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Mensagem por NR Sérpico Qua Nov 25, 2015 11:42 pm

Relembrando a primeira mensagem :


BALLTIER
PV: 100%
PE: 100%
Itens:
Detalhes:


BONES
PV: ?%
PE: ?%
Itens:
Detalhes:


HO
PV: 100%
PE: 100%
Itens:
Detalhes:


SEAN
PV: ?%
PE: ?%
Itens:
Detalhes:


SOLLRAC
PV: 100%
PE: 100%
Itens:
Detalhes:


Recuperação de energia
Funciona assim: após um tempo de descanso, o personagem recupera certa quantia de energia + o seu valor em Vigor. Então, segundo a tabela logo aí abaixo, se eu descanso por 1 hora e tenho Vigor 4, recupero 54% de energia. Essa é uma recuperação passiva, mas exige descanso, que é exatamente ficar parado, recuperando o fôlego, tirando uma soneca. Se o personagem está cavalgando, por exemplo, então ele não está descansando e não se recupera.
1 minuto: 5%
5 minutos: 10%
20 minutos: 25%
1 hora: 50%
5 horas: 100%

Recuperação de vida
Recuperação espontânea sem necessidade de descanso. Referente à dano físico, no corpo.
1 minuto: Inconsciência
5 minutos: 25%
20 minutos: 50%
1 hora: 100%
5 horas: Ressurreição


Última edição por NR Sérpico em Seg maio 08, 2017 1:18 pm, editado 50 vez(es) (Motivo da edição : ue atua de forma clandestina no submundo)
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[Comum] Considere-se morto - Página 4 Empty Re: [Comum] Considere-se morto

Mensagem por NR Sérpico Sáb Ago 27, 2016 3:19 pm

29. Mortos sonham que estão mortos?

Esse foi um momento nebuloso na história. Eu fui meio que afastado, por não prever o movimento ousado da bruxa velha através do menino Balltier. Não que eu a temesse, ela não é mais ameaça para mim do que Lyra, mas era bom ficar inativo por um tempo. De modo que não peguei muito o que aconteceu a seguir. Claro, depois tive acesso a essas informações através, principalmente, de Ho. Mas alguns detalhes são questionáveis.

Foi assim:

***


O corredor tremeu, ruindo. Todos foram soterrados, o sonho quebrado. E aí acordaram.

***

Balltier de volta à liteira da Vigilante dos Portais. Não havia olho algum em sua mão. Bom.

A velha deu sugestões grosseiras de que, do nada, sabia tudo que o homúnculo sabia:

Isso foi interessante — ela disse. —, esse sonho compartilhado. Mas vamos falar do que realmente interessa: como planeja pegar o tal ouro? Planeja usar os Veitie a seu favor?

***

Quando Ho acordou, escutou alguém falando:

— Vou ver o que foi aquilo, Jack.

— Vai lá — era a voz de Jack, mais ou menos perto de Ho.

Numa espiada ligeira, o meio orc se viu na entrada de uma caverna. Estava deitado de lado com os pulsos amarrados pra trás. Não muito longe de si percebeu a mochila que Sollrac carregava, toda queimada. Aurélio também estava ali, desacordado, recostado, provavelmente com as mãos igualmente atadas atrás do corpo.

Também no chão tinha o chapéu queimado do Bones, um livro queimado do Aurélio e papéis um tanto quanto queimados, papeis entregues por Mic — as plantas do subterrâneo da Velha Carcosa e o mapa daquela região.

Se Ho olhasse para fora da caverna, veria Jack na entrada olhando numa direção qualquer, acompanhando os passos de alguém indo para o norte. E veria, mais à nordeste, no fundo do cenário, uma cidade sombria, com neblina pairando somente ao redor dela.

Ho não se lembrava com certeza se era dia ou noite quando fora desmaiado. Mas no momento raios tímidos de alguns luminares celestes começavam a clarear o submundo.

***

Quando Sean acordou viu um olho piscando acima de sua cabeça. O olho se afastou, um pouco assustado.

Sean sentia uma dor aguda no peito. E sentia sede. Sabia que a sede era coisa de sua mente, como dissera o juiz Russelo. Mas então sua mente deveria estar louca pois sentia que se não bebesse nada definharia em instantes.

— Bebe aqui — disse o olho, que Sean aos poucos identificou como um ser pequeno, com 1 metro e meio de altura e um único olho na cara vermelha. Havia escamas vermelhas visíveis no pescoço e nos braços do sujeito. Ele usava uma regata velha e uma calça curta apertada, algo provavelmente feito para uma criança.

Ele oferecia um odre de alguma coisa. Cheirava igual àquela bebida que Sean provou no salão de Targo, mil vidas atrás.

Sean enxergava o coiso por causa dos dois archotes acesos no laboratório... julgou ser um laboratório. Tinha muitas coisas esquisitas ali, frascos, aparatos, serpentes translúcidas suspensas transportando líquidos escuros e claros. Mesas apinhadas de papeis. Havia um cheiro de enxofre no ar e uma fornalha num canto, com pinças, martelos.

Sean sentia a roupa recém ganha meio úmida. No lusco fusco, diria que tinha sangue na região do peito, ao redor do rombo na camisa... mas tinha alguma outra coisa também.

Diferente do sonho, seu peito estava ali, no lugar, sem buracos. Mas a pele — num espaço circular do tamanho de um palmo — estava meio rosada, como se Sean tivesse coçado muito ali.

— Pensei que era um dos demônios. Desculpa, menino. — a voz do ciclope miniatura era fina como a de uma criança.

Sean estava deitado no chão de pedra, muito parecido com o chão do corredor onde levitava, instantes atrás. Instantes atrás? Não dava para saber ao certo. Olhando ao redor, Sean viu a porta fechada. Atrás da porta tinha um mecanismo complexo que conectava a maçaneta à um arpão em riste. O arpão, à luz dos archotes, parecia com a ponta molhada de vermelho.

— Mas não se preocupe, reconstrui você... E acho que sei quem você é. Sim — ele apurou o único olho na direção de Sean —, agora que está acordado... sim... sonhei com você! É você que veio enfrentar o guardião, não é?

As coisas iam tão rápido que talvez fosse bom Sean dar um gole mesmo.

***

Bones e Sollrac acordaram e se deram conta que estavam no lombo de alguma montaria peluda e comprida. Estavam com as mãos amarradas atrás do corpo.

Bones se sentia cansado, como alguém que dormiu demais e ainda assim deseja dormir por mais algumas horas.

Sollrac tinha a mesma sensação do sonho de ainda agora, como se a pele tivesse absorvido calor demais muito recentemente. Mas não se sentia necessariamente ruim. Na verdade, se sentia... mais capaz. Seu coração batia forte.

Uma espiada ligeira revelaria que eles estavam sendo escoltados por um grupo de encapuzados. Um exercício de memória revelaria que esse grupo era o mesmo que os emboscaram no vale há... bom, não dava pra saber há quanto tempo. Não se lembravam se era dia quando foram rendidos. Mas agora o céu clareava aos poucos.

E estavam indo na direção de uma cidade esquisita, toda cheia de neblina.

Ninguém percebeu que eles despertaram.

A montaria era uma espécie de hiena tamanho família, e só carregava os dois. Um dos encapuzados puxava o bicho pelas rédeas.

— O dragão vai ser um problema? — um dos encapuzados perguntou. — Estamos sem o Santo agora.

— É só não mexer com o dragão que ele não mexe com a agente — garantiu outra pessoa do bando.

Então pararam. Tinham chegado ao portão da cidade.

— Vocês estão em Carcosa, agora — anunciou uma voz hostil, além do portão. Não era possível ver quem falara.

— Não haja como se não se lembrasse de nós — disse alguém do bando. O que deveria ser o líder. — Trouxemos o tributo, um meio dragão e um ghoul. Agora nos deixe entrar.

Alguém uma vez perguntou qual era a moeda do submundo e a resposta foi que não existia moeda.

As coisas eram feitas na base do escambo...

EXPERIÊNCIA:

Spoiler:
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Mensagem por Kaede Seg Ago 29, 2016 10:32 am

Outrora em uma luta com ladrões do deserto, onde o chão começou a ceder, depois em uma cela com meus companheiros e um desconhecido dizendo ser um tipo de sonho compartilhado e que ele era a consciência de grupo...

_Foi bem estranho..._ Eu pensei.

Por um lado foi bom ver que todos estavam bem, ao menos não sei se isso foi um delírio meu, ou se foi realidade. Horas atrás até a voz de Melanie conversando comigo eu escutei e...
Balancei a cabeça negativamente e percebi que tinha despertado. Estava com as mãos amarradas e preso junto de Bones e sendo levado em um bicho peludo, que galopava de forma estranha. Devo ter despertado por causa do balaço que ele fazia enquanto galopava...
Não demorou muito e percebi que um grupo de encapuzados estava fazendo escolta. Seriam eles, aqueles caras que atacaram o grupo antes?

_Bah..._ Pensei outra vez, agora decidi ficar quieto por enquanto e somente observar o aonde isso iria dar, mas eu não iria ficar de mãos atadas. De maneira bem delicada tentei manipular minha habilidade de lançar fogo pelas mãos para aquecer e queimar somente a corda e por enquanto deixar os caras da escolta fazerem o jogo deles.
Algum tempo depois, escutei um deles perguntar se o dragão seria problema. Gargalhei mentalmente e mentalmente respondi.

_Idiota! Todo dragão é um problema! _

E só depois lembrei que no inicio da busca pelo tal trianguli, o grupo enfrentou um dragão... e putz, não seria legal topar com um dragão novamente.
Quando percebi já estávamos próximos de um portão e alguém anunciou que estávamos em Carcosa.

_Não haja como se não se lembrasse de nós _ disse alguém do bando. O que deveria ser o líder.

_Trouxemos o tributo, um meio dragão e um ghoul. Agora nos deixe entrar._

_Então era isso? Eu e Bones estávamos para ser tributos para sabe-se lá o que?! Não mesmo! Então eles acham que sou um meio dragão? Se um dragão é um problema, um meio dragão é metade de um problema, e eles terão que enfrentar!_ Pensei novamente, mas não queria prejudicar Bones e nem sabia o que se passava em sua mente.

Caso Bones não tivesse desperto e a manipulação do fogo tivesse queimado as cordas que prendíamos, iria discretamente o cutucar para ver a sua reação, caso contrario iria esperar mais um pouco para ver onde isso iria dar, pois eles falaram em um dragão.
Se Carcosa for território de algum dragão...bem um problema e meio eles iriam ter...

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Mensagem por Hummingbird Seg Ago 29, 2016 10:01 pm

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De repente acordei, cheio de perguntas sem resposta. Diferente das outras vezes, minha cabeça não doeu desta vez, senti só uma sensação engraçada como se aquele vazio antes no meu peito por onde passava vento, estivesse agora preenchido por algo. Senti uma coceira engraçada naquela região, mas eu me contive. Na verdade, simplesmente me distraí voltando a olhar pro lugar em que estava.

— Que? — Indaguei, intrigado. Estava de volta na sala, aquela que parecia ser o tal laboratório onde eu ia entrar.

Ouvi as palavras do anão-vermelho-de-um-olho-só enquanto coçava um pouco a cabeça, esforçando-me para entender o quê diabos estava acontecendo. Meus cabelos ainda estavam ali, mesmo que na falta de alguns, mas estavam ali. Suspirei, deixando um riso aliviado escapar. Lembrança das aventuras ao lado de Cyrus, o dragão.

— Então... Eu me chamo Sean! Coff.. — Senti a garganta seca. Senti sede, tanta sede que eu posso jurar que se não aceitasse aquela bebida oferecida pelo tal anão, eu acabaria morrendo engasgado com a própria sede. Sem hesitar aceitei. O cheiro era forte e o gosto parecia lembrar-me de uma outra vida, aquela vivida com o grande Ho, o amigo Blues, o encrenqueiro Neil e o mascarado Gregar. Havia mais alguém naquela aventura? Não me lembro, mas o gosto era de nostalgia. E depois de beber o suficiente, sorri.

— Obrigado...err...como é mesmo seu nome? — Perguntei, ainda saboreando o frescor na garganta. Meus olhos saltaram por todo ambiente, analisando melhor o local e reparando que sim, aquilo era mesmo um laboratório. Instintivamente procurei pelo tal Silício, não que realmente fosse uma estratégia pensada. Na verdade era mais uma coisa que estava gravada na minha cabeça sabe? Fui dormir pensando nisso e acordei agora, como de surpresa, com isso gravado. E foi ainda nessa procura que avistei o tal arpão com um líquido vermelho na ponta. Senti um arrepio, percorreu meu corpo até o tal buraco que antes havia em meu peito. Minha mão livre deslizou por dentro da roupa, passando por ali como que pra ter certeza do que foi que aconteceu. Concluí então que foi aquilo que me atingiu?

— Se você sabe quem eu sou, sabe que estou aqui atrás do tal Silício não é amiguinho? — Meus olhos voltaram a fitar o anão-vermelho, buscando por contato ocular direto em seu único olho. Eu não tinha motivos pra guardar raiva de qualquer coisa, afinal, se ele me ajudou então não fez por mal naquilo do arpão né? — Preciso dele para ajudar minha mamãe! Eu ficaria muito feliz se você puder me ajudar... assim posso voltar logo para meus amigos. Eles ainda estão perdidos lá fora... — Comentei, divagando num olhar reflexivo como que tentando adivinhar se eles estariam bem?


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Mensagem por Knock Seg Set 05, 2016 7:17 pm

Quando contestei Sean, ele respondeu rindo, essa vadia, Olhei pra ele puto e disse “ Cara, não é brincadeira não... Quando voltar lá, quero uns dentes de dragão! Não despreza a pele não. Pode pegar pra mim que eu aceito”

Depois disso nem sei o que aconteceu, só sei que acordei amarrado... Não entendi o que aconteceu direito... Acho que fora um tipo de sonho... É... Já que eu tinha pensado muito no cara que morreu, em Sean e na vontade de ter o dente de dragão... Hm... Não fizera diferença, eu acho... Só sabia que eu tinha de cortas as cabeças das bruxas (HASUHASUHAs)

Aí acordei, tudo estranho... E meu tutor estava lá, então, vi as coisas dos outros meio chamuscadas e até mesmo as anotações do pintor. Espero que eu tenha decorado tudo... E Jack estava lá... Eu nçao sabia se eu ficava feliz ou puto ou os dois, só sei que o chamei “ Jack, o que djabos está acontecendo por aqui?”

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Mensagem por NR Sérpico Seg Set 05, 2016 8:52 pm

30. Perfeitos estranhos

Jack se virou.

