[Ficha] Monello

Foi em uma noite chuvosa do verão em que uma mulher claramente desesperada bateu na porta de uma casa. Quando o dono, um homem de idade razoavelmente já avançada a atendeu, a afoita não mais se encontrava. A primeiro momento, imaginou que tudo era apenas um trote, mas o resultado da mulher fora alcançado. Logo à frente da porta, uma pequena cesta de palha amortecida com palha seca carregava um objeto oval de cor avermelhada. Sua superfície era irregular, porém o Velho sábia o que eu era. Nunca iria revelar, mas um momento ponderou o homem se podia aceitar tal responsabilidade. Por fim trouxe para dentro de casa o objeto.
Em menos de um mês nasceu. Nascera pequeno como deveria, porém, suas características notáveis já eram muito acentuadas. O pequeno rabo e asas pareciam fantasias sobre o corpo do bebê, junto dos chifres. Uma vez que nasceu, rapidamente classificou o homem como seu pai.
A casa era grande, e o homem importante. Tratava-se de um Diplomata conhecido no reino, que por causa disso muito viajava. Ficando sozinho em casa, como com o homem sozinho morava, acabava o garoto por aproveitar os dias sozinhos com travessuras com a própria mobília, a única companhia. O homem fora quem lhe dera seu nome, e também quem lhe dera o apelido de “Monello” por culpa de suas façanhas, comicamente aceito e adorado pelo garoto.
Até os seus nove anos de idade, não havia uma vez só saído da casa. O Diplomata acreditava que a vizinhança poderia não reagir muito bem a ele: Tendo assim toda a insistência de Monello falhado, encontrou-se decidido por fugir de casa, uma decisão arriscada, porém, em suas faculdades, de extrema necessidade. O fez no dia em que o pai fora viajar a trabalho, como era o comum. Deu assim muita dor de cabeça para o homem uma vez que voltasse, mas novamente o faria caso fosse necessário.
A primeira interação uma vez em liberdade fora com um pequeno grupo de crianças humanas que brincavam com galhos no momento de sua saída. Aproximou-se entusiasmado, porém fora recebido com surpresa. Suas características dracônias não eram, aparentemente, muito comuns: totalmente novas para os garotos, na verdade. Isso não impedira que conversassem: O que literalmente bloqueou a conversa fora a muralha de adultos que apareceram repentinamente, brotando do chão como animais protegendo dia prole.
Mesmo após os interrogatórios, não acreditaram os adultos que o garoto morava na casa que dizia. Pelo que era de conhecimento público, morava naquela casa o famoso Diplomata, e o Diplomata famoso apenas. Tudo depois seria explicado pelo homem ao retornar de sua viagem. Falaria que cuidava do garoto para a sua prima, cuja existência nunca afora provada: uma mentira aceita pela população.
O garoto continuou a sex excluído por suas características peculiares do relacionamento com a maior parte da comunidade adulta. Serenamente não se importava com isso: apenas aproveitava a liberdade que agora tinha, junto da curiosidade que as outras crianças para com ele, para fazer amizades e dar risadas.
Fora no dia imediatamente depois do Diplomata explicar a existência de Monello que este fora abordado pelo mesmo grupo de garotos que outrora o encontraram. Estavam eles livres e autorizados pelos pais, ainda que sempre vigiados. Traziam estes uma decorosa proposta: algo completamente novo e emocionante. Convidavam-no para a primeira brincadeira de cavaleiro verdadeiramente completa. Aceitara na hora, com um sorriso honesto de quem não entende a pergunta.
Após concordar, não houve um grande lapso de tempo até lhe ser explicada a brincadeira. Simples, encenava a caça de terríveis dragões por ambiciosos cavaleiros, a procuras de riquezas, amores, e as mais diversas e curiosas realizações. Era a brincadeira predileta do grupo desde sempre, caçar invisíveis ameaças por diversão, mas agora estaria completa. Para propósitos de inauguração, seria Monello o representante concreto do dragão. Fora a mais divertida e duradoura aventura de sua vida até então! No fim dia, ao finalmente serem separados pelos pais, os garotos combinaram novamente brincar amanhã.
Nas brincadeiras que se seguiram depois desta não acabou como cavaleiro uma só vez: “A graça da brincadeira”, de acordo com os garotos “é que temos um dragão agora!”
Mesmo que reconhecesse o fato de inicialmente apenas ser procurado pelo interesse do grupo, aceitava a exploração: era divertido, no final das contas. Principalmente pelo fato da brincadeira não ser exatamente injusta: muito mais forte Monelloera, por algum motivo, que o grupo de garotos com gravetos: Emocionantes combates divertidamente justos.
Os encontros continuaram diários e, em pouco tempo, já conhecia perfeitamente a todos, e já os classificava como amigos. As brincadeiras variavam, mas a mais recorrente com o passar dos anos sempre fora a de cavaleiros, sobrepujando o pega-pega e o esconde-esconde em muito. Era, de fato, a mais divertida por ser a mais maleável: sempre novas histórias, sempre novos finais.
Durante uma brincadeira, acabou por se colocar em uma situação inusitada. Sobre um galho de uma árvore era encurralado, tendo garotos ameaçando-o com gravetos do chão e escalando a árvore. Em um movimento instintivo, caiu do galho de asas abertas. Ao bate-las, decolou antes de alcanças o chão! A surpresa fora grande para todos, até para ele que, estupefato, acabou por acertar outra árvore e quebrar o nariz.
Alguns anos depois, desenvolveu uma habilidade incrivelmente invejada pelos outros garotos, mas profundamente indesejada pelos pais. Durante a brincadeira, acabou cercado pelos gravetos que, a essa idade, já empunhavam espadas esculpidas por ele próprios em galhos. Contra a parede, inspirou profundamente e expirou fogo, quase incinerando as armas dos companheiros. Não fora nada grande, muito pelo contrário: uma pequena e fraca labareda. Porém, ao ser algo “incrivelmente legal”, tornou-se algo cada vez mais recorrente nas brincadeiras, aperfeiçoando-se com o tempo junto do voo para formar um melhor dragão para ainda mais realistas histórias.
As brincadeiras ficavam mais emocionantes: sem outras preocupações, brincadeiras duravam dias inteiros, e até acampamentos na selva perto da vila, ao explorar novos mundos e procurar tesouros na areia. Tais colegas de aventuras, porém, iam um a um sumindo. Alguns precisaram arranjar empregos, outros mudaram-se. Viu-se, em seu aniversário de quinze anos, finalmente sozinho.
Seus dias eram então gastos com a mais pura vagabundagem até que, ao perceber isso, resolveu o Diplomata concertar. De um baú antigo, retirou um artefato curioso, e dedicou todo seu tempo disponível para ensinar o garoto a maneja-lo. Aprendera rápido a arte da Jâmbia, incorporando-a às suas habilidades únicas, mas ao mesmo tempo que o aproximava do homem, o afastava das antigas lembranças de amizades.
Um dia, porém, o Diplomata decidiu que era o dia de contar ao garoto toda a sua história. A conversa, concretizada em forma de monólogo, durou todo o dia. Ao anoitecer, Monello havia absorvido todo o conhecimento, porém  mantinha-se em sua crença inabalável de ter o Diplomata como pai. Mostrava-se realizado o homem, sob lágrimas. Dormiram felizes aquela noite.
No amanhecer do próximo dia, o Diplomata não mais se encontrava em casa. Por suas pesquisas, acabou por descobrir que o paradeiro do homem que procurava não era conhecido: havia de fato sumido. Decide, assim, ele mesmo ir pelo homem que não conhecia o nome procurar. Abandona então a casa, e deixa a comunidade calado durante a manhã. Não que fossem sentir falta dele, na verdade.