[Ficha] - Thanathus "Bones" Varsok

   Thanathus Varsok, como era conhecido em vida, foi o filho único de um casal de camponeses de uma pequena vila no meio do nada, isolada de toda a fauna e flora exotica ou mesmo das magias, vivendo uma vida tranquila e pacifica.

   Desde pequeno, o garoto mostrava um certo interesse sobre algo mal visto pelo restante dos moradores: tinha um interesse na morte. Não na morte em si, mas no que estava por tras dela, o que acontecia após ela e coisas parecidas, as vezes alguns dizendo que o pequeno garoto poderia estar sob más influencias.

   Assustados e supersticiosos, seu pai procurou ajuda com um velho conhecido, um curandeiro viajante amigo de longa data, que de tempos em tempos passava pela aldeia, se hospedando na casa da família varsok. O curandeiro ficou intrigado com o garoto e fez alguns "testes" com ele e ao final, disse ao pai de Thanathus que não se preocupasse, pois era normal algumas daquelas coisas.

   Mas a verdade era outra. O curandeiro havia descoberto em Thanathus uma aptidão magica incomum, uma ligação com o elemento das trevas, mas decidiu guardar esse segredo apenas entre Thanathus e ele, ajudando o jovem a trilhar esse caminho, uma vez que na verdade ele, o clerigo, era um necromante, que viajava disfarçadamente como curandeiro uma vez que conhecia bastante sobre anatomia e ervas.

   Conforme os anos foram passando, a visita daquele amigo da família se tornou constante de tempos em tempos, sempre trazendo consido livros para Thanathus, sobre historias de herois e lugres distantes. Mas aquela era apenas uma forma de esconder o verdadeiro ensinamento, uma vez que eles haviam combinado um codigo, dessa forma instruindo o aprendiz no caminho da necromancia em segredo.

   Quando ja tinha 14 anos, o pai de Thanathus decidiu ir até uma cidade próxima para levar algumas mercadorias para negociar, como fazia de constume a cada 6 meses. Dias se passaram e nem sinal do retorno de seu pai. Foi então que Thanathus se aproximou de sua mae e lhe disse de forma bem triste que seu pai não voltaria mais. Sua mãe ficou assustada e realmente pensou que havia acontecido algo, mas sempre rezava pelo melhor.

   Dois dias mais tarde, um viajante perdido encontrou a aldeia e disse que haviam encontrado na estrada um comerciante morto. A descrição batia com a do pai de Thanathus. Sua mãe chocada logo quis saber como o garoto sabia daquilo e ele respondeu que havia visto o pai naquela noite e contado o que aconteceu.

   A relação entre eles acabou se tornando um pouco distante, principalmente devido à superstição de sua mãe. Thanathus fazia o que podia para ajudar a casa, logo assumindo as responsabilidades deixadas por seu pai, mas mesmo assim dando continuidade aos estudos da necromancia. Os anos foram passando e tal responsabilidade logo atraiu os olhares de uma garota da aldeia, que havia crescido junto dele e se tranformou numa bela jovem.

   Em segredo, os dois começaram a namorar e pouco tempo depois acabaram sendo descobertos, mas em vez de haver uma briga, o fato foi bem visto por todos e comemorado, logo haveria um casamento e a aldeia almentaria de tamanho em mais uma casa.

   O casamento foi no final da primavera, em uma noite de lua cheia, com um banquete que não se via a anos na aldeia. Entretanto aquele paraiso não durou muito, pois poucas semanas depois de casados, sua então esposa contraiu uma doença misteriosa, que nenhum remedio conseguia curar. Thanathus em desespero logo começou a recorrer aos conhecimentos que tinha sobre necromancia mas ainda eram poucos comparados com aquele mal. Ele precisava de seu mentor.

   Por uma obra do destino, seu mentor não demorou muitos dias para vir e logo adiantou que meios normais não poderiam salvar sua esposa, que Thanathus deveria fazer um ritual muito elaborado para que conseguisse obter poder necessario para salva-la. Cegado pelo amor, concordou. Tão logo começou os preparativos, seu mentor partiu em uma pequena jornada para buscar alguns ingredientes, enquanto Thanathus tentava controlar a situação, uma vez que aquela doença havia começado a se espalhar para outros moradores.

   O retorno foi no inicio do inverno, em uma noite sem Lua, numa caverna onde Thanathus havia conseguido durante anos transforma-la em seu refugio secreto. Houveram todos os preparativos e foi feita uma poção, dada para Thanathus beber. Sem exitar ele bebeu, pensando em quão proximo estava de salvar sua esposa. Mas então ele não começou a se sentir bem, estranhos calafrios começaram a percorer seu corpo e seus movimentos ficando mais e mais lentos.

   Sua visão foi ficando mais turva e ja não conseguia mais ouvir quase nada, mas pode perceber que seu mentor dizia algumas palavras enquanto o colocava deitado sobre uma especie de altar. Com um frio intenso, como jamais havia sentido antes, Thanathus morreu. Ja não mais podia sentir nada, seus pensamentos se tornaram mais e mais distantes, como se a cada momento ele fosse desaparecendo. Escuridão. Vazio.

   Sua esposa. A visão de sua esposa o fez ir ganhando forças aos poucos, recobrando o pensamento, lutando contra aquela escuridão, lutando para simplesmente existir. Aos poucos uma pequena e distante luz começou a surgir, aumentando gradativamente, se tornando mais e mais ofuscante, ao ponto de finalmente começar a despertar, como se tivesse nascido novamente.

   Ja não se lembrava de nada, nem de quem era ou do que havia acontecido antes daquele momento, simplesmente se viu encima de um altar, imovel, sem conseguir sentir direito seu proprio corpo. Foi então que percebeu algo assustador, ele nem estava respirando ou seu coração batendo. Algo havia acontecido.

   Com um esforço sobre-humano de sua vontade e muita determinação, aos poucos Thanathus foi conseguindo gradativamente ganhar mais e mais movimentos, quase tendo que se mover magicamente pois seu corpo não mais respondia da mesma forma como antes. Quando finalmente conseguiu erguer sua mão, tudo ficou claro. Ele havia sido transformado em um esqueleto.

   Não sabe dizer ao certo quanto tempo demorou para conseguir se levantar do altar, mas sabe que foi bastante e com dificuldade dava os primeiros passos na caverna, ja tentando pronunciar algumas palavras, embora nem ar respirasse. Olhando ao redor, viu que estava em uma caverna velha, abandonada a anos e em um canto havia um recado dizendo "se um dia despertar, leia o que deixei para você". Haviam alguns livros e varios papeis com anotações.

   Após estuda-los por um tempo, entendeu que alguem havia tentado transforma-lo em um morto vivo poderoso, mas em algum ponto havia falhado, seja pelos ingredientes ou seja algum fator desconhecido, levando ao apodrecimento de sua carne, restando apenas os ossos. Não havia uma explicação do por que daquilo ou muito menos de quem ele era antes de ser transformado, tudo que sabia é que sentia um forte sentimento de ligação com um cajado ao lado de onde estava seu corpo no altar.

   Pegando um velho manto, o cajado em forma de foice ornamentada e uma sacola com alguns poucos pertences e moedas que haviam sido deixadas junto a um livro com informações uteis sobre necromancia, Thanathus decidiu sair da caverna e buscar por mais conhecimento, sobre si mesmo e sobre tudo ao redor, sentia uma necessidade de aprender mais, de estudar sobre o que realmente era a morte e todo o seu caminho, uma necessidade de conhecer tudo pois um dia tudo deixaria de existir e ele queria ver como e quando isso acontecerá...