— Calma — ele se aproximou e até mesmo se agachou — Ainda estamos... decidindo. Mas acho que convenço eles a deixar você livre...

Ele deu uma olhada por cima do ombro, para a saída por onde a pessoa que estava com ele poderia retornar a qualquer momento. Depois olhou de volta para Ho.

— Desculpa. Mas já tivemos problemas demais com estranhos. Mesmo eu falando que conheci você, mesmo assim eles preferem manter você amarrado... mas vai dar tudo certo.

Ele parecia meio nervoso. Olhou de novo sobre o ombro. Depois olhou para os pertences do grupo de Ho.

— Vocês não estavam simplesmente cruzando o campo. Vocês estavam vindo exatamente pra cá, não é? Pra Velha Carcosa. O que vocês iam fazer lá? E aquele cara ali — ele apontou para Aurélio. — É da Antessala da Morte, não é? O que vocês estão fazendo com um sujeito desses? Aliás, o que aconteceu com você Ho? Nosso melhor especialista de almas disse que você é uma alma duradoura aguardando julgamento. Não está nem vivo e nem morto, como se isso pudesse fazer algum sentido — E riu um pouco, pra descontrair. Mas suas cicatrizes não deixavam traços de graça em seu semblante. — Que inferno, Ho! Você é um completo mistério para nós, acredite...  

Esse era o momento que Ho deveria decidir se Jack era ou não de confiança. Como ele mesmo disse, conhecera, no passado, Ho, e o mesmo servia para o meio orc, que conhecera, lá longe noutra época, Jack. Hoje, talvez fossem completos desconhecidos um do outro. Perfeitos estranhos.

***

— Eu sou o Dufreine, e eu mesmo inventei o meu nome! — ele realmente pareceu orgulhoso desse feito. — Mas já que está dentro do meu laboratório, pode me chamar de Duf.

Então Sean falou do silício e Duf fez que sim com a cabeça. Sua expressão era de compreensão, como se entendesse totalmente as causas de Sean.

— Acho que ainda tenho algo aqui... — Ele se afastou, pegou uma cadeira e a deixou perto de uma estante, depois pegou um banquinho e pôs sobre a cadeira, depois subiu na cadeira e subiu no banquinho e ficou na altura exata para alcançar a última prateleira da estante. — Deve estar aqui.

Ele começou a fuçar entre vários frascos pequenos, os tirando do caminho para pegar o tal silício, que deveria estar mais atrás. Mas aí ele parou e se voltou para Sean e toda aquela compreensão de antes pareceu ter sumido dele quando disse:

— Mas você não vai enfrentar o guardião? — o olhar dele se perdeu na direção da porta. — As vezes tenho vontade de sair... mas o guardião está lá fora e acabo não saindo... Ele é uma pessoa triste, muito triste... E eu não saio por causa dele. Sei que ele ainda está lá, hm. — Então quando o momento de pensamento alto se foi, ele olhou de novo para Sean, um olhar agudo: — Você não vai enfrentar ele?

O tom era como se não enfrentar o guardião fosse o cúmulo dos absurdos. Duf simplesmente parou de procurar pelo silício pra ouvir a importante resposta que Sean deveria lhe dar, hm.  

***

Sollrac estava raciocinando rápido, os olhos fechados, na maciota. Cutucou Bones, mas não ganhou resposta alguma. Talvez o ghoul ainda estivesse dormindo. Então o meio dragão estava temporariamente só na missão de sobreviver a... ao que iria acontecer à seguir.

Foi cuidadoso na invocação das chamas. Na verdade, focou mais em gerar calor, algo sutil, mas que bastou para enfraquecer a corda sem que isso pudesse ser notado. Quando quisesse, poderia se libertar.

Ao seu redor, as aconteciam.

O bicho hostil do lado de lá do portão retrucou:

— O seu tom é mal. Você não tem autoridade alguma aqui. Mas por cortesia, e em honra do trato, deixarei que viva e caminhe por Carcosa.

O “deixarei que viva” foi curioso: já não estavam todos mortos? Vai ver foi força de expressão.

O portão se abriu num ranger de dobras metálicas. Sollrac pôde até mesmo sentir o cheiro do ferro velho, o odor simplesmente se soltando do portão conforme ele se abria.  

— Sigam até o final da rua — anunciou o porteiro, agora com uma voz menos hostil. — E deixem o tributo nas portas do castelo amarelo. Nenhum mal sucederá a vocês, mas quando a noite chegar, melhor que deixem a cidade...

— Mas foram dois que lhe trouxemos e ainda assim temos só até de noite?! — perguntou um membro dos salteadores, indignado com o prazo que dois tributos foi capaz de comprar.

Outro membro disse, passando por cima da questão:

— Obrigado.

— Sejam bem-vindos — a voz do porteiro pareceu sorrir.

O bando entrou na cidade. Imediatamente Sollrac sentiu uma densidade no ar, como se a atmosfera fosse um tanto quanto parada, como o mormaço das praias de Ruff. O que era bem esquisito pois a luz do dia mal parecia penetrar no local, por causa da neblina. O clima era ameno, meio frio, como dentro de um porão subterrâneo.

O som do portão se fechando veio logo a seguir e Sollrac e Bones continuaram em movimento, pra longe do portão, em linha reta. O grupo não conversou e pareceram apressados. Logo pararam. Uma espiadela revelou a Sollrac que ele estava diante de um castelo cinzento.

— Amarelo, ele disse — falou alguém do bando. Uma mulher.

— Talvez tenha sido, há uns dois mil ciclos atrás — disse o líder. — Vamos.

Alguém com mãos calejadas pegou Sollrac e o deixou no chão, às portas do castelo, que imediatamente se abriu. Sollrac, deitado na pedra fria da calçada, sentiu cheiro de miasma sair de dentro do lugar.

Na sequência, Bones foi deixado ao lado de Sollrac, no chão.

Da escuridão interior do castelo apareceu alguém vestido em roupas amarelas desbotadas. Sollrac conseguiu apenas espiar isso, as roupas, longas, como se fosse um vestido comprido. O homem, ou mulher, ou seja lá o que era, não disse palavra nenhuma, mas o grupo de bandoleiros se retirou como se tivessem recebido algum aceno de cabeça ou sinal de mão.

Então: passos. Aquele que vestia amarelo deu passos, parando ao lado de Sollrac. Provavelmente o próximo movimento da pessoa seria recolher o meio dragão do chão.
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Mensagem por Hummingbird Qua Set 07, 2016 8:28 pm

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Dufreine era seu nome, apesar de preferir ser chamado somente por...

— Duf. — Murmurei, catatônico. Meus olhos divagaram na imensidão. Eu pensava; não me lembro de ter conhecido alguém com esse nome em toda minha vida.

Pisquei algumas vezes, recobrando consciência. Me dei conta de que lá estava o amiguinho vermelho em cima de um banquinho meio bambo, apoiado em cima duma cadeira. Lá de cima ele mexeu em alguns frascos, coisa que me deixou bastante aliviado. Já pensou se ele fosse uma pessoa ruim? Digo, depois de tudo que passei, chegar até aqui e ainda ter de convencê-lo a me ajudar? Ufa!

Mas então ele falou de novo sobre o tal Guardião. Confesso que até então eu pensava que isso era só uma expressão, eu não entendi direito quando ouvi a primeira vez. Demorei pra perceber que, sim, se tratava de uma figura real. Num primeiro momento pensei nas grandes aranhas lá fora. Elas não tinham muita cara de guardião, não sei, pra mim elas parecem mais umas bestas selvagens com fome e com medo da luz. Então eu descarto a possibilidade; elas não eram o guardião.

— Poxa! Se ele é uma pessoa triste, talvez tudo que ele precise é de um pouco de companhia! — Aleguei cheio de mim. Um largo sorriso, característico, voltou a brilhar em meu rosto. Tentei me levantar e então caminharia pelo laboratório, tomando todo cuidado pra não esbarrar em nada nem ativar nenhuma outra armadilha. Eu não queria correr o risco de ser surpreendido de novo, então pra todo caso, iria bem devagar.

— Vamos, vamos! Assim como você passa muito tempo sozinho aqui, o tal Guardião passa muito tempo sozinho lá fora! Por que não fazemos as pazes? — Indaguei, como se realmente aquilo fosse muito simples.

E não é?

As pessoas ficam mais tristes quando estão sozinhas. Com alguém pra dividir fica mais fácil, eles podem até brincar juntos pra melhorar, eu não sei. Eu só não gosto de ver as pessoas tristes por estarem sozinhas, porque eu sei bem como é se sentir assim.

— Eu também ficaria triste se tivesse de viver com aquelas aranhas malvadas lá fora. Talvez ele só precise de ajuda... — Murmurei, propondo-me a ajudar.

Enfrentar o guardião não, confrontá-lo apenas. Talvez ele não precise ser derrotado, apenas precise de companhia. Para todos os casos, eu estava me propondo sim a ir, desde que o amigo Duf me dissesse por onde e me respondesse minhas perguntas, é claro. E em seguida, se não restasse mais nada de muito importante, eu me disponibilizaria para ir até o tal Guardião.


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Mensagem por Knock Sex Set 09, 2016 10:30 am

Perante a minha indagação, Jack prontamente fora tentar me acalmar. O que achei estranho... Quando vivo, ele certamente me repreenderia por ter falado daquela maneira. Olhei tudo ao redor, os pertences, os mapas, o desespero e agitação dele que eram mais evidentes que os que ele dizia que eu estava sentindo.

Foi difícil pra mim... Para eu olhar na cara dele e ver aquele olhar vazio por cima de mim e por cima do ombro dele. Ele não me via, entende?! E aos poucos eu ouvia um tambor batendo dentro de mim... Ele tocava chamando alguém que eu escondia; um lado meu que eu pouco mostrava, mesmo estando sempre presente: Ira.

Pensar “Jack, o que fizeram contigo?” era o que eu fazia e cada vez que eu repetia, mais o tambor tocava. Levei a mão direita à face, fingindo tirar remela dos olhos, mas a verdade é que eu queria segurar as lágrimas que poderiam aflorar com aquele vulcão ainda não adormecido em mim e respondi, sem mostrar uma mentira, como se tivesse saído de uma ressaca por causa do golpe antes recebido:
--Jack, só sirvo para carregar peso. O que fazíamos andando por aqui eu não sei... Mas acho que não era importante. Tanto faz. Não tem nada de bonito por aqui. Nem entendi o que disse sobre esse lance de vivo ou morto. Só sei que se tô aqui é porque vivo não tô.

Aproveitando o fato da decadência dele, aproveitaria para usar desse artifício de parecer tolo como se eu também tivesse decaído durante a miha vida, “carregar peso”; “tanto faz”; “tô”; “lance”, essas eram as palavras chave para induzi-los a pensar que eu estava falando a verdade. Já que Jack provavelmente não tinha noção do tempo que tinha se passado na terra por causa da confusão que era o submundo... É... acho que só isso bastaria. E complementei apontando a Aurélio:
--Eu só queria andar com esse cara porque ele é legal e eu não queria que ele se machucasse também.

Na minha opinião, com esse complemento, acho que outras versões de que eu poderia estar mentindo, estavam seladas... hm... é... sabe, eu não estava mentindo por completo... acho que tinha até muita verdade. O sentimento que eu sentia era capaz de tapar essas brechas de mentiras... sim. Sim, Jack era só um fantasma. Aquele era o adeus mais difícil, por mais que eu o continuasse vendo ali e talvez andasse como preso do grupo, ao lado dele. Minh’alma não o reconhecia mais.

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Mensagem por NR Sérpico Qua Set 14, 2016 10:25 pm

31. Gente triste

Sean caminhou um pouco, as pernas funcionando normalmente. Lá do alto, Duf fez que não:

— Ele não é muito bom com companhias... Elas todas morrem ou ficam tristes. E aí ele fica mais triste... Não — E fez que não de novo. — Fazer as pazes é muito complicado! Alguém precisa ir enfrentar ele, isso sim! Acho que é o único jeito dele parar de ser triste.

Ou triste tinha um outro significado para Duf, ou o vinho estava fazendo efeito e na verdade Sean não escutava direito. Mas como o menino caminhava numa boa, talvez o vinho não estivesse tapando seus ouvidos. Duf tornou a mexer em meio os frascos, falando:

— Eu posso mostrar onde ele fica e você vai ver com os próprios olhos. Mas você tem que ser esperto: ele tem uma espada grande. O Domador de Cães, por exemplo, não foi esperto quando veio aqui embaixo. E o Rei de Amarelo também. Saíram daqui tristes.

Daí Duf saltou lá de cima. Na sua mão vermelha havia um frasco transparente com pedrinhas pequenas escuras do lado de dentro, como se fosse um punhado de sal grosso.

Sean viu de relance alguns papeis, um deles com um desenho exatamente igual ao da maquete que Lyra havia lhe mostrado. Em meio os papeis, viu uma bússola exótica, belamente manufaturada em prata, que não apontava para o norte: seu ponteiro rebelde ficava dançando entre o norte e o oeste.

— Então vamos fazer assim — disse Duf, sem entregar o silício. — Te levo lá, você conversa com ele, vê se ele aceita ir embora... aí te dou isso aqui — e chacoalhou o frasco com o ingrediente final para a ressurreição de Lyra. Ele fuçou numa caixa embaixo da mesa e pegou um lampião. Tinha um recipiente no lampião com uma terra preta, e Duf, depois de guardar o silício num bolso da calça,  pegou duas pedrinhas, riscou elas, gerou faísca, e a terra acendeu. A pequena explosão iluminou a sala e no fim o lampião estava pegando firme. — Vamos?

Daí ele foi até a porta, que abriu com cuidado. Olhou para Sean, esperando que ele passasse primeiro, pra depois ele sair e fechar a porta de seu projeto de laboratório.

No chão à frente da porta, do lado de fora, estava o lampião que Sean esteve usando antes de... desmaiar. Ele estava apenas apagado, caído, com o vidro trincado e com o recipiente onde ficava o óleo provavelmente quebrando.

No corredor houve o som de patas se afastando rapidamente.

***

Jack observou Ho, talvez pela primeira vez inteiramente focado no que acontecia dentro da caverna.

— Carregar peso? — o rosto dele se contraiu um pouco, decepcionado. Mas ele não insistiu. Fez foi suspirar. A mentira deu certo. Não havia traços de dúvida em Jack. — O que foi que aconteceu com a gente, hm? — Pareceu mais um pensamento alto do que uma pergunta.

O espírito daquele homem estava fraco e distraído — e talvez por isso ele nem foi capaz de reagir a Vax, que surgiu logo acima dele. Deu início a peleja, Jack por baixo, desvantagem acentuada. Vax aplicava golpes rápidos e sua ideia para finalizar foi agarrar a garganta de Jack, já com o rosto em sangue e agora sufocando, sufocando... até que as mãos de Jack subiram, encontraram os olhos de Vax e os dedos apertaram. Os dois gritavam.  

Ho estava com as mãos fortemente amarradas às costas, enquanto a luta acontecia logo ao seu lado.

E lá fora: explosão. Um golpe sonoro, seco, fez a caverna tremer e poeira levantar, agitada.

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Mensagem por Knock Qui Set 15, 2016 9:55 am

Não pense que mentir para alguém muito considerado por mim; que fora, por muitas vezes, o motivo de eu não ter desistido dos treinos e não ter esmorecido perante a exclusão social dos humanos e dos orcs puros. Desde o dia que meus passos seguiram diferentes dos do meu antigo tutor, nada fora fácil. Então não pense que fora fácil mentir ali, mas eu tinha de fazer.

A mentira dera certo e um pensamento alto saiu da boca de Jack, mas poderia ser algo como tentativa para saber se eu mentia, então respondi com uma cara de bobo, como se não houvesse entendido, como se “carregar peso” fosse o natural caminho por onde eu seguiria.

De repente Vax surgiu lutando contra Jack... Lutando... Nunca pensei que ele faria isso, visto que mesmo no pedágio da história, ele se afastou, então eu tinha duas teorias, a primeira que ele estava ali de corpo real e também por isso demorara e realmente estava ali para ajudar, mas a segunda que martelava na minha cabeça, como se fosse possível, era a de que algum espiritualista do grupo estava na minha cabeça sondando meus pensamentos a fim de fazer com que em alguma situação, eu mostrasse as respostas...

Eu poderia tentar me transformar em fogo e me desvenciliar daquilo que me prendia... Porquê Vax estava logo aqui? Por causa de Aurélio?! Na minha cabeça, a segunda teoria fazia mais sentindo, mesmo que eu sentisse e visse e ouvisse tudo ao meu redor como se fossem reais, então agi como retrato fiel das minhas palavras.

Era difícil me conter, mas pelo menos aquela explosão de sentimentos era útil para me fazer agir e, em alguns momentos até acreditar naquilo que eu falava, mesmo porque fora uma dualidade muito presente nos meus dias enquanto vivo.

Então quando eles começaram a lutar e Jack estranhamente estava perdendo, enfiou os dedos nos olhos de Vax, fechei os olhos e gritei como criança quando vê o pai e a mãe brigarem (não que eles fossem ok?! Ehueh), mais uma encenação que eu continuaria a fazer até que eu sentisse que seria seguro eu sair das sombras.

Quando ouvi o barulho, uma voz soou na minha cabeça, mas não foi ninguém além da minha imaginação, dizendo: Dragão.

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Mensagem por Hummingbird Dom Set 18, 2016 3:15 pm

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— O Rei de Amarelo? — Por que isso me soa estranhamente familiar? E a palavra ficou nos meus lábios por mais algum tempo, como se repetindo eu fosse capaz de lembrar o motivo da estranha nostalgia. Mas não lembrei, então acabei me entregando; deixei pra lá.

Duf então disse que me levaria lá. Eu não retruquei nem hesitei. Apenas segui no caminho indicado, bom, pelo menos até chegar na porta. Lá, encontramos o tal lampião que eu trazia antes, agora quebrado e sem utilidade. O som das aranhas malvadas se distanciando na escuridão também chamou minha atenção.

Engoli a seco.

— Err...será que não podemos descansar um pouco antes de ir? Estou exausto, tudo que fiz pra chegar aqui me deixou sem energias, não sei se vou conseguir enfrentar o guardião assim... — Falei, olhando para as minhas mãos como se sentisse falta de algo. Depois olhando para Duf, tentando convencê-lo.

— Ou você tem algo aí que pode me ajudar? Eu só preciso de um pouquinho de energia, senão não posso usar meus poderes, amiguinho. — Expliquei, fitando-o com inocência.

Depois era esperar pra ver a reação dele né. Em caso de não for possível um descanso ou mesmo alguma coisa pra me ajudar, eu seguiria até o guardião. Não deixaria um amigo na mão, ainda mais sendo ele Duf, que me salvou momentos atrás.

Ps: A exp que foi dada uns dois posts atrás, já podemos adicionar ou não?

Obs:

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Mensagem por NR Sérpico Sex Set 23, 2016 12:18 am

32. Viagem na ponta do...?

— Descansar? — Duf ficou pensativo. — Tá.

A concordância minou sua empolgação. Ele fechou a porta novamente e mexeu em alguns gatilhos no estranho mecanismo atrás dela. Deixou o lampião sobre a mesa. E, sem nenhum motivo aparente, preferiu não ficar com o silício no bolso, deixando o vidrinho de volta na estante, agora num setor mais baixo, ao seu alcance.  

— Talvez eu tenha algo que possa te fazer... sabe, se sentir melhor. Deixa eu ver...

Ele saiu olhando pelas estantes.

Então tudo tremeu, o laboratório todo. Frascos tilintaram, bamboleando. Só não caíram pois o temor foi breve. Um reflexo. Veio do mundo acima, longe. Depois, apenas silêncio.

Duf piscava o olho, intrigado o bastante para esquecer de procurar alguma coisa que pudesse ajudar Sean. Agora parecia procurar outra coisa, nas caixas embaixo da mesa. De repente parou tudo e lá de baixo encarou Sean.

— Tem mais gente com você? — E tornou a procurar. Falou sozinho: — Acho que hoje funciona, será?

De uma caixa, desenterrou um tabuleiro redondo. No centro do tabuleiro, havia um cone aparentemente preso, com rodinhas, de modo que o cone poderia desfilar pelo tabuleiro. Aquilo parecia um brinquedo que não deu certo.

Duf o pôs no chão. Estralou os dedos e ficou parado, como se agora já não dependesse dele...

Não aconteceu nada. A boca de Dufraine dobrou pra baixo.

— Vou achar alguma coisa pra você — disse, se lembrando da busca anterior. Se voltou para estante, chateado.

O tabuleiro brilhou.

— Essa coisa funciona só quando quer — disse Duf, rabugento, se referindo ao tabuleiro. — É com ele que eu costumava ver o mundo lá fora.

O brilho do tabuleiro se resumiu no cone, então no interior do cone. A luz subia como um farol, uma marca redonda e brilhante estampada no teto.

— Sempre quando acontecia alguma coisa lá em cima, eu espiava. Via tudinho. Era legal.

O brilho diminuiu, se ajustou.

— Eu acho que era de alguém importante, da cidade. — Duf ainda procurava coisas, sem perceber a ação do tabuleiro. — Deveria servir para ver a cidade como um todo. É. Acho que era para isso. Deveria ser bom pra achar gente triste, correndo pelas ruas.

Se Sean espiasse, descobriria que aquele cone no tabuleiro tinha a função de luneta — o que era muito maluco de se considerar: a vista que tinha no fim do cone era do alto, bem alto, como se olhasse do céu. E lá de cima ele via a cidade e a neblina sobre a cidade. Se tentasse mover o cone com rodinhas, o deslocando pelo tabuleiro, acabaria vendo os cantos da cidade, e um pouco além dela. Parecia estar amanhecendo.

— Acho que algo estimula. Aí ela liga, sozinha. Sei lá. — Duf subiu na cadeira, no banquinho sob a cadeira. Garantiu: — Se não estiver aqui, é porque acabou.

E caso Sean movesse o cone/luneta, pelo tabuleiro/cenário-lá-fora, veria fumaça, fogo, pra fora da cidade, não muito longe. E caso apurasse a vista naquela direção, a engenhoca entenderia que ele queria ver mais de perto, de modo que a imagem faria um voo rasante, concedendo visão precisa e aí ele veria o rosto dela.

Os cabelos curtos eram os mesmos, mas dessa vez não usava um vestido branco, mas sim um macacão laranja, bolso no peito esquerdo, bolsos nos lados da calça, sapatos de pano. Sean não lembrava bem a cor dos olhos, nem conseguia discernir naquela fumaça. E talvez, muito talvez, Sean tenha identificado uma cicatriz no pescoço, bem onde a lâmina de Chagas passou, decapitando ela num momento tolo de hesitação, enquanto encarava Sean...

***

Então Ho gritou. Desconfiado de tudo, permaneceu no personagem. Seu grito serviu pra alguma coisa, mas talvez a explosão tenha sido a verdadeira arma pra separar aqueles dois.

Jack jogou Vax de lado. Vax caiu, cambaleou, levantando, os olhos fechados, vazados, sangue em seu rosto. Jack não se preocupava com o estranho, nem com Ho ou Aurélio. Seu rosto estava voltado para fora da caverna, para a explosão. Ele se arrastou pra lá, até se levantar e começar a correr naquela direção, fumaça e fogo, mais ou menos onde alguém tinha ido, quando Ho despertava, instantes atrás.

Não havia sinal de asas batendo, como naquela noite, noutra caverna.

Vax, que da última vez se espatifou no chão numa queda horrível, agora regenerado, perguntou para Ho:

— O que eles fizeram com os outros?

O grupo estava quebrado, e Vax estava ali para lembrar que o tempo não espera, corre. Ele tateou até Ho e cortou as cordas com as unhas.

— Vamos, Ho. De pé. — Ele abriu um dos olhos. — Isso é uma corrida! As peças no tabuleiro... é tudo uma maldita corrida. Sua vida está em jogo aqui! Quanto mais rápido conseguir, mais cedo volta pra casa!

Ele estava exaltado, obviamente. Caminhou até Aurélio, checando o arquivista.

Enquanto isso, lá fora, Jack tinha parado a caminhada. Em meio o fogo naquela terra árida, havia uma mulher. Eles estavam próximos.

Amanhecia lentamente.

Vax bradou:

— A gente vai entrar! Nós três. E vamos pegar o Triagulli.

Vax desamarrou Aurélio e o jogou sobre um ombro. Então começou a sair da caverna, e dali rumaria a passos largos e duros até os portões da Velha Carcosa.

Spoiler:


Última edição por NR Sérpico em Dom Out 02, 2016 1:15 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Hummingbird Dom Set 25, 2016 12:37 am

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Duf aceitou minha proposta e então ficou decidido; vamos descansar. Não sem antes, é claro, rearmar aquela engenhoca que tinha atrás da porta. Provavelmente foi a mesma engenhoca que me acertou quando abri a porta, mas eu ainda estou um pouco confuso quanto a isso, então preferi não me aprofundar nos detalhes, só achei...curioso.

De repente, brilhou.

— Aqui em baixo estou sozinho. Mamãe estava comigo, mas eu acho que ela está em outro lugar agora, eu senti isso quando passei pela porta do porão. A mesma sensação engraçada de quando saímos da floresta, sabe, eu e meu grupo, horas atrás. — Comentei conforme ia inclinando a cabeça meio de lado e observava o tal objeto que mais parecia um brinquedo, começando a se ativar aparentemente sozinho e brilhando. Curioso, ele parecia mostrar uma espécie de réplica da cidade — aqui é uma cidade? — e suas extremidades. Duf pareceu não perceber, estava muito empenhado em sua busca por algum elixir da vida ou poção misteriosa que certamente me faria sentir melhor. Tipo aquela bebida que entreguei ao senhor Mic, anos luz atrás.

Pensei em chamar sua atenção, mas, interrompê-lo ali parecia impossível. Ele falava sem parar como um gatilho ativado. Também não é pra menos, ele vive aqui sozinho há tanto tempo, deve ser chato falar sozinho né?

Meu braço direito, que ergueu-se em falso para chamar atenção do amigo vermelho agora baixava involuntariamente enquanto eu reparava de canto de olho que o tal cone em cima do brinquedo lá mostrava alguma coisa peculiar. Deixei-me levar pela curiosidade, me aproximei, espiei...

— AAAA! — Um grito. — É a Dona Bruxa! — Aleguei, olhando ao redor assustado. Então foi ela a responsável pelos tremores? Olha, eu realmente espero que não seja. Tenho certeza de que ela não ficou nada feliz com o presente que eu, Gregar e o Tio Chagas demos pra ela. Da pra ver, olha lá, perdeu todo o charme que tinha! A cicatriz no pescoço ficou muito evidente. Será que adianta pedir desculpa? Olhei para Duf como que esperando resposta e só então percebi que não havia falado nada, só pensado.

— Nós matamos essa moça! Aquela ali que apareceu na imagem! — Apontava, empolgado. Levantei-me num súbito, tentando me aproximar de Duf e chamar por sua atenção; que esqueça o tal do elixir! — Se ela souber que estou aqui, você vai ficar em perigo, amigo Duf. — Expliquei, pensativo. — A menos que...ESPERA AÍ! — De repente, cheio de mim, estufei o peito como que tendo uma ideia.

— O tal do Guardião tem alguma preferência ou uma bruxinha poderia ser uma boa companhia pra ele? — A ideia me parecia boa. Assim resolvemos dois problemas de uma vez só! Realmente a mocinha da floresta tinha razão, quando fazemos as contas certas tudo parece ficar tão mais fácil?

— Vamos, vamos! Não podemos mais esperar, eu tenho certeza de que ela está atrás de mim! Vamos até o guardião e assim eles vão acabar se encontrando mais hora menos hora! — Puxaria Duf pela mão, tentando apressá-lo. Sem esquecer é claro do tal Silício e do Lampião.

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Mensagem por NR Sérpico Dom Out 02, 2016 2:22 pm

33. Passos

Duf parou de procurar, talvez tenha encontrado. Depois se virou assustado. Sean não devia gritar assim, do nada. As pessoas morrem do coração por causa dessas coisas. Mas Duf parecia tudo menos prestes a morrer de susto. Seu olho ficou tão aberto que ameaçava cair da cara. Ele saltou do banquinho na cadeira e veio ver o tabuleiro esquisito. Massageava as mãos como se tivesse dores nas articulações dos dedos, pura euforia contida.

— Deixa eu ver! — e meteu a cara no cone, observando a tal Dona Bruxa. — Nossa! Tem gente lá fora! De verdade! — De repente desviou ao escutar que ficaria em perigo, olhou para Sean, perguntas prontas atrás dos dentes, mas Sean falou do guardião e aí Duf levantou num salto — Será? Será que ela vai querer vim enfrentar ele? — Olhou de novo no cone. — Acho que ela vai ficar triste...

Mas Sean, com aquela empolgação, o convenceu e Duf, antes de apanhar as coisas, passou um vidrinho com um líquido roxo para o colega.

— Acho que é o único que eu tenho, vai te deixar como que descansado, mas tem um problema — Ele olhou sério para Sean. — Depois de um tempo, dá sono.

Aí tornou a apanhar o silício, meteu no bolso, pegou o lampião e desarmou a armadilha, abriu a porta e foi lado a lado com Sean depois de fechá-la. Em determinada parte do corredor cercado de totens, professor Dufreine assumiu a frente e ensinou, com o dedo em riste:

— Não sei como chegou até a porta, sabe, quando veio até aqui... mas é importante que pise exatamente onde eu pisar, certo?

Ele saiu andando, um pouco devagar, mas com segurança. Sean pisou onde ele pisava e os dois deixaram o corredor tranquilamente.

Por aí, aranhas caminhavam no teto, se afastando da luz do lampião.

Então Duf foi para o norte e Sean também, os passos ecoando. O fedor se fez presente, nenhuma corrente de ar pra limpar o ambiente. Duf nem se quer entortou o nariz. Passaram pelo corredor de onde Sean veio, seguindo mais para o norte. Patas atrás — ou do lado? Dobraram a primeira a direita, uma câmara de paredes roídas, soltando pedaços, vários deles no chão. Depois, três vias: oeste, norte, nordeste — Duf foi para direita, nordeste. E aí Sean sentiu alguma coisa, comichão no peito onde foi ferido, algum efeito colateral de leve.

Não, calma. Não era só a comichão. Sentia como se estivesse sendo... observado? Não, quase, mais ou menos. Sentia uma presença, mas era difícil de decidir se era algo bom ou ruim. Sua intuição parecia mais instiga-lo a continuar do que alertá-lo da natureza da coisa oculta na cena, em algum lugar ali...

— Perto — disse Duf. — Estamos perto agora. Ele fica numa salinha pequena.

Dobraram a esquina, deram com uma porta.

Eu não estava lá e você já sabe disso. Não quero ser repetitivo, desculpa, mas é necessário reiterar: não era para ele fazer isso sozinho. Não era.

A porta, pedra bruta que simplesmente não tinha trinca alguma, abriu. Abriu, assim, só ao chegar perto. Rolou para o lado. E de dentro veio algo próximo de uma corrente de ar, bateu neles como um beijo quente.

Nessa antessala o mais interessante não era o teto — vazado, um túnel para o alto que dobrava para um lado em determinada altura, com trechos reflexivos, espelhos mesmo, colados na pedra escavada —, não era a lareira de fogo azul da qual vinha alguma luz — mas não a principal do ambiente — , não era o cheiro de ferro nem mesmo o chão branco e liso, como se fosse um lago congelado, não era também o trono onde o homem estava sentado com sua espada no colo, olhos fechados, meio que dormindo, talvez uma estátua.

O mais interessante era o altar, antes do trono, no centro da sala, de onde flutuava um pedaço grande de ouro, meio triangular, emitindo luz pulsante, brilhando, chamando por Sean, chamando desde que chegou na cidade, chamando...

E o homem abre os olhos. Da entrada, é difícil ver como ele é, exatamente. A luz do Triangulli meio que ofusca tudo o mais. Mas os olhos, sim, Sean conseguiu ver que os olhos abriram. E a boca também:

— Eu vejo que animal você é e você é um corvo. — A voz era séria, grave, mas ele falava baixo. Encarava Sean. — Veio me enfrentar, corvo? Quer o ouro que guardo? Se sim, dê um passo à frente. Se não, dê dois passos para trás.

Duf estava ali, mas parecia que não estar, de tão quieto e paralisado.

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Mensagem por Hummingbird Dom Out 02, 2016 8:32 pm

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Eu realmente gostei do amigo Dufreine. Não sei dizer qual a idade dele, se ele é mais velho ou mais novo que eu, ou sequer sei o que ele é. O que sei é que eu gostei mesmo dele, sempre cheio de palavras, sempre pronto pra falar, eu gosto disso. Ele tem um entusiasmo que me deixa alegre!

Vimos a Dona Bruxa através do brinquedo e ela não parecia nada contente caminhando lá na superfície. Duf, sempre cheio de perguntas, hesitou sobre o meu palpite mas no fim acabou aceitando. Deixamos a sala e eu ganhei um vidrinho com um líquido roxo e um alerta; depois de um tempo pode ser que ele me dê sono. Bom, na atual situação, eu não tinha muita escolha, sabe? Eu estava indo de frente para o guardião, sabe-se-lá que tipo de pessoa ele é, se vou precisar me defender ou não. Enfim. Eu tomei o líquido.

Depois saímos.

— A-há! Eu sabia! Sabia! — Aleguei, ainda durante o percurso. — Eu sabia que aquele corredor era cheio de armadilhas, tava na cara! — Vangloriava-me de minha descoberta, depois de passarmos pelo corredor e Dufreine explicar que, um passo em falso e alguma coisa de ruim podia acontecer. Eu senti isso, aquela hora quando cheguei aqui. Quando foi mesmo?

O fato é que logo passamos. Depois veio uma infinidade de corredores, caminhos, aranhas malvadas pra todo o lado e um silêncio constrangedor que vez ou outra era cortado pelo amigo Duf e suas exclamações a respeito de estarmos perto, perto, sempre perto, nunca perto o suficiente. Me distraí por um momento. Não sei dizer com exatidão quando foi, mas... quando numa dessas esquinas entre um corredor e outro, senti como se não estivesse sozinho. Foi esquisito, vinha do meu peito. E eu confesso, isso me deixou um pouco triste. Calma, calma! Não é triste do jeito que o amigo Duf diz, se é que realmente eu entendo que tipo de tristeza ele fala. No caso, eu fiquei assustado. Estava tão acostumado com uma segunda presença em mim quando estava vivo, que, agora, essa sensação me trouxe nostalgia e também saudades. Ah, como eu sentia sua falta, e eu arrisco dizer mais até do que de minha mãe ou de meu pai.

— Eu sinto falta da gente... — Murmurei no caminho.

Em seguida, esbarrei em Dufreine, alarmado. Parece que finalmente chegamos, então logo chacoalhei a cabeça e deixei esse pensamento de lado. A tal porta se abriu sozinha como se fosse um convite explícito para entrar. Olhei ao redor, o salão não era muito grande ou talvez fosse só minha impressão por estar um pouco escuro demais. Tinha uma luz estranha lá no meio, era uma fogueira? Não sei dizer, afinal, o que mais me chamou atenção além disso foram os olhos daquele que parecia ser um homem, sentado, ali mais pro fundo. Ele me encarou de uma forma esquisita, mesmo distante eu sabia; ele estava vendo alguma coisa muito além.

Duf ficou quieto.

O homem falou. Chamou-me por Corvo, e aquilo me desarmou de imediato sem necessidade de qualquer arma. Ele me pegou de surpresa, eu não soube ao certo como reagir, mas ele permaneceu aguardando por uma resposta minha. Engoli a seco, pensativo. Minhas mãos, inquietas, buscaram conforto uma na outra dedilhando-a. Pensei, pensei... e nada da Dona Bruxa até então. Será que ela vai demorar? Desse jeito a conta não vai dar certo! Espera aí...

— Quero propor sim um desafio... — Dono de um olhar intrigante e um sorriso cheio de mim, fitei-o nos olhos. — Um desafio de Adivinhação! — Minha resposta não foi sim, nem não, logo nem um passo para trás nem para frente. — Um por vez! E o amigo Duf pode me ajudar, porque eu sou criança. Quem errar primeiro, perde o ouro para o outro. Aceita meus termos? — Completei, colocando as cartas na mesa.

Nunca foi especificado que eu deveria efetivamente entrar em combate com o tal Guardião, mas que deveria confrontá-lo. Ali estava o meu desafio então. Para caso do Guardião aceitar os meus termos, ele tinha o direito de começar propondo uma adivinhação pra mim. Um jogo do "o que é o que é". E se eu ganhar eu vou agradecer muito àquela menina bonitinha da Floresta, ela me ensinou muita coisa pra um único encontro!

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Mensagem por Knock Sáb Out 08, 2016 9:28 pm

Houve grande barulho, mas não bater de asas... era algo diferente. Os dois se separaram no chão e depois do grito teatral, eu soube finalmente que não se tratava de uma ilusão ou algo do tipo... Sim... eu viajo nessas ondas de magia... Para ver como levo a sério esse lance de missões... às vezes viajo demais.

Vaz veio até mim no intuito de me animar a seguir para o local onde a missão enfim teria seu objetivo mais próximo... eu ri por dentro mesmo fazendo cara de bobão, pois a ideia de que eu tinha construído uma alegoria que conseguia enganar alguém com uma aura daquelas foi... espetacular. Mas lógico que tinha o momento, a briga anterior dele... tudo poderia ter diminuido a concentração dele... Só estou citando isso porque realmente fora importante para mim... divertido.

Então me levantei após vaz ter cortado as cordas com as unhas e disse “Yeah”; ele disse para eu correr, procurei rápido o mapa e o colar com o apito, então corri dando de costas àquele que eu não recohecia mais... grande pesar, mas eu não tinha tempo para esperar... falando em tempo... eu achava que faltava muito pouco... vários fenômenos acontecendo me fieram perder a noção de tempo... que eu estava construindo pelo menos... Aurélio estava seguro, então corri dando um salto e me transformando em um grande felino que me fizesse ficar mais rápido. Se Vax aproveitasse e fosse de carona, eu não me incomodaria.

Pulando, vi surgir uma mulher com roupas alaranjadas... Vaz gritou algo que não ouvi. Só cumpri a missão. Corri. Vi a mulher que tinha um ar de feiticeira e pensei em soar o apito, mas só corri. Se desse algo errado dessa vez eu o sompraria. Corri à direção apontada como Vax disse: Como se a minha vida dependesse disso. E de fato dependia. A minha e a de Aurélio e a do grupo inteiro que estava sumido.

Off: Gm, perdão o atraso~

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Mensagem por NR Sérpico Dom Out 16, 2016 2:26 pm

34. Que caia naturalmente

— Não, Sean. Você não vai conseguir — esse era Dufraine, cutucando Sean e sussurrando. E, veja bem, não se incluindo no desafio. — Ele vai te vencer. Desse jeito, ele vai te vencer. Talvez... talvez você fique triste.

Antes disso, Sean emborcou a poção. O líquido caiu no estômago e subiu para a cabeça numa onda congelante interna. Ele até trincou os dentes esperando a tontura que não veio. Ao invés disso, parecia até enxergar melhor, mesmo na penumbra do lampião de Duf. E era como se conseguisse escutar exatamente as passadas das 8 aranhas pelo complexo de túneis. Talvez até fosse capaz de apontar a direção delas, mesmo os sons ecoando em confusão pelos túneis. Os cheiros ruins, agora soube, eram fezes, mas nenhuma humana. Havia também o cheiro de carne em decomposição. Mas o mais forte, e era estranho não ter sentindo isso antes, captando no ar apenas após tomar a poção, era o cheiro de ferro, era como se em algum lugar tivessem catado uma enorme espada e a transformado numa fumaça se espalhando pelo local de forma contínua.

Esse lugar, descobriu, era a câmara do guardião. E o cheiro de ferro emanava da coisa dourada no altar, o ouro bruto triangular.

Fora essas coisas, Sean se sentia novo. A última coisa que imaginava era um efeito colateral de sono: simplesmente sentia que nunca mais dormiria, tamanha a disposição pulsando no seu sangue.

E isso talvez fosse bom para o raciocínio também. Vamos ver.

O sujeito, ainda sentado, terminou de escutar a proposta de Sean de forma impassível, como um mestre veterano já esperando a jogada do aluno novato, que na cena seria Sean. Falou:

— E se não sair vencedor desse desafio, se ambos errarmos ou acertarmos, será minha vez de propor um desafio.

E então entrou no jogo de uma vez:

— Fui falar com a bruxa, pois preciso de um feitiço dela. Ela exigiu como pagamento uma porção de água que caia naturalmente. Não chove há dias, e nem aprece que irá chover nos próximos. Então, o que faço para pegar água que caia naturalmente? Responda, corvo.

***

Vax aproveitou a carona. A imagem de Jack e da mulher foi diminuindo ao longe conforme eles se aproximavam da cidade enterrada em neblina. Ho não olhou mais para trás, foco na corrida. A imagem do portão fechado da cidade foi crescendo e crescendo e Vax disse:

— Apenas continue correndo.

A imagem de uma coisa surgiu no portão. Uma sombra de alguém alto.

— Vocês devem parar — alertou o sinistro porteiro num gutural fantasmagórico.

— Apenas continue correndo — reiterou Vax.

Ho continuou e de repente já não estava correndo em pedra bruta e do lado de fora da cidade, mas sim sobre um calçamento bem pavimentado e úmido como se tivesse garoado recentemente. Neblina por todo lado. O portão ficou para trás. Tinham teleportado para dentro.

Vax disse:

— Precisamos achar uma fortaleza grande, qualquer uma. Todas elas foram construídas acima de entradas para o subterrâneo. Por ali.

Ele apontou um caminho, Ho dobrou a esquerda, correndo por ruas antigas. Havia vários prédios e casas aparentemente vazias, abandonadas ao frio. Este frio, aliás, não chegava a ser algo ruim, era apenas um detalhe, uma atmosfera diferente de todo o restante do submundo, que, até o momento, tivera um clima ameno, seco.

O ar não circulava naquela cidade. Quando Ho soltava a respiração, subia uma nuvem de vapor. E tinha a neblina.

Aquela neblina fazia os ossos de Ho doerem um pouco. Como daquela vez... na floresta, atrás de um bando de orcs que roubaram a herança do velho Targo.

E daquela vez, se Ho puxasse pela memória, lembraria daqueles... cães.

Instantâneo, em paralelo com as memórias: um rosnado estendido ao longe. Um uivo, na sequência. A audição de Ho captou patas estalando contra o calçamento de ruas próximas. Estavam ali também, no submundo. E se fossem os mesmos, então estavam atrás de desforra, rastreando o cheiro daquele meio orc que, com uma cimitarra de golpes de luz, os trucidou facilmente.

Cinco deles, tinham o tamanho de garranos. Apareceram no caminho de Ho, surgidos da neblina a frente. Alguns tinham feridas abertas, mas pareciam não ligar para isso.

Vax, óbvio, viu os cães infernais, mas comentou outra coisa:

— Acho que vejo uma fortaleza grande, no fim da rua.

Ho não via o mesmo que o membro do júri, precisava avançar mais, rasgar a neblina, para poder ter um vislumbre melhor do horizonte e achar essa tal fortaleza que Vax, ferido dos olhos, disse ter avistado.

— Consegue passar por eles? — perguntou, agora sim se referindo aos cães.

As bestas começaram a correr contra Ho. Estavam em rota de colisão, menos de 30 metros os separando da selvageria.

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Mensagem por Hummingbird Seg Out 17, 2016 7:35 pm

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— Larga de ser medroso, Duf! Nós vamos jogar sim e vai ser divertido pra caramba! Como é que posso ficar triste? — Respondi para Duf, antes de iniciar o desafio. — Eu aceito, seu Guardião! Acho justo seus termos. —  E puxa, como eu estou animado! Parece que meu corpo tem energia de sobra pra correr esse labirinto aqui inteirinho! Espero que esse entusiasmo seja o suficiente para encorajar o amigo Duf. Afinal, o que pode haver demais num desafio de advinhas?

Sem mais delongas, não demorou para que o homem esquisito soltasse as palavras. Falou pausadamente como que pra eu não perder nenhum detalhe, ou aquilo era só coisa da minha cabeça? De repente tudo parecia tão mais fácil de compreender; cheiros, vozes, sensações. Será que isso é coisa da poção? Quando Duf me alertou sobre os efeitos eu imaginei alguma coisa menos...agitada.

Mas voltando ao desafio; que diabos ele queria saber sobre água que cai naturalmente? Senão chuva? Pensei em engatar uma resposta logo de uma vez, a primeira que veio na cabeça. No entanto, as palavras não saíram. Me calei, respirei, olhei para Duf. Uma última tentativa de esperar por um conselho, mas ele não parecia lá tão empolgado quanto eu com o desafio; o tempo todo colocando-se de fora da situação. Então tá né, dei de ombros.

— Eu faço xixi, oras! — Foi minha resposta, assim, imediata. — Ele cai naturalmente não é? Quando você precisa esvaziar, ele sai. Assim como a água, que sai das nuvens que estão cheias! Não é? — Completei. Eu estava animado, aquela pareceu fácil. Ou será que eu errei?

Esperei por uma resposta, ansioso.


(Considere essa parte apenas se eu acertei a charada)
[...]


Enquanto esperava por uma resposta, pensava na minha vez de mandar uma advinha para o Guardião. Na verdade, pensar é uma coisa engraçada; eu acredito que aquele moço consegue ver muita coisa além do que parece. E se Duf disse que eu ia perder é porque, com certeza, aquele Guardião sabia de muita coisa. Há quanto tempo ele está aqui? Eles devem saber muita coisa mesmo, mas não tudo.

Está certo, então eu só preciso fazer uma charada sem pensar duas vezes, mandar direto. Ta bom!

— Quem sou eu? — Indaguei, fechando os olhos.

Meu pensamento, de imediato, circundou a sala. Eu estava concentrado, precisava entender, primeiro, se havia alguma artimanha por traz dos poderes daquele guardião. A ideia era sentir sua energia, estabelecer algum contato com ela como na base da minha habilidade. Talvez eu consiga captar alguma coisa, ainda mais agora com os meus sentidos tão...esquisitos?

Aliás, que cheiro é esse heim Duf? Parece que você não toma banho já faz décadas! Argh!

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Mensagem por Knock Qua Out 19, 2016 12:04 am

Vax conseguiu pegar carona e corri como ele me mandara. Não sei como adquiri esse dom, mas eu era muito grato por poder fazer essas coisas. É muito bom; novas sensações, novas percepções dos espaços, tempo. Mesmo morto ainda é maravilhoso. Será que meus pais faziam isso também?! Eles devem ser incríveis. Não sei porque acabei pensando nisso enquanto corria.

Eu estava mais rápido e Jack ficava para trás e para trás. Não olhei, mas eu sabia e era como se eu olhasse, nunca o esqueceria, mas Jack já havia morrido. Enfim, no fim eu teria de encarar que era o fim... não; que o fim já havia sido há tempos e eu em minha estupidez remoí aquilo tudo por anos.

Eu corria pelo solo rochoso e estranhamente quente. Aurélio e Vax comigo. Eu não sentia nada esquisito com Vax ali de carona... achei isso estranho, mas continuei. No meio da estrada uma grande sombra se formou nos alertando de que era para nós não entrarmos ali. Sempre associei grandes sombras com seres pequenos, então não me assustei e continei.

Estávamos de frente para o portão, então de repente dentro das instalações do que acho que seria a velha mimosa... não... pera hahah. Era uma cidade velha, em ruínas, haviamos entrado por um portal. Fomos recebidos com uivos nada saudosos. Um clima que me lembrava de algum lugar, que me fez lembrar da antiga cimitarra que dançou comigo por algum tempo... ah, cara o que foi aquela maravilha?!

De repente dois Hellhounds a minha frente. Tinhamos de chegar ao fim da rua. Aqueles cães não eram os únicos ali. Se eu parasse para lutar com eles, era provável que outros chegariam, nos cercariam e nos impediriam de chegar. Vax me perguntou se eu poderia passar por eles, só continuei a correr. Eles vieram contra mim. O que eu faria? Esquivar. Eles eram cães. Eu teria de estar atento e agir no momento em que eles agissem... quase que como na situação com o dragão há... algum tempo atrás.

Eles iriam atacar de forma articulada; um por cima e outro por baixo ou um do lado e do outro; poderia existir um terceiro ou até mesmo já estarmos cercados, pois eu não conseguia ver com aquela neblina fria... Até meus ossos doíam um pouco... Isso incomodava um pouco, mas eu não queria usar outra parte da minha habilidade para não mostrar todas as cartas ali... Lógico que eu poderia usar as cartas e depois usar a cabeça para mover as peças, mas o elemento surpresa... faz o diferencial sim... sim.

Então só tentaria uma coisa mais elaborada se as coisas apertassem. Iria primeiramente diminuir a velocidade aproximadamente para a metade, depois quando eu percebesse o tipo de movimento que fariam, utilizaria os próprios movimentos deles para me esquivar, usando as patas para aproveitar os impulsos deles para desvia-los se fosse necessário; e além disso aumentaria a velocidade, assim, deixando-os confusos e só aproveitando as oportunidades ahuahauhha. Que covarde. Ahuahuah.

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Mensagem por NR Sérpico Seg Out 24, 2016 8:33 pm

35. Algum Interlúdio rápido

Os rugidos soprados na marcha ecoaram pela cidade. As patas batendo no chão pareciam fazer a percussão de canção distante.

Eram cinco. O movimento deles pôde ser parcialmente compreendido instantes antes do choque: um deles vinha em ataque frontal, queria de fato atropelar Ho, um encontrão; outros dois abriam para os lados, tentariam cercar Ho nos instantes seguintes ao ataque do primeiro; e os últimos dois que vinham mais atrás estavam lá para impedir que Ho esquivasse do primeiro golpe e continuasse impune sua corrida rua abaixo.

Ho encarou a besta em meio a corrida e deslizou par ao lado assim que entendeu o momento do ataque, daí passou da velocidade média para alta de novo, evitando o encontro e deixando o agressor deslizando atrás de si.

Vax se segurava firme no lombo de Ho transmorfo, Aurélio chacoalhava, mas estava seguro também.

Agora os outros dois mais recuados apareceram na visão de Ho, e eles tinham olhos espertos o bastante para não deixar que Ho esquivasse da mesma forma.    

***

— Não — ele disse, simples. — Xixi pode cair naturalmente, mas não é água.

Duf se remexeu impaciente como se fosse o próximo na fila de uma execução por forca.

O homem deu uma resposta que poderia ter considerado certa:

— O que faço para pegar água que caía naturalmente? Procuro por uma cachoeira. Agora é a sua vez, corvo.

O ouro brilhou, como se acendesse um pouco mais, e depois retornou ao estado de luminosidade anterior. Era como se piscasse daquele jeito ocasionalmente, apenas para lembrar que é uma coisa viva, talvez até consciente. Quando brilhou, todo o túnel acima brilhou junto, como se a luz caminhasse por ele, dobrando pelas curvas, indo de espelho em espelho até a superfície, lá fora.

Duf, profundo, sobre a vez de Sean:

— Sean, cuidado agora.

E o guardião esperou, repousando uma mão na espada em seu colo.


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Mensagem por Hummingbird Ter Out 25, 2016 3:15 am

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— Uuuuuh! Essa passou perto! — Dei uma cotovelada em Duf, movido pelo entusiasmo. E o guardião prosseguiu falando, explicando qual seria a resposta adequada para sua adivinha. Uma cachoeira. Como é que não pensei nisso?

Meus olhos então saltaram novamente pelo ambiente, explorando-o. Sentia como se algo ali estivesse vibrando numa sintonia diferente, parecia haver algo mais. Uma sensação esquisita, eu não sei explicar. Então percebi o tal ouro, aquele no centro do salão. Parecia brilhar mais, intenso, eu arrisco dizer até vivo. Será que respira?

— Certo, certo, você me pegou nessa. Mas agora é minha vez! — Engatei, levando a mão direita até o queixo, reflexivo. Meus olhos contornavam o ambiente como que buscando por inspiração, e meus dedos tamborilavam em meu queixo em sinal de ansiedade. Duf e eu estávamos dependendo disso, apesar de tudo. Era divertido mas, também era perigoso. Eu sei, eu sei! Calma Duf, vamos sair dessa.

Fiz então um sinal como que pedindo um minuto. A regra era clara; Duf podia me ajudar, isso fazia parte dos termos, então decidi puxá-lo para perto numa espécie de meio-abraço enquanto me curvava um pouco, forçando-o a abaixar-se junto comigo para que eu pudesse cochichar um pouco.

— Prepare-se, Duf. — As palavras saltaram com certo cuidado. — Se ele acertar, vai acabar me propondo um combate e eu não sei como vai ser, mas o que sei é que esse ouro precisa sair daqui. Você acha que consegue tirá-lo daqui se isso acontecer? — Cochichei, no entanto, fiz um sinal para que Duf não me respondesse com palavras. Bastava um sim ou não com a cabeça. E...bem, não havia muito o que decidir; aquela era nossa única chance afinal.

— Certo! — Num súbito levantei, voltando a fitar o Guardião com um olhar travesso e um sorriso desinibido. — Aqui vai a minha charada; — Dono de um certo suspense, apontei para o guardião por alguns segundos até que as palavras voltassem a sair da minha boca.— Um pau de doze galhos, cada galho tem seu ninho, cada ninho tem seu ovo, cada ovo um passarinho. O que é? — Concluí.

Aproveitei o momento para colocar o meu plano em prática, independente de eventos externos. A ideia era me concentrar, aproveitando aquele gás que a poção do Duf me deu, tentaria encontrar vestígios das assinaturas de energia do Guardião, qualquer coisa. Eu precisava me conectar com ele, entendê-lo melhor, compreender o que o faz ser tão... enigmático? Aquela era minha única oportunidade.

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Mensagem por Knock Ter Out 25, 2016 12:58 pm

Acabou que não eram só dois hellhounds, eram cinco. Três correram para cima de mim, tomando a frente do ataque com agressividade, mas a minha estratégia deu certo. Os ataques foram mais articulados do que havia previsto somente com dois, mas consegui passar por eles com muita atenção ao tempo e esforço.

Havia passado pelos três e dois apareciam perante mim não muito distantes, eu julgava que não poderia diminuir a velocidade novamente já que havia três cães malditos atrás de mim, os quais não parariam de tentar me pegar somente porque havia passado por eles, então eu não poderia utilizar facilmente da minha estratégia inicial, por isso não a usaria.

Vax se segurava aos movimentos e eu não o sentia me atrapalhando, mesmo sentindo os dois.

Pensei em manter a velocidade, mas eu via que não era isso o que eu precisava fazer naquele momento e como eu queria evitar embates pelo menos antes do que eu julgava necessário (pode me chamar de procrastinador ahauhau), me transformei em um Hellhound, o qual eu não sabia quais atributos poderia me fazer usufruir, mas talvez pudesse confundir os cães com alguma situação.

Eu já havia visto vários tipos desses cães, uns com capacidades de se comunicar telepaticamente, como foi o caso do primeiro a perecer nas minhas mãos. Esses pareciam ser somente fortes, então como força não faria diferença, tentei me transformar na mesma “espécie” do primeiro que matei no intuito de exercer alguma função caso existisse uma hierarquia, como eu pensava que poderia existir.

Era uma aposta. Caso desse certo, eu pretendia passar por eles com uma certa autoridade, caso não desse, eu teria de voltar ao normal e tecer um embate para distrair enquanto eu visse um lugar para fugir. Era uma cidade abandonada e enquanto eu corria, varria as áreas com os olhos a fim de encontrar algo que eu pudesse utilizar como arma ou outro lugar para correr. Vax havia dito que qualquer predio grande poderia ter entrada para o subterrâneo, então aquele no final da rua não era necessariamente noss alvo. Caso ficasse eu visse que a situação só tenderia a piorar, eu mudaria todos os planos e estratégias de súbito, mesmo pensando que uma atitude assim poderia atrair mais cães... já que teoricamente estávamos nas áreas deles.

Atrai-los todos de uma vez e esmaga-los nas estruturas da cidade seria muito legal, mas eu não sabia se o contratante e eu teríamos tanto tempo para articular e executar o plano. Mas seguiria assim mesmo, passo a passo adequando as minhas reações às atitudes dos adversários e caso ficasse pior: fugir e procurar rotas alternativas; caso ficasse pior, usar o Aurelio como isca HAUASHAUSHAU zoeira, bem, caso ficasse pior tentar atrair a todos enquanto corro e vou preparando armadilhas ou algo do tipo, além de procurar uma arma ou algo para ser usado como arma.

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Mensagem por NR Sérpico Qua Nov 02, 2016 12:18 pm

36. Cerco fechado

Sean ponderou por um tempo e depois jogou Duf contra a parede. Ao menos foi como Duf pareceu depois de ouvir Sean: encurralado. A boca dele tremeu e abriu sem soltar som. Ele desviou o olhar para o ouro e depois para o guardião e depois para Sean de novo. Ele parecia incerto, mas ao menos manteve o silêncio quando requisitado. Talvez estivesse pronto, sim.

Foco no guardião. O homem de feições duras e comuns apenas esperou, em nada alterado com o Sean de olhar travesso ou mesmo aquele suspense todo. Dada a advinha, o sujeito apenas apertou os olhos por um tempo, como se enxergasse algo à mais na cara de Sean, e então disse, seco:

— A resposta é: Uma árvore bem grande e exótica.

E aí ele ficou quieto por um tempo. Parecia satisfeito. Nem pareceu pensar na resposta, apenas disse aquilo. E seus dedos tamborilaram na lâmina da espada em seu colo. Satisfeitíssimo... com o que viria agora. Perguntou:

— Errei?

Sean pescou que aquele homem era um soldado, do tipo que adora gastar energia em demonstrações vigorosas de força. Ele parecia mais um lorde calmo e diplomático, sim, verdade. Mas escondia uma chama atrás daqueles olhos, uma velha chama querendo ser desencadeada. Ele olhava Sean com uma expectativa contida, as chamas do lado de lá tremeluzindo. Isso, essa chama contida, parecia crescer a cada minuto que Sean ficava na sala.

Como um eterno soldado, ele estava em vigília. Ele não cederia de seu cargo; guardar aquele ouro era o seu propósito, só daria para trás se fosse incapacitado por forças externas. E poderia ser apenas impressão de Sean — ou talvez alguma brincadeira daquele líquido antes ingerido em sua mente jovem —, mas até parecia que o guardião queria isso, queria ser incapacitado e, enfim, deposto de seu cargo.

Os dedos dele tamborilavam no aço. A respiração de Duf parecia travada. O ouro continuou flutuando, indiferente, talvez apenas um pouco menos luminoso. Patas de aranhas se aproximavam dali pelos túneis, muito cautelosamente e lentamente.

***

Quando tentou se transformar, algo aconteceu. Sentiu que não podia... por falta de energia. E além do mais, não teria como disfarçar Vax e Aurélio. Então acabou desacelerando, suas pernas voltando ao normal, assumindo um meio termo amorfo e depois tornando a ser as pernas da montaria que escolhera se transformar. Isso por alguns segundos, um tipo de curto em seu sistema. Tempo suficiente para que as bestas caíssem sobre Ho.

O primeiro encontrão jogou o meio orc alguns metros de lado e Aurélio acabou escapando da pegada de Vax, caindo com um baque seco no chão. Um segundo cão saltou e Vax ergueu as unhas em contragolpe — Ho nem pegou direito o que aconteceu, apenas sentiu Vax saindo de cima de si, rolando num redemoinho confuso com um dos cães.

E então, a mordida. Nas costas, num dos flancos, um palmo do pescoço. A dor abriu passagem pela carne e Ho se remexeu, tentando se livrar. Se livrou. E na sequência outro cão caiu sobre ele, outro encontrão, que lhe atirou no chão. Lhe cercaram, três deles.

Um estava com Vax, e o quinto, bem, Ho não conseguia ver onde ele estava.

Quanto ao ambiente, Tudo que Ho via — além da rua descendo até uma fortaleza carcomida — era um beco à esquerda e um grande salão à direita, um pouco mais a frente, com a janela aberta e estraçalhada.

Ao longe alguns ruídos ecoavam, se aproximando. E a neblina até parecia ficar mais densa. Ruim.

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Mensagem por Hummingbird Qui Nov 03, 2016 3:06 am

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O silêncio perdurou instantes depois da charada feita. Meus olhos a todo instante fixos no guardiao, recaindo sobre ele com uma ideia travessa de que sim ele poderia errar, e que sim, eu tinha chances. Notei a agitação de seus dedos em segurar a espada, senti como se ele realmente esperasse por alguma coisa simplesmente pelo prazer de revida-la, e eu nem sei de dizer se isso foi um traço de intuição ou não, só sei que foi o que eu compreendi.

E entre tantos sinais e achismos, finalmente veio algo que posso chamar de concreto. Ele falou. Rompeu o silêncio e com sua voz firme e eloquente, lançou a resposta.

Duf praticamente engasgado com o próprio nó de ansiedade na garganta. Os passos daquelas aranhas grandonas mais uma vez ecoaram ao fundo do corredor, e por fim, minha risada.

— Hahá! Te peguei! Hahahaha — foi uma risada inocente, não por menosprezar o erro de meu adversario mas sim por me vangloriar de que eu estava certo; foi divertido.  — A resposta certa é... Um ano. Foi uma metáfora entendeu? Meu papai me contou essa quando ajudamos um passarinho caído de um ninho onde haviam mais 6 filhotes, e olha...eu também demorei a entender viu? — expliquei, referindo-me a lembranças minhas enquanto passava a mao direita pelo cabelo, baguncando-o.

— Bem... até que foi divertido né? Ambos erramos, agora como combinado, é a sua vez de propor o seu desafio! Vá em frente grandão! — falei descontraído, até com uma certa intimidade que implica um começo de amizade. Joguei meus braços para traz e os cruzei atrás da nuca como que numa pose despreocupada. Mas então, veio um súbito de lembranca e eu tentei interromper o guardião com uma pergunta!

— Ah! Seu guardião, vi que voce tem bons olhos e também sabe bastante coisa, entao será que você pode nos dizer se consegue ver uma moça bem mau encarada, cicatriz no pescoço, um jeito de que quer vingança e não vai desistir, lá em cima na cidade? — indaguei com um sorriso bobo como que tentando convence-lo de meu pedido mesmo sabendo que era uma coisa bem...digamos inusitada.

Bem, eu não tinha que trata-lo como mau apenas por terem me dito que eu deveria enfrenta-lo. Amigos também travam combates de vez em quando não é?

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Mensagem por NR Sérpico Qui Nov 10, 2016 9:53 pm

37. Pronto?

O homem fez que sim, compreendendo o erro. Parecia calmo e, como antes, satisfeito.

Duf era o oposto nervoso da figura do guardião.

— Ele que vai propor... — disse o pequeno, incapaz de completar, o olho vidrado no guardião. — Já estou me sentindo triste, Sean.

O guardião se ergueu da grande cadeira. A espada, segura em sua canhota, tocou o chão com a ponta num arranhão estridente. Não parecia uma arma afiada, mas pesada. Uma espada longa antiga que poderia ser parte de uma mobília, um artigo de arte na parede de uma casa nobre, mas de aparência letal quando empunhada por aquele homem.

Ele respondeu:

— Não posso ver lá em cima. Só aqui embaixo. Então não sei de que mulher você está falando. Mas se ela descer aqui, ficarei sabendo. E estarei esperando. Muitos desejam vingança, e saem daqui sem desejar mais nada. — Vai ver ele pensou que a vingança da tal mulher era para ele, e não para Sean. — Mas agora, vamos resolver o que já começamos, corvo.  

Ele deu alguns passos até o centro da câmara, ficou ao lado do altar onde o ouro flutuava. Ergueu a espada na direção de Sean. Duf arfou e recuou.

— Vamos correr — disse Duf. A porta atrás deles estava aberta, muito convidativa à uma fuga. — Ele não vai vir atrás. Tem que ficar aqui e proteger essa coisa aí.

Engraçado, esse Duf. No começo parecia muito interessado em trazer Sean para que este enfrentasse o guardião que deixa os outros tristes. Agora parecia amedrontado, completamente dissuadido da missão.

O guardião replicou:

— Verdade. Não irei atrás e a porta será fechada para vocês. Mas se for correr, deve fazer isso agora. Se ficar, encare o meu desafio: julgamento por combate. Se me derrotar em combate significa que deus, Erek Supremo, lhe julgou digno do que eu guardo. Caso contrário, deve perecer.

Sean já estava morto. As palavras finais do guardião só fariam algum sentido se ele, o guardião, fosse capaz de oferecer algum outro tipo de morte. Ele lançou o desafio e agora esperava alguma ação de Sean. Quem sabe até mesmo a iniciativa no combate. Era um tempo que Sean poderia tentar argumentar, verdade. Mas já podia notar que o homem estava pronto, tenso, o joelho esquerdo talvez um pouco flexionado para ele ativar alguma manobra nos instantes seguintes.

— Está pronto?

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Mensagem por Hummingbird Sex Nov 11, 2016 4:57 pm

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— Espera! — alertei, puxando Duf pelo braço meio que tentando interrompê-lo de sua ideia de fuga. Eu sei que ele não fugiria e me deixaria para traz, ou pelo menos penso assim, mas o puxão foi intencional; eu precisava lembrá-lo do plano. — Não podemos ir embora! — falava cochichando, aproximando meu rosto do dele como se o Guardião não pudesse nos ouvir. — Preciso daquele ouro, esqueceu do nosso plano? — insisti.

Depois, sem esperar, voltei a falar em alto e bom som, agora para que o tal guardião também ouvisse.

— Não podemos ir embora assim, não seria justo! Ele aceitou o meu desafio sem hesitar, cumpriu sua palavra. Agora tenho de cumprir a minha... — expliquei, tentando clarear a situação. A verdade é que eu só precisava de tempo, desde o começo eu sabia disso. — E é por isso que estou preocupado seu Guardião. Na verdade, eu não sou o seu verdadeiro oponente. — lancei as palavras como um grande alerta; não ataque ainda!

— A moça de que lhe falei? Agora há pouco? — iniciei, referindo-me a dona Bruxa. — Foi ela que me mandou aqui, então isso faz dela seu verdadeiro oponente. Justamente porque você não pode vê-la, talvez ela só esteja esperando você se distrair comigo para que ela venha roubar o seu ouro! Isso não seria legal... — convidativo, incitei ao Guardião que pensasse nisso. Quero dizer, de fato não era mentira que vim até aqui por influência da dona Bruxa; sozinho eu nunca conseguiria derrotá-la e portanto eu fui coagido a vir até este lugar onde possivelmente encontraria um oponente a altura para ela. No fim tudo se encaixa e eu não precisei mentir, yay!

— Então... eu acho que seria justo realizar o desafio por combate com ela, a sua verdadeira oponente, não concorda Duf? — dei uma cotovelada amigável no amigo avermelhado, tentando tranquilizá-lo diante da situação.


(Considere essa parte abaixo apenas se o Guardião me atacar e cagar pra tudo que eu falei)


Um combate assim? De cara? É, eu não esperava isso. Ainda não tenho habilidade suficiente pra combate, e o seu Guardião deve ser dos bons então eu preciso ganhar tempo para que Duf roube o ouro. A ideia é; tirar a força do Guardião. Eu precisava puxar isso através da energia dele, baseado naquela força, aquela bravura em defender o ouro a qualquer custo... preciso enfraquecê-lo nesse ponto, assim talvez eu tenha mais chances de segura-lo.

Depois, me concentrar; lá se vai minha energia de novo! Precisava estar atento, reflexos à tona! Qualquer chance para esquiva era o que eu usaria como brecha, frequentemente. E puxa, aquela espada parece bem pesada, um acerto pode me quebrar inteiro... melhor manter distância, olhos bem abertos!

Aquela distração toda, evidentemente, serviria de brecha para o amigo Duf que, ganhando aquela mesma energia extraída do Guardião, teria valentia o suficiente para encarar o medo e enfim, pegar o ouro né?

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Mensagem por Knock Sáb Nov 12, 2016 11:13 am

Estava correndo e fui me tranformar, mas deu tudo errado. Perdi velocidade, mas a transformação não se concluiu. Aquilo nunca havia acontecido comigo. Talvez eu estiesse sem energia. Que péssima hora para aquilo acontecer. Recebi o encontrão dos dois cães que vinha da minha frente. Vax estava atento e deu um salto já lutando contra os cães, nisso fui jogado para trás e os cães que eu havia despistado me pegaram. Uma mordida no pescoço, um soco reflexo.

Eu estava cercado e já ouvia mais uivos. Não tinham armas ou locais para os quais eu pudesse correr, não via Aurélio. Teria de dançar.

Me armei com os unhos fechados. Tentaria me transformar novamente. Vi Vax de lado lutando apenas com as garras. Então se não conseguisse, tentaria ao menos fazer garras com chamas no lugar das articulações do carpo para tentar aumentar o dano enquanto golpeava. Se não conseguisse, iria bater com os punhos secos.

O plano era bater até que todos. Uns diriam que não era factível, mas eu não queria apelar para um dos soberanos mesmo que fosse legal” vê-la novamente. Agora o cenário estava tão bonito. Friozinho chato... Eu tinha rasgado a roupa também. Uns cães brabos. “Êta merda” soltei baixinho

Tentei me transformar um cão escroto desses para tentar me misturar ao menos se não conseguisse, tentaria algo rápido para fugir dali com Vax. Se eu não conseguisse, iria para a agressividade pura sem ligar para nada além de ver os cães correndo entre os rabos entre as pernas (embora fosse quase impossíel de ver isso acontecendo, era a minha esperança. Aquele lance que se fala antes de uma batalha e tal eheueh). “Vamo lá que o trabalho mesmo nem começou!”

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Mensagem por NR Sérpico Dom Nov 20, 2016 1:41 am

38. Punhos molhados

Conseguiu uma garra, e com ela rasgou a fuça do primeiro cão que caiu sobre si. Sentiu dentes em sua panturrilha esquerda enquanto seu punho descia sobre a cabeça de um terceiro animal. Houve um encontrão em suas costas com intuito de jogá-lo no chão novamente, mas Ho pisou firme, girou, dançou. Soltaram a panturrilha e pegaram o braço direito, ele chutou um, agarrou o outro, girou e o arremessou. Vultos se movendo ao redor. Talvez fosse hora de se desesperar, mas Ho apenas continuou de pé, socando, rasgando com a única garra, tentando ser mortal a cada golpe enquanto recebia mordidas e rasgos. Já sangrava em seis lugares diferentes e ofegava, mas o frio da cidade balanceava as coisas em seu corpo já na febre da guerra. Em algum momento caiu e sentiu o peso de dois deles em suas costas. Agora já enfrentava mais do que meia dúzia, e pelo canto do olho tinha a vaga impressão de que Vax estava na mesma situação. Se ergueu, caiu outra vez. Sentia dor e ódio, estava banhado em sangue e saliva de cão, sua roupa era frangalhos, o chão sob seus pés era uma paçoca úmida e escorregadia, terra e sangue e suor. Torceu o pescoço de um, arrebentou com a coluna de outro. Mais vultos ao redor. Catou um menor, rugiu e girou com ele, lhe usando de arma. Varreu ao menos cinco cães com esse movimento e aí outros cinco já tomaram seus lugares. Seus punhos estavam molhados, um deles mordido e com os dedos tortos. Sangue escorria de um ferimento na testa para dentro de um de seus olhos. Estava rodeado pela neblina, quase não enxergava além de dois metros. Era só uma questão de tempo.

Então, asas. E fogo.

Ho sentiu o calor muito depois de ver as chamas. Elas acertaram o chão a sua frente, queimando uma horda de bestas ocultas na neblina, e continuaram numa carreira reta. Ho se jogou de lado e as chamas passaram rente, ardendo a rua, fazendo a sujeira do solo estalar. Depois veio o vento — foi um voo rasante — e a neblina perdeu densidade.

O ambiente se revelou outra vez: havia ao menos 30 cães ali. Metade disso estava no chão, inerte pelos golpes de Ho ou então ganindo alto com chamas sobre seus corpos.

Ho olhou para o alto e reconheceu o dragão. Sim, era o mesmo que levara Sean. Ele parecia fazer um círculo no alto, para voltar e descer em outro rasante contra a rua cheia de cães. Ho não conseguiu precisar se tinha alguém montado nele, se Sean estava lá no alto, entre as asas do bicho. Mas teve a vaga impressão de escutar um chamado, não o seu nome, mas um simples...

— Por aqui. — Como se a voz falasse em sua cabeça.

A direção, era rua abaixo — o caminho que ele já vinha seguindo antes. E, de alguma forma, sabia que teria de virar na segunda a direita até achar uma... fortaleza ou algo do tipo. O chamado vinha de lá.

O dragão criou uma distração que permitiria à Ho sair correndo agora, agora mesmo. Talvez conseguisse deixar os cães para trás. Mas aí teria de deixar Aurélio e Vax também — pois não haveria tempo de ir socorrê-los e depois correr dos cães. Se transformar num deles também parecia impossível — Ho não se sentia capaz de tal façanha. Teria de escolher rapidamente o que fazer a seguir. Mais uma rodada de dança com os inimigos poderia ser ruim, dependendo da estratégia. Mesmo com um dragão aparentemente lutando ao seu lado, os cães ainda viam Ho como alvo principal.

***

Duf fez que sim.

— É verdade — disse, como se falar fosse difícil. — É verdade, ela é o verdadeiro oponente. — No final olhou para Sean não com uma ponta, mas sim uma grande lacuna de dúvida. — É, ela, é. Ahn... É. Concordo.

O guardião ficou um tempo em silêncio, como se avaliasse a questão com calma. Disse de forma imparcial, sem demonstrar se acreditava ou não no que Sean contava:

— Então cadê ela? — a espada ainda estava pronta, talvez seus músculos ainda estivessem considerando algum movimento rápido, uma reação explosiva escondida atrás daq1uela calma de pedra. Com a voz mais dura, acrescentou: — O que ganha com isso, corvo? Hm? Servindo à essa tal mulher?

Duf, antes, tinha negociado o silício com Sean. A barganha envolvia enfrentar o tal guardião. Agora Dufreine parecia ou esquecido disso tudo, ou simplesmente já era muito amigo de Sean e não o queria ver lutando com aquele homem. Ou então ele estava com medo por si mesmo, por estar junto de Sean na sala. Uma coisa era certa: ele começou a recuar para ir embora.

— Vá, corvo — disse o guardião, não se importando realmente com a resposta para sua pergunta de antes —, e chame sua mestra. Estarei aqui, esperando quem quiser ter o que guardo. Quanto a você, nunca mais volte.

Sean, ainda com os sentidos avantajados, teve a impressão de ouvir ganidos altos. Pareciam cachorros com dores mortais. Talvez a bruxa estivesse dentro da cidade agora e aí seria só uma questão e tempo para... para o quê? Será que ela poderia rastreá-lo até ali? Ou melhor: o que será que ela queria exatamente? Sean ou ouro?

O guardião ainda mantinha a postura, como que aguardando alguma armação por parte do garoto. Sean tinha permissão para ir ou então ficar e lutar. Nada foi dito sobre ficar de boa no canto esperando a bruxa descer.

— Vá — reiterou o homem. Uma ordem.

Duf já estava dois passos para trás, no arco da porta. Só esperava por Sean.

***

Arkin acordou sentindo-se exatamente como que desperto de um sonho ruim: paralisado. Estava num lugar escuro, parecia flutuar em águas densas e pegajosas. Não conseguia se mover, nem mesmo a cabeça, mas com o canto do olho tinha a vaga impressão de que havia outras pessoas ao seu lado, na mesma posição, flutuando. Se tentasse falar alguma coisa, descobriria ser incapaz, a boca não abrindo, a garganta parecendo entorpecida.

Mas enxergava. Naquele local escuro, havia como que uma janela aberta à sua frente e através dela ele enxergava uma cidade em movimento. Uma cidade velha e coberta de neblina. Ela subia e descia, como se estivesse no meio de um terremoto. E a visão ia se aproximando e se aproximando até a cidade estar perta o bastante para se ver um portão.

— Me deixe entrar.

Era a voz de uma mulher. Mas Arkin não via, através da janela, nenhuma mulher. Não sabia de onde viera o som, apesar de parecer extremamente perto, íntimo.

— Pague o tributo.

Essa outra voz era ríspida e distante, sussurrante, e vinha do lado de lá do portão. Aos poucos, Arkin foi capaz de enxergar uma criatura nas grades enferrujadas, um porteiro. Estava oculto em mantos negros e tornou a dizer.

— Pague o tributo.

Arkin sentiu um movimento. Era como se as águas onde flutuava se moldassem ao seu redor. Viu pelo canto do olho que as pessoas que estavam à sua direita sumiram, como que de repente submergidas. Ainda não podia se mover nem falar.

Então, só assistiu.

Houve um som, como que uma grande bolha inchando e depois estourando e a visão pela janela mostrou o solo e três pessoas caídas nele. Inconscientes e nuas. Não sabia de onde poderia conhecê-las, mas sentia que não era a primeira vez que via aquelas pessoas. Pareciam debilitadas, como que há dias sem comer, clavículas e costelas acentuadas.

— Aqui está o seu tributo, agora abra o portão. — disse a mulher e o portão se abriu.

O porteiro saldou:

— Bem vinda a Carcosa.

O portão rugiu, abrindo, e Arkin pôde sentir o cheiro forte de ferro oxidado. A visão tornou a tremer conforme avançava para dentro da cidade e então o meio demônio entendeu que não era a cidade tremendo, mas sim ele andando. De uma forma que ainda não entendia, estava dentro de alguém. Dentro de uma mulher.

Então, agora, percebeu que podia falar.

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Mensagem por Knock Dom Nov 20, 2016 12:04 pm

“Por aqui”

A voz falou breve na minha mente... não me importei com tom, quem havia falado, com a idade, se era algum fantasma daquela cidade em ruínas... Só corri para onde eu me sentia instigado a ir. Fui o mais rápido que pude.

Eu sangrava e estava coberto pelo sangue dos cães contra os quais lutara. Foram tantos que mal consigo dizer, mas não foram tantos quanto um mar, porém mesmo assim, chegou ao ponto de eu me sentir afogar rodeado por mordidas, encontrões e vultos.

O máximo que eu conseguira transformar fora um dedo em uma garra, mas era o que tinha, então levantaria as mãos a Zalthar esquecido e tentaria adiar um pouco mais meu destino com a senhora que estava esperando depois da antessala. Cortei um, soquei vários, recebi mordidas, encontrões. Ficava ali no mesmo lugar batendo o que dava, reagindo ao que podia; do jeito que fora treinado ou do jeito que era guiado por instintos.

Entretanto eles não paravam de vir, os números pareciam tão densos quanto aquela neblina. Eu já nem sentia os ossos doerem de tanto me movimentar e do tanto que o meu sangue e o sangue dos outros banhavam minha pele. Na verdade eu nem sabia que ainda sagraria tanto, mas lógico que não pensei nisso naquela hora.

Continuei batendo e nem pensava mais até que cai de alguma forma e senti uns dois cães maus nas minhas costas. Olhei ao longe Vax em situação semelhante e isso me fez levantar. Percebi uma das mãos quebradas de tanto bater. Sorri. Peguei um cão pequeno e bati em outros com ele, mas ao ver que mais vinham, me enfurecia mais. Tentava não me precipitar para não morrer de forma boba. Mas eu não tinha energia nem para me curar.

Urros de ódio. Urros de ódio àquela velha. Urros de ódio contra aquela sombra da estrada. Eu avançava e batia, era mordido, era atacado. Eu nem sentia mais os danos. Sentia somente o fervor da dança com aquelas putas feias. Acho que aquele menino sorriria com o fato de ter uma dança daquelas após ter morrido, mas para mim é como Vax havia dito: Lute por sua vida. Era o que eu estava fazendo, mas sentia como se o fim da tentativa estivesse chegando.

Mas dessa vez a senhora morte ainda não me receberia nos aposentos dela. De repente me senti com frio como se estivesse no interior de um monstro estivera uma vez em uma certa mina. Era frio e incomodo, mas de repente: LUZ.

A luz vinha de algo que tinha asas que, mesmo não sendo, era como se fosse um anjo. Me joguei para o lado sentindo o calor da luz. Era fogo. Era dragão. Meu olho coberto de sangue não me deixara ver quem guiava o ser que reconheci depois de algum esforço. Eu só havia pedido um dente, mas ele trouxera todo o dragão HAHA. Achava que a própria morte não queria me conhecer.

Senti o vento das batidas das asas e voos rasantes. Então ouvi a voz. Teria de deixar Vax; Aurélio já havia sumido da minha vista há tempos. Nem lembro de ter pensado. Só corri. Nem me preocupei por ser facilmente encontrado com todo aquele sangue em mim. Só corri para onde a voz “apontava”. Eu não poderia ficar para lutar. Só não poderia. Corri mesmo sem esperar muita salvação.


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Mensagem por Hummingbird Dom Nov 20, 2016 12:31 pm

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Finalmente pude relaxar os ombros ao ouvir o Guardião concordar comigo. Em seguida um suspiro. Eu estava aliviado, entende? Aquela situação toda era muito complicada, e apesar de sua complacência, eu ainda me sentia um pouco desconfortável de ser considerado um alvo. Quero dizer, eu realmente não entendo. Se já estamos mortos, por que ele se apega tanto a esse ouro? Ele precisa mesmo passar a eternidade aqui tentando defender uma peça dessas? Peça essa, que por sinal, eu estou me arriscando em conquistar sem nem saber o real motivo. Tudo que sei é que alguém me disse que precisava dela. Assim como mamãe disse que precisava do Silício, assim como Duf disse que precisava que eu enfrentasse o Guardião. Todos precisam de alguma coisa não é?

Mas e eu?

— Ela está lá em cima, entrando na cidade... — Respondi ao Guardião, fitando-o nos olhos. Encarei-o profundamente como que encorajado a intimida-lo. — Quer saber? Eu fiz tudo isso por que me disseram que eu tinha que fazer.. e no fim o que eu ganho com isso? Todos me prometeram tanta coisa, me prometeram até que eu voltaria à vida, e ainda assim estou aqui arriscando a minha própria vida pelo seu ouro. Será que é isso mesmo que eu quero? — As palavras simplesmente saíram como se nem fossem mesmo minhas. Mas eram, eu sei disso. Eu só não compreendo porque eu não conseguia contê-las, porque eu estava me sentindo tão enfurecido mesmo sem saber o motivo. Essa era uma sensação terrível que eu não conseguia controlar. Dei um passo a frente, firme.

— Você tem razão! Talvez eu deveria ir embora mesmo! Mas ao menos eu estaria fazendo a minha escolha não é? — Bradei, mas sem hesitar, engatei uma segunda disparada de palavras que mais saiam como flechas alvejando um alvo; — E você? O que ganha passando a sua eternidade aqui? Confrontando desconhecidos tudo para defender um pedaço de ouro que alguém sussurrou, ou que alguma coisa te instigou a proteger? Seja verdadeiro comigo, Guardião! Por quê você ainda está aqui?! Onde está o seu direito de escolher o que realmente quer?! — Terminei com o peito arfando, ofegante. Eu sei que não deveria ter feito isso, e talvez se eu olhasse para o lado agora, o amigo Duf provavelmente nem estaria mais lá. Eu entendo a sua preocupação, talvez ele só não me quisesse ver triste. Mas sabe do que mais? Eu já estou triste! Estou triste porque desde que eu MORRI, todos querem que eu faça alguma coisa, mas ninguém está preocupado com o que eu realmente quero. Eu não deveria ter a oportunidade de escolher? Quero dizer, eu já estou mesmo morto, e isso tudo tem me deixado confuso, enfurecido, inquieto. Ainda mais agora, quando estou diante de alguém tão forte e com uma espada enorme dessas, mas que continua na mesma situação que eu!

— Nós podemos sair daqui! Leve seu ouro, eu não tenho interesse nele, mas venha comigo! Me ajude a encontrar o meu caminho e eu ajudarei a encontrar o seu! — Insisti, dono de um olhar persistente e com algumas lágrimas que insistiam em cair mas permaneciam ali, intactas.

O que eu quero? Eu quero a minha vida de volta. Eu quero o Ifrit de volta.

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Mensagem por Praquenome Ter Nov 29, 2016 8:23 am

(OFF: Desculpa a demora na postagem.  Não vai mais acontecer. ON)

Abri meus olhos. Minha cabeça doía como se eu tivesse escorregando a maior montanha do mundo com ela. E na minha boca, que horror! Parecia que um cavalo tinha cagado nela e um mendigo com séculos sem banho tinha me beijado. Minha primeira reação foi se cuspir mas..  Minha boca não se mexia..  não, não só ela. Percebia que eu todo estava paralisado. Eu estava flutuando numa água, se é que era água, densa enquanto minha visão ficava focada num ponto de luz que mais parecia uma janela divina em meio àquela escuridão.


Como eu tinha ido parar ali? Tentei me lembrar, forcei a mente a trabalhar nisso só para sentir uma pontada de dor aguda no meio da minha mente. Porém uma rápida imagem surgiu na minha cabeça. A de uma taberna em chamas no meio da noite. Não sei de onde ela era, mas me parecia estranhamente familiar. E antes que eu pudesse questionar mais a minha situação com aquele gosto horrível na boca e uma dor de cabeça gigante, a janela de luz começou a se aproximar e eu consegui ver com mais nitidez. Não sei se era apenas minha impressão, mas parecia que tinha mais alguém do meu lado, flutuando em meio àquele desconhecido. E põe desconhecido nisso.

A visão que eu tinha era de uma cidade, bem antiga por sinal. Ahhh, que merda de dor de cabeça, realmente não dá pra prestar atenção em nada sem sentir uma pontada. Algumas coisas contudo, eram praticamente lançadas na minha cara, como a voz de uma mulher extremamente perto de mim, a visão de um porteiro vestido em trapos e.. o"tributo". Três cadáveres que eu conhecia, mas não sabia de onde, igual a taverna. Sinceramente...  pra que três mortos só pra entrar numa cidade? Nem Tarakas faz isso, pelo menos ainda não.  O porteiro abria a porta e eu começava a me movimentar. Não, eu ainda estava paralisado.  Eu estava.. dentro da mulher?? Não, eu estou sonhado..  com certeza me deram umas ervas, sim mas...  Se o olho dela era a janela, então esse rio era..  sangue?!! - Que porra é essa??!- falei tão instintivamente que eu precisei de dois segundos pra perceber que eu conseguia falar. E então comecei a cuspir.. merda de gosto, o que eu comi pra estar com esse gosto na boca??!

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Mensagem por NR Sérpico Qua Nov 30, 2016 10:36 pm

39. Sem caminho

O guardião relaxou um pouco na postura, mas suas palavras foram afiadas:

— Escolher é ilusão, corvo. Não temos escolha, temos apenas um propósito que deve ser seguido. O meu é guardar esta peça, esse item poderoso e antigo. Fora isso não há mais nada para mim.

Não havia ironia, remorso, amargura. Era o tom de quem acredita.

A próxima replica foi assim:

— Não posso te ajudar a achar o seu propósito, o seu caminho. Ninguém pode. O meu caminho está bem definido, aqui mesmo, nessa sala, com essa espada em mãos. O seu, não existe mais. Você está em um lugar de mortos, não há mais caminhos à serem encontrados. E isso pode ser desesperador. E somente nesse sentido eu posso lhe ajudar, corvo. — Ele ergueu um pouco a espada. — Posso lhe dar descanso e você, então, não precisará mais procurar um caminho.

Sean piscou, o guardião saltou, a espada desceu, Duf tirou Sean da trajetória no último instante, a lâmina cortou alguma coisa, Sean caiu e olhou, Duf estava meio inclinado e paralisado, não sangrava, mas caiu de joelhos com a boca meio aberta e piscando. Parecia horrorizado.

Um dos gumes da espada brilhou de leve e o guardião a moveu novamente, atingindo Duf uma segunda vez, só que agora com o lado do gume que não brilhava. Preciso, abriu um sorriso na garganta do pequeno ciclope, o sangue saiu em um esguicho e Duf caiu de cara no piso, em meio uma tosse interna.

O brilho de um dos gumes sumiu, no outro, agora, havia um pequeno fio de sangue de Dufreine.

O homem se voltou contra Sean. Agora estava entre o menino e a saída.

Contra outro oponente e talvez em outra ocasião, Sean pudesse ter sensibilizado um inimigo com seus argumentos. Aquele guardião parecera desejar um final, desejar ser derrotado ou algo do tipo. Mas talvez não por palavras. Então tudo que Sean recebeu de volta foi:

— Você tem uma escolha, corvo. Ficar parado ou não. Mas nas duas opções, depois, você entenderá que na verdade não tinha escolha nenhuma.

Sean podia sentir. O guardião não era maldade, hostilidade. Aquilo não era pessoal. Aquilo era um serviço que precisava ser concluído — era exatamente assim que aquele homem encarava a coisa.

Caminhou na direção de Sean para concluir.

Então parou por um momento, quando o local tremeu um pouco. A origem do tremor vinha da superfície. Sean lembrou de vários prédios e casas desabitadas em meio a neblina, lembrou que tudo parecia velho e acabado e que não seria esquisito começarem a cair de repente, sozinhos de fracos.

Ou então a bruxa estava mais perto do que nunca.

***

— Olá — disse a mulher meio translucida.

Ho ainda recuperava o fôlego, e tentou manter a postura.

— Você veio com o meu filho, Sean, não é?

Era meio difícil captar os traços no rosto transparente dela, mas sim, talvez ela tivesse uma ou outra coisa que lembrasse Sean. Parecia cansada. Não do tipo ofegante, mas do tipo doente.

Estavam dentro de um salão de portão quebrado, por onde Ho entrou, instantes atrás. Na corrida que fizera, sentira o tempo todo que seria pego a qualquer momento, as costas fervilhando de antecipação à um salto de um cão, uma mordida e coisa e tal. Mas não aconteceu e quando viu a brecha no portão, entrou sem pensar duas vezes. Nenhum cão entrou atrás dele e agora ele estava diante de uma mulher fracamente iluminada pela luz de fora.

— Eu sou Lyra. — Ela mal se movia, mãos cruzadas à frente do corpo. Vestia o que deveria ser um vestido cinza. — O dragão lá fora se chama Cyrus. Você...

Ela pareceu pensativa enquanto encarava Ho.

Lá fora, ao longe, bem longe, Ho ainda escutava as asas de Cyrus e os rugidos dos cães. Pareciam bem distantes, como se Ho tivesse se afastado bastante, correndo por várias dezenas de metros — o que talvez tenha sido verdade. Ho simplesmente começou a correr e quando se deu conta já estava ali.

— Você... Meu filho precisa de ajuda. Ele... ele foi atrás de algo, embaixo, no subsolo da cidade. Faz mais de um dia...

Era difícil captar feições, mas no fundo do cansaço doentio era possível ver alguma preocupação genuína. Talvez ela realmente fosse quem dizia ser.

Então ela franziu o rosto para além de Ho, para suas costas.

O meio orc sentiu novamente as costas pinicando de antecipação, seu instinto mais profundo gritando que ele estiva prestes a ser atacado pelas costas.

Tinha alguém ali, na sombra de Ho, furtivo como nunca. Algo iria acontecer em menos de um segundo.

***

Assim que praguejou, a cidade parou de se mover e o campo de visão oscilou rápido para lá e pra cá. Se realmente estava vendo pelos olhos de outra pessoa, então essa pessoa deveria estar olhando para os lados nesse momento, se perguntando quem dissera aquilo. Então ela podia ouvi-lo...

O momento passou. A marcha voltou e Arkin continuou assistindo, agora uma rua de casebres velhos. Escutava rugidos ao longe, como se uma luta entre bestas estivesse comendo solta ali em algum lugar. Mas a mulher caminhava em outra direção. Rápida, parecia deslizar pelo calçamento. Arkin viu neblina, densa neblina, e escutou uivos, latidos.

— Tsc. Animais sem dono — disse a mulher, para ninguém em especial.

Dois cães dobraram a esquina como se soubessem exatamente que ela estava pra passar ali. Avançaram correndo e Arkin viu que eles grandes, cães infernais um pouco menores que cavalos. Feridos, com talhos, rasgões, sangue seco no corpo. Vai ver mortos vivos. Mas corriam como inflados de muita vida e vontade de violência.

Arkin sentiu uma oscilação na água em que se encontrava meio submerso, e lá fora, no mundo real, o ar tremeu, como que quente demais, e avançou contra os cães antes que estes pulassem na mulher. Os cães incendiaram instantaneamente, ganindo e tombando.

A mulher continuou, agora mais rápida. A visão de Arkin era um borrão cinzento com neblina. Mas a visão turva não era só pelo fato da mulher correr rápido. Não, tinha outra coisa. Percebeu que algo fora tirado de si. Era como se ele tivesse queimado energia rápido demais.

Quando melhorou, os olhos ganhando foco novamente na visão do mundo, percebeu que agora estava dentro de uma sala. Não fazia ideia de como chegara ali tão rápido, mas tornou a sentir um certo cansaço — forças deixando seu corpo sem o seu consentimento.

Como se outra pessoa as tivessem usando.

— Lyra! — chamou a mulher. — Eu vim por você! Apareça!

Total silêncio.

E aos poucos Arkin ia recordando de onde conhecia aqueles “tributos”: estavam juntos, eles e Arkin, numa estrada... parecia há muitos e muitos anos, mas não sabia dizer com precisão.... Estavam numa caminhada, logo depois que deixaram o barqueiro.... Estavam indo para um local de... condenação? Lembrava pouco, muito pouco. Seu cérebro parecia mexido, desorganizado.

Mas sim, lembrava agora: a caminhada pela estrada. A marcha. Todos ali eram condenados. Arkin, os tributos e vários outros. Cabeça baixa, pés arrastando, guiados por um ser de asas. Então aconteceu alguma coisa que o tirou de lá.

Estava quase se lembrando, quase...

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[Comum] Considere-se morto - Página 4 Empty Re: [Comum] Considere-se morto

Mensagem por Hummingbird Sex Dez 02, 2016 11:37 pm

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Foi um pouco difícil de acompanhar o que sucedeu. Digo, depois da conversa. Senti o vulto de algo, como um movimento que era pra ter me atingido em cheio, um certo anseio da minha garganta por algo de pontiagudo rasgando-a. E então as mãos de Duf. Pela forma como me apertavam, senti a preocupação e também o alívio no amigo avermelhado depois de me tirar da linha de fogo. E tudo isso num piscar de olhos.

— O-Obri.. — Pensei em agradecer o amigo, mas não tive tempo. Um segundo vulto e pronto, Duf foi movido à força pela mesma grande espada que almejava o meu pescoço segundos atrás. Ouvi o barulho do corte mas até então não acreditava ser real. Eu nem tive tempo de agradecer, entende? Então aquilo me chocou um pouco. Em seguida veio o barulho seco no chão, provindo do corpo inerte de Dufreine.

— Isso é engraçado não é? Ele estava morto, e morreu de novo. — Mas não havia graça nenhuma em meu tom. Quero dizer, eu entendo bem o peso de uma morte. Apesar de tudo eu gostava do amigo Duf, mas ele se foi. E mais uma vez eu estou sozinho. Suspirei. Tinha a estranha sensação de que não havia tempo, aliás, de que eu perdi tempo. A sensação de que minhas palavras, por mais que eu acreditasse nelas, elas não poderiam mudar o curso das coisas. É uma sensação que eu conheço bem e que eu convivi com ela por muito tempo. Mas o Guardião estava certo, afinal não havia escolha, nunca houve. Então o que eu poderia fazer?

— Na verdade, você está errado Guardião. Você acabou de me dar uma escolha! — Sorri, erguendo a mão direita em sua direção. Semicerrei os olhos, concentrando-me em sua presença, em todas as sensações que senti vindo dele desde que entrei nessa sala até o presente momento. Uma única ligação era o suficiente, coisa que venho preparando desde o momento de nossas charadas. Minha intenção agora era a de arrancar a sua força de vontade de uma única vez! Puxar essa convicção que ele acha que tem de que deve lutar, eu precisava acabar com ela e deixá-lo perdido nem que por um breve instante.

— Eu vou encontrar o meu próprio caminho! E vou começar agora, fazendo as minhas próprias escolhas! — Aleguei, desta vez, pronto para um combate. Meus olhos não piscaram sequer uma vez, mantendo o contato com o tal Guardião a todo momento. Eu o estava desafiando, estava conclamando aquilo como um combate! E para a energia supostamente retirada do Guardião? Seria de imediato entregue para Dufreine.

— Você ainda não cumpriu sua parte do trato, seu medroso! Vamos, levanta! — Insistia, tentando encorajá-lo a levantar nem que fosse com aquele resto de energia que lhe dei. Ele precisava pegar o Ouro e precisava fazer isso logo. Enquanto eu, ficaria frente a frente com o guardião. A todo instante, mantinha minha atenção nos movimentos do meu adversário, afinal, eu precisava estar atento para desviar quando fosse necessário e também para investir em algum movimento ofensivo. O que eu conhecia sobre combates? Memórias em mente; quando enfrentei aquele Orc na montanha. Aquela mesma sensação de entusiasmo, sangue quente, pernas prontas para um salto aqui ou ali principalmente quando for investir num movimento de ataque. Talvez eu ainda pudesse arriscar um soco? Não, eu precisava desarmar o Guardião, tirar a espada da mão dele, aproveitar de uma possível oportunidade surpresa entre um desvio e outro para o caso dele avançar primeiro. Do contrário, eu só precisava de uma brecha para investir diretamente e tentar tirar-lhe a espada.

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Mensagem por NR Sérpico Sex Dez 09, 2016 8:02 pm

40. Reencontro

Como eu disse antes, estava fora. Há um tempo. Desde a invasão da bruxa velha através do Ball. Então não vi o momento, aquele momento. Mas, como disse, soube da maioria dessas coisas através de Ho.

E o que aconteceu foi que eles se encontraram de novo. Não. Não em outro sonho compartilhado ou coisa do tipo. Se encontraram mesmo, ali, na masmorra sob a cidade.

Foi assim.

***

O tremor de ainda agora, que por um momento fez o guardião hesitar na marcha contra Sean, era alguém entrando ali com modos menos sutis que o do garoto, quando apenas desceu escadas e passou por uma película no ar, uma redoma. Essa nova pessoa estava ali, agora, sem nenhuma intenção de ser furtiva. E estava com os outros...

O problema daquela Carcosa é que, mesmo depois de toda desgraça e degradação, ela ainda guardava alguns habitantes. Claro que não estou falando dos cachorrinhos meio mortos e com jeito para multiplicação — não, eles são apenas adornos velhos sem dono, como plantas indesejadas que, com o tempo, crescem sozinhas nas entranças de uma fortaleza.

Quando falo de habitantes, estou pensando naqueles ocultos em exílio ou limitados por alguma força maior que eles, que os impedem de seguir adiante. Calculo que existam seis forças consideráveis e meio adormecidas naquela cidade do mal, sendo uma delas da ex-charmosa Lyra. Mas também não era ela a descer até ali — não poderia nem que quisesse.

O que me leva a pensar no tresloucado do Rei de Amarelo.

Antes, mas não muito antes: um grupo de bandoleiros, ou algo próximo à isso, entregaram alguns tributos nas portas de um salão fortificado, onde o Rei fica. Acho que eles ainda estão na cidade em busca de alguma coisa. Os tributos deram salvo conduto a eles, de modo que os cães nem se quer irão farejá-los até o final do dia. Mas eles que se explodam. O fato é que os tributos que entregaram deram mais pujança do que o normal ao Rei. Óbvio que a causa dessa força além das expectativas vinha do fato de não serem simples tributos, mas sim algo melhor — “almas imortais”, diria um membro da Antessala da Morte... Então o Rei estava pronto outra vez, seus poderes de volta, babando pela revanche tão aguardada contra aquele que guarda o ouro mítico.

É que, suspeito, o Rei não é muito diferente de qualquer outro louco com poder: quer mais poder.

Mas antes de descer lá, ele aproveitou para pegar outra das almas imortais, recém entrada na cidade...

Foi a presença que Ho sentiu, em meio a conversa que tinha com a mãe de Sean. E também foi a única coisa que sentiu, depois ficou tudo preto.

Então a cena de quando Sean reagiu foi assim: o guardião avançou, subitamente detido, um instante mínimo antes de se mover depressa com aquela espada. Foi detido pela habilidade de Sean, que decidiu não haver melhor momento para usá-la. O alvo estava próximo e numa aparente adrenalina pela execução que tinha por fazer. Então, é, foi o melhor momento.

Duf ainda gorgolejava no chão quando o globo de energia sugado do guardião foi disparado contra ele. O pobre coitado pