu. Dentro de sua mente? Chorou. De felicidade é claro por aqueles que não obtiveram o hábito grotesco de Neil. Aaah! Mas que insulto... Não, não... Não era um habito. Era um modo de vida auto-destrutivo. E pff, não era grotesco. - É MAGNÍFICO! HAHAHAH. -Apontou para a direção onde os soldados seguiam. - Oh...Por ali então, uh? - E simplesmente saiu andando enquanto escondia um sorriso com o anel da mão direita.

Liberdade.

Tão semelhante ao caos

E ao mesmo tempo tudo é o nada.

E Neil AMA o nada.

Porque, simplesmente, ele reconhece que não é nada.

@all

Todos demoraram um bocado para chegar até o local objetivo. A primeira visão seria um tanto quanto aterrorizante. Demônios se erguiam para fora de um enorme buraco no chão utilizando suas mãos e pernas para escalar. Era um enorme vão de pelo menos 50 metros de diâmetro. Soldados faziam um circulo ainda maior em volta do buraco tentando conter os demônios que escalavam aquele portal para o inferno. Um tanto aterrorizante para qualquer pessoa comum, mas não para aquele quarteto. Por mais que estivessem bem distantes um do outro eles estranhamente eram as únicas pessoas ali que não pertenciam ao exército.

Uma quantidade gigantesca de corpos de demônios mortos estavam jogados no chão, para cada dez parecia ter mais ou menos um soldado que vestia as cores de Hilydrus estirado entre eles. De alguma forma esquisita e distorcida aquilo lembrava a eterna guerra de Lodoss. Mas dessa vez não parecia ser Takaras. Aqueles demônios andavam tortos e não pareciam pensar, de algum modo lembravam Ghouls e outros seres mortos-vivos.

@Falon
Mal chegando Dalai atraiu o olhar de alguns daqueles humanos ali presentes. Por mais que todos fossem soldados alguns não carregavam armas consigo. A principio não houve problemas. Dalai conseguiu caminhar tranquilamente pelo campo analisando toda a situação e vendo o que se passava ali. Aquilo confirmava tudo, o mensageiro tinha dito a verdade.

Não demorou muito para que a situação mudasse. Demorou para perceber, algo já tocava suas costas. Uma lança. Um soldado segurava a arma com as duas mãos pressionando o suficiente contra o possuído apenas para que ele sentisse um pequeno incomodo, mas não chegaria a perfura-lo. Atrás dele um outro soldado, esse sem arma, apenas um olhar compenetrado e critico com os dois braços cruzados a frente do corpo.

-O que é você? O que faz aqui?

A pergunta veio do soldado de trás. Parecia ter algum rancor na voz, apertava os olhos em sinal de desconfiança e desprazer. Dalai não teve nem tempo para responder, assim que o homem fez a pergunta ele sentiu um grande impacto. Algo acertou sua nuca com extrema força fazendo o possuído tontear e após dar dois passos desajeitados para frente cair. Apagou ali.

Dalai acordou horas depois dentro de uma estranha cova com grades na frente. Com certeza uma jaula ou prisão. O ambiente todo era rodeado de pedra e a cima dele podia ouvir sons de metal trincando e batendo. Gritos e urros. Estava no subterrâneo. A pergunta era, de onde e por quê?

Demorou um pouco, mas pode ouvir claramente sons de passos se aproximando. Foi quando pode ver uma escada terrivelmente iluminada, assim como qualquer coisa naquele ambiente escuro. Um homem uniformizado descia ali, era difícil ver seu rosto, porém caminhava na direção da cela.

@Neil
De alguma forma discreto ao mesmo tempo que extravagante. A hiperatividade de Neil conseguia ser ocultada talvez pelo instinto natural, talvez pela sorte daquele garoto. O que atraia o jovem ali nem ele sabia ao certo, sabia apenas que tinha confusão e onde existir problemas sempre haverá um tolo para se aventurar. Neil era um tolo diferente, talvez não tão tolo, mas com certeza louco.

Não precisou de muito esforço para se infiltrar por ali. Apenas caminhou até o local. Neil viu toda a movimentação do exército bem no inicio por tanto chegou junto com eles, mas de alguma forma tinha sido ignorado. Era como se fosse invisível para todos aqueles soldados que estavam tão mais preocupados com os demônios. Talvez ele realmente quisesse se esconder, bem ou mal havia aprendido a se infiltrar no tempo em que foi praticamente forçado a ser um rebelde, talvez fosse apenas Neil sendo ele mesmo.

-Garoto! O que faz aqui?-

Era com Neil, óbvio. Uma voz grave e autoritária lhe chamou atenção e o jovem não teve muita dificuldade de saber que era com ele que estavam falando. Antes que pudesse se virar uma mão tocou seu ombro e fez esse trabalho por ele. Puxou de forma rápida e firme girando o garoto. O soldado que lhe falava era grande e forte, tinha um olhar serio e de alguma forma amedrontador. Ao menos para pessoas comuns.

@Tibi
Yuroki teve relativa facilidade de se esconder por ali. Tentou não chamar atenção. Bem ou mal, por mais que quisesse matar demônios de alguma forma ele também era um. No mínimo poderia ser muito facilmente confundido com um.

Estava entre uma moita e uma árvore, visível, porém um tanto longe daquela confusão toda. Dali pode ver o que parecia ser um humano sendo atingido na nuca com o punho de uma espada e arrastado pelos por três soldados. Era esquisito pensar que três membros do exército estavam apenas numa parte de fora. Por mais que muitos demônios viessem saindo dali havia uma quantidade enorme, até excessiva de humanos estava lá para controla-los.

-Ele é como você...-

Uma voz chamou atenção do possuído. Aparentemente alguém já havia o encontrado. Uma risada meio esquisita veio de cima da árvore, um tanto quanto arranhada e de alguma forma irônica. Mesmo sabendo de onde vinha a voz Yuroki não tinha como ter certeza de quem se dirigia a ele.

-Não como como você, mas ainda sim, como você-

@Yoda
Um demônio grande, um enorme demônio se sobressaiu ali derrubando alguns soldados com um golpe apenas. É claro que aquilo chamaria a atenção de Dachi. Um grande grupo de oficiais tentava cercar o demônio e assim acidentalmente abria espaço para mais daquelas criaturas subirem pelo portal. Um homem passou gritando por trás de Dachi.

-Um nível B- passou, ataquem, não deixem que ele ande livre-

Aquela criatura deformada e assustadora parecia ter por volta de 3 metros de altura, era largo e atrás de seu corpo uma enorme fileira de espinhos o protegia de golpes surpresa. Os espinhos estavam espalhados também pelos antebraços e calda do monstro que com dificuldade por conta de sua enorme corcunda levantava a cabeça para o alto e rugia. Os soldados pareceram um tanto quanto receosos ao escutar o a informação ali passada. A confusão era tanta que pareceram ignorar completamente a presença do meio dragão.

Dachi poderia andar livremente, atacar o demônio, ou até mesmo se colocar na linhas de frente para impedir a entrada de mais daquelas criaturas.

Algo assim. Não sei. Não sabia. Quem sabe? Era o que ele fazia. Conjecturava. Conjecturava. E então. Conjecturava....

SIM! ... QUE ÓDIO! Ah, já tinha ido embora quando finalmente tinham chegado ao destino. Olhou ao redor e sentiu-se em casa. Não sua casa original. Mas em casa. O caos. Destruição e temor. Olhou para o buraco. Nota mental de manter-se longe dali e apenas ficar observando. Neil ainda tinha o sorriso em seus lábios visivelmente se divertindo com a cena que rolava na sua frente. Os reais mortos se levantavam e se erguiam e clamavam e corriam e batiam e sangravam ou fingiam sangrar parar simplesmente negar o fado inevitável de uma morte não existente e não contemplável numa terra outrora fértil. O que ele tinha vindo fazer ali? Nada. Não sabia. Talvez nem quisesse saber.

De uma coisa sabia, certamente não seria um dos que lutaria ao lado dos honrosos - e pútridos - cavaleiros de Hilydrus.

Pra que?

Porque?

Caos.

Sentia-se tão em casa. Tão bem. Tão eufórico e feliz. Tão.. Quem ousara lhe tocar?

Virou-se com o puxão e olhou o ser à sua frente. Não tinha mostrado medo... Ainda. Neil não era um soldado. Não sabia lutar. Podia manejar armas, mas... Arriscar sua vida? Tsc, pra que? Sem necessidade. Vidas eram preciosas. Esmeraldas. Cristais. Safiras. Rubis. Vazio. Vidas. Somente vidas. Olhou para o homem. O sorriso insano no lábio mostrando total cara de suspeito em todos os sentidos. - Eu? Nada. Apenas dando uma volta. Sabe como é... Respirar bons ares e fazer novas amizades. - Sorriu debochado como sempre, mas não porque queria provocar o guarda e sim porque era Neil. Simples. Sempre. E ser Neil.... era simplesmente problemático.

@Yoda

Dachi pareceu um louco chegando ali. Claramente pelas expressões dos soldados ninguém o conhecia ou entendia o que ele queria dizer, mas se impressionaram com a lança que ele atirou contra a criatura. A arma voou em alta velocidade contra o demônio atravessando o ombro do mesmo e ficando cravada no local. Ao contrário de grande parte dos soldados o meio-dragão parecia não só entusiasmado como confiante com aquilo.

O demônio levantou a cabeça e ergueu os ombros rugindo em dor e raiva. Não era como se ele fosse apenas um animal. Parecia saber exatamente o que fazia, girou o corpo acertando um soldado com a calda e o lançando para longe, terminou a volta olhando para Dachi com ódio no olhar. Havia focado sua nova presa.

O soldados todos gritaram vendo o companheiro receber o golpe e pareceram furiosos. Sem pensar muito avançaram em direção ao inimigo tentando lhe cravar espadas e lanças. Não demorou muito para que outras armas voadoras fossem na direção da criatura, porém ela as defletia com facilidade.

Ninguém conseguia acertar um golpe direto na criatura, ela desviava ou utilizava seus longos braços para aparar os golpes sem dificuldade e com isso abria caminho. Começou a avançar na direção de Dachi. O que o rapaz viu foi uma cena um tanto quanto assustadora. Por alguma razão todos os soldados temiam ser acertados e deixavam o grande monstro passar.

Parecia que seu grito motivacional já havia perdido o efeito. Mas agora Dachi teria que se virar. Não que fosse um problema, bem ou mal, ele só era mais feio do que o meio dragão...

@Falon
O homem terminou de descer as escadas e se aproximou totalmente da cela na qual Dalai estava preso. Chegando mais perto as tochas que iluminavam o local foram o suficiente para revelar seu semblante, serio, com um ar de superioridade, algo comum para os humanos, mas que geralmente não diz respeito às suas capacidades. Motivo de risada para um demônio, mas aquele humano não parecia ser um qualquer.

-Você é diferente, interessante. Sabe, alguns de nós tem poderes capazes de ver sua verdadeira forma. -

O homem sorriu enquanto falava, tinha um ar serio na voz, irritante, mas pela quantia de autoridade que ele parecia esbanjar não era de se surpreender. Se Dalai entendesse qualquer coisa de hierarquia já teria percebido que ele era no mínimo importante. Vestia-se de azul e branco, cores do exercido de Hilydrus e usava apenas partes isoladas de armadura, luva metálica, protetores nos antebraços, ombreiras e grevas, mas nada que protegesse o busto. Em seu peito carregava quatro estrelas a cima do emblema da capital. No mínimo deveria ser alguém importante.

-Resolvi que você deve ser testado, mas estou com preguiça, então deu sorte, chamei uma amiga, mas fique tranquilo, ela é bem "pacifica."-

O tom de sarcasmo colocado na ultima palavra era tão forte que qualquer inculto, tolo ou burro impropriamente dizendo seria capaz de perceber. Ele não esperou uma resposta, pareceu apenas querer fazer uma entrada interessante, ver com o que estava lidando e sair. Virou-se de costas e subiu as escadas cruzando no caminho com alguém. Pelas sombras projetadas na parede o possuído pôde ver os dois humanos baterem continencia, o homem subiu e a outra desceu.

A mulher apareceu ali, andava devagar, vestia-se de forma totalmente diferente, de armaduras usava apenas as manoplas, seu busto era coberto por nada mais do que bandagens. Usava uma calça preta e trapos presos a cintura, o cabelos rosa chamava atenção. Estranho, mas não tão incomum quando o fato de uma mulher de aparência frágil fazer parte do exército. A garota estalou os dedos e as grades que prendiam o possuído pareceram se corroer instantaneamente libertando-o. Ao mesmo tempo, porém, grades surgiram fechando a escada, única entrada possível.

-O Vice-General me mandou conversar com você. Fale logo tudo que tem a dizer, caso contrario terei de fazer você falar.-

@Tibi
Yuroki tomou um leve susto com a aparição do homem que pulou da arvore girando ao seu redor em uma cambalhota aérea e pousando de frente para possuído. Ele sorria, parecia achar a situação toda engraçada, mas no fundo não era nada a se considerar relevante. O homem não era muito alto, um pouco a baixo da media talvez. Se vestia com as cores de Hilydrus, mas não parecia muito interessado em brigar. Tinha uma mascara preta que cobria apenas o canto esquerdo do rosto, parecia feita sob medida.

-Francamente, achei que você se lembraria de mim caçador de demônios...-

O homem realmente falava como se conhecesse Yuroki, mas nada vinha a mente desse. O mascarado deu os ombros em sinal de não se importar muito, talvez sua significância não tivesse sido tanta na vida dele, mas se dirigia ao possuído como já se tivessem se encontrado mais de uma vez. Depois de alguns segundos de silencio constrangedor o homem levou a mão ao rosto em sinal de auto-reprovação, como se estivesse se esquecendo de algo.

-A tolice a minha! Claro que não me reconhece, da ultima vez eu não usava essa mascara, digamos que me feri recentemente. Lembra da Hidra de múltiplas cabeças de Hirt? A bruxa. Eu sou o mago, Lucien.-

De fato aquele homem teve uma importância vital no confronto em Hirt, mas parecia muito diferente, andava diferente, falava diferente. Yuroki não havia o conhecido de maneira formal, porém já tinha visto seu poder em batalha, era extremamente útil, de fato era algo estranho ele não estar lutando. Mais esquisito ainda aquele carisma forçado, chegava a ser desnecessário e um tanto quanto desconfortante.

-Qual é seu nome completo mesmo? Não me recordo. A proposito, o que faz aqui? -

Era óbvio que o mago já sabia a resposta da última, tinha se referido a ele por um estranho titulo pouco tempo antes. Curioso, aquele humano parecia muito simpático, não era como quando estava brigando, até onde Winter poderia se lembrar o mago durante a batalha era quieto, calmo e cauteloso, extremamente diferente do que demonstrava durante um dialogo.

@Neil
O homem que abordava Neil não pareceu gostar nem um pouco da resposta. Seu olhar rabugento e ranzinza se intensificou ali. A voz pareceu ainda mais grave num tom de briga, mas o homem não demonstrava ser tão inteligente. Com um sobrancelha arqueada ele examinava o garoto de cima a baixo. Se encararam durante alguns segundos.

-Já estamos atolados de problemas, não seja mais um-

Aquele armário era o clássico gigante mantedor da paz nas cidades, todo lugar tinha um, Alguém não muito inteligente, com uma cara feia e brava para meter medo nos bagunceiros e causadores do caos. Tão irônico, mas o que é a vida daquele rapaz se não irônica. Neil se encaixava perfeitamente nessa categoria. Alguém mais louco e irritante de se manter sob controle era difícil de se encontrar. Foi como amor a primeira vista, ódio? Tanto faz, o que quer que fosse, foi aquele encontro entre extremos opostos que vão sempre se atrair em qualquer lugar.

-Vou ter que pedir que se retire ou farei isso a força. Prefere como?-

O homem engrossou ainda mais o tom de voz, era óbvio que se Neil tinha identificado aquele estereótipo no soldado o contrário também aconteceria. A final não era tão estranho que a primeira pessoa a perceber a presença do garoto fosse logo o alvo mais fácil para suas, como dizer? Provocação não é uma palavra que serve, não o suficiente. Que seja, era Neil, não precisava se dizer muito mais...

-Então?-

Apressou o garoto esticando o braço e apontando para qualquer direção oposta ao grande portal.

Problemas. Perguntou-se: O que era realmente o problema? Ele? Ou o buraco infestado de demônios que seguiam para todos os lados de forma incontrolável e insana; insana tal como Neil que estava ali parado com os olhos fixos e também insanos olhando para aquele homem; homem que simplesmente queria impor a ordem contra o caos; caos que simplesmente não deixava de existir que estava correndo o espaço-tempo em uma ação desenfreada enquanto perguntas e indagações ignoradas eram lançadas ao ar sem ao menos serem ouvidas.

Faltou-lhe o ar. Em breve daria adeus à ultima molécula. Na verdade, nunca a teve.

Ao mesmo tempo que o homem estendeu o braço apontando para o lado oposto do buraco que estava a metros na frente, Neil estendeu o seu braço na direção oposta ao do homem. Entenda, meu caro: Não existem regras, nunca existirão e nem devem existir. Limitadores não são permitidos e uma mente como a de Neil jamais seria reclusa de um sistema como esse. Jamais.

Quebrar. Destruir. Alucinar. Contra tudo e todos. Meta.

Correu. O sorriso no rosto ensandecido e logo em seguida as gargalhadas ecoavam pelo ambiente, mesmo que não pudessem ser ouvidas. Tinha certeza que o homem estaria no seu encalço, mas não se importa. Quando enfim chegou no terreno, sacou a espada de um dos corpos sem vida pelo chão... E como tinham muitos! De alguma forma seguia para o centro. O turbilhão.

O puro caos.

@Falon
A mulher esboçou um sorriso irônico ao mesmo que arqueou a sobrancelha. Parecia não entender o que Dalai falava ou simplesmente achar divertido. Ela fitou o possuído durante algum tempo mas pareceu desistir de dialogar quando trouxe a mão ao rosto num sinal de decepção. Um claro sentimento de desconforto pairava ali. A garota olhou para o lado batendo o pé no chão pensando no que fazer

-É serio isso? Que tipo de jogo idiota é esse?

O tom de voz da garota subiu, não seria difícil para um leigo perceber aquela mulher ficando nervosa ou tentando dar bronca no possuído, mais ainda quando uma estranha aura começou a envolver a mulher, algum estranho tipo de brilho azul circulava a garota.

-Eu diria que eu faço as perguntas aqui- ela estendeu o braço apontando para o rosto de Dalai - mas me pergunta exatamente as informações que vim extrair de você...-

A garota apertou os olhos em sinal de clara irritação, o monge não teve nem tempo de responder ou tentar explicar qualquer coisa, ela continuou o discurso ainda mais autoritária e com pressa do que antes. Deu um passo forte como se chutasse o chão se aproximando do possuído. Ficaram cara a cara, perto o suficiente para sentir a respiração um do outro.

-Você tem 5 segundos para responder qualquer uma das perguntas, e é bom que eu goste da resposta. Adicione essa a lista. Como consegue diferenciar eles dos outros demônios de Lodoss?

@Yoda
O movimento de Dachi fora genial, ele subiu sem hesitar, avançando diretamente contra a criatura o mago parecia ser o único louco ali corajoso o suficiente para confrontar um demônio daquele porte, mas isso não era novidade, ele já tinha se provado diferenciado ao ir até aquele local de boa vontade sem que lhe oferecessem algo nem um motivo real além da curiosidade.

Quase que de maneira artística utilizando magia com inteligência ele se aproximou mais do alvo e lhe enfiou uma estaca de pedra direto contra o peito. Teria sido um golpe limpo e perfeitamente bem sucedido, mas o meio dragão não contou com o fator velocidade.

Simultaneamente a um urro de dor da criatura ela girou o corpo ficando de costas para Dachi e tentando em vão um golpe com sua enorme calda. A principio pareceu sorte, mas o susto fez ele perder toda a estabilidade. Aos olhos do meio dragão, o que na verdade demorou questão de centésimos pareceu uma eternidade e ele pode ver claramente o demônio continuar o giro  do corpo e acertá-lo ainda no ar com a parte de trás do ante braço. Dessa vez pegando em cheio.

Dachi foi lançado metros de distancia e conseguiu cair sobre seu ombro, rolando rápido o suficiente para ver o demônio disparando de novo em sua direção, dessa vez em uma velocidade muito maior do que antes e trazia o braço para trás ameaçando um soco. O meio demônio não conseguiu nem tempo para pensar, mas foi salvo por seus reflexos, moveu a cabeça para o lado apenas o suficiente para sair ileso mas ainda sentir o vento cortante do golpe em seu rosto e percebeu que a situação tinha muito a piorar.

(Yoda, perdeu 8% de HP e -14% de MP. Está sentindo o ombro direito por ter caído em cima dele, o demônio está sobre você. )

@Tibi
O mago sorriu antes mesmo de Yuroki terminar de falar. Não é todo dia que se vê um demônio caçando outros. Não que o possuído fosse um demônio, mas tendo uma forte ligação com um, mesmo que involuntária, deveria fazer alguém pensar duas vezes. Era estranho e ao mesmo tempo intrigante. O caçador de demônios tinha sede por sangue, porém parecia procurar mais respostas do que qualquer coisa.

-Intrigante, deveras. Posso te dizer que acho muito mais curioso o fato de você não se preocupar em morrer?-

O homem riu e cruzou os braços a frente do corpo. Se virou de costas e deu um longo suspiro pensando no que dizer. De fato, qualquer um poderia entender que aquela era uma situação delicada. A população não estava bem informada e o que levava alguns poucos loucos até lá parecia ser apenas rumores, esse que vinham a se provar reais, mas para aquele que não foram se fazer presentes no local da cratera eram só rumores.

-E se eu te disse que nem eu sei?- O homem se virou para o possuído novamente descruzando os braços e dando os ombros. -A principio a única coisa que sabemos e que estamos na merda. Guerreiros viram a noite lutando e morrendo, magos se revezando para criar uma barreira interdimensional, assim apenas demônios mais fracos conseguem passar. É um verdadeiro inferno.-

O homem se calou durante um momento e começou andar, assentiu com a mão para que o caçador de demônios o seguisse. Foram caminhando lado a lado onde puderam ver perfeitamente a cena, não era uma guerra, mas parecia o começo de uma. Poucos humanos se feriam, apesar dos muitos já mortos. Alguns demônios ainda lutavam, eram aniquilados cada vez mais rápido e com mais facilidade, porém as criaturas não paravam de sair do chão.

-Algo mais que queria saber? Um favor ou algo do tipo? Faça o seguinte, entre para a barraca grande e diga ao general que eu te selecionei, mais nada.-

Yuroki nem percebeu como havia se distraído olhando toda aquela cena. Já estavam próximos ao grande acampamento, em frente a enorme barraca que parecia ser a do general.

@Neil
O garoto se lançou correndo, ele era ágil, não muito rápido, mas de alguma forma sorrateiro e tinha uma capacidade incrível de se esconder com a qual poderia contar. Neil poderia rir a vontade no seu interior, ou até mesmo no exterior da expressão de ódio esboçada pelo soldado quando ele fez questão de apontar para o outro lado e violar alguma ordem pelo simples prazer e idiotice de fazê-la.

Mas ele disparou rápido, cedo demais para ter a chance de ver qualquer outra reação daquele homem ou ser pego. Ele simplesmente fez o que fazia melhor, se meteu no meio da confusão. Agarrou uma espada e esperou o que viria a seguir. Infelizmente o ataque não veio de onde esperava, não havia um soldado louco perseguindo ele com o intuito de, falando informalmente, descer a porrada.

O que aconteceu foi óbvio, tão óbvio que uma mente perturbada não conseguia prever. Neil sentiu algo rasgar seu ombro e lhe arrancar a pele deixando carne viva no local. O calor de seu sangue esquentava seu corpo conforme escorria e o garoto foi forçado a se virar. Não era o maior demônio do mundo, tinha mais ou menos a altura de Neil, porém uma aparência horrenda. Parecia mais um zumbi. Era magro a ponto de sua caixa torácica se mostrar totalmente visível e ser duas vezes maior do que região musculosa onde deveria ficar sua barriga. as pernas e braços tão finos que pareciam ter a espessura de meio osso. Na mãos as garras que usou para destroçar o ombro do rapaz estava levantadas. Uma estranha fileira de osso se alinhava na coluna do demônio e seus olhos eram apenas duas esferas vermelhas como se todas as veias tivessem estourado e transbordado sangue.

-Deixem ele se virar!-

Uma ordem veio de trás e os soldados todos se afastaram de Neil formando quase que um circulo perfeito ao seu redor e estendendo as lanças num primeiro momento para o garoto e seu novo oponente. Era óbvio que a voz era a do homem que lhe censurava segundos antes e agora ele aproveitava essa chance para ver o garoto sofrer. Agora o tão esperto Blaze deveria se virar com uma área não muito maior do que 10 metros quadrados. Seria difícil fugir dali. Alguns soldados saíram rapidamente daquela formação para voltar a combater os invasores.

[É rapaz, toma ai 10% de dano, ta com uma espada e os soldados te cercando, hora de mostrar seu potencial...]

Lembrou-se de um tempo passado, onde corria para o mesmo caos. Lembrou-se da dor e diferentemente daquele momento, lembrou-se do medo. Naquelas terras, depois de tudo que tinha passado e renascido como o ser corrompido que era, ele não sentia mais medo. Medo era uma coisa inexistente. Os outros lhe diziam que era covarde, mas somente ele sabia que não era por causa do medo. Uma frase dita por Baltazar exemplificava isso: "Não faz sentido entrar em uma luta em que você tem grandes chances de perder". A matemática era absoluta e sem nada mais pra se prender, ele se agarrou firmemente nisso... Ao racional. E abraçando o racional, tornou-se o próprio paradoxo, tornou-se o erro e o acerto. O tudo e o nada. Mais o nada do que o tudo. Seguiu fundo, mas quão fundo é o próprio fundo? Infinito.

O tudo e o nada. Mais o nada do que o tudo. Seguiu fundo, mas quão fundo é o próprio fundo? Infinito. O sangue ao chão despertou Neil, que imenso no próprio caos de sua mente. O vórtex mais perigoso. Ao seu redor, soldados dividiam olhares entre ele e o monstro na sua frente. Sim, o monstro que tinha lhe ferido. Analisou seu oponente e segurou a espada com mais força. Caixa torácica grande e visível. Braços e pernas finos, região musculosa quase inexistente. Estranha protuberância óssea na coluna. Quais as chances? Neil já estava ferido e ao que parecia, o ser era mais rápido, só que algo intrigava Neil: todos tem uma carta na manga.  Mesmo a criatura mais fraca, tem algo a seu favor.

A matemática era absoluta e sem nada mais pra se prender, ele se agarrou firmemente nisso... Ao racional. E abraçando o racional, tornou-se o próprio paradoxo, tornou-se o erro e o acerto. Mais de cinquenta por cento. Talvez cinquenta e cinco. Endireitou o tronco mesmo com dor e movimentou a espada de um lado para o outro. Andou com o cavalo. No primeiro movimento do demônio, rolaria para o lado emendando um corta na perna esquerda, visando debilitar sua movimentação e diminuir sua velocidade. Avançou o peão, recuou o Rei.  Em seguida, observou o corpo do monstro novamente enquanto se afastava rapidamente. Passou a vez e tinha em mente avançar a Rainha colocando o jogo em Xeque. Esperaria o próximo ataque do monstro e tentaria esquivar novamente, mas para dessa vez acertar a caixa torácica.

Os outros lhe diziam que era covarde, mas somente ele sabia que não era por causa do medo. Uma frase dita por Baltazar exemplificava isso: "Não faz sentido entrar em uma luta em que você tem grandes chances de perder".  As chances talvez aumentassem ou diminuíssem, mas mesmo que pena a probabilidade de vencer ainda se matinha fiel. Os olhos vermelhos de Neil, também vermelhos fitavam seu semelhante com um sorriso incandescente no rosto. Ande. Venha. Participe. Retorne. Se Arrependa. Batize. Pulverize.

Lembrou-se de um tempo passado, onde corria para o mesmo caos. Lembrou-se da dor e diferentemente daquele momento, lembrou-se do medo. Naquelas terras, depois de tudo que tinha passado e renascido como o ser corrompido que era, ele não sentia mais medo. Medo era uma coisa inexistente.

Naquelas terras, depois de tudo que tinha passado e renascido como o ser corrompido que era, ele não sentia mais medo. Medo era uma coisa inexistente.

Medo era uma coisa inexistente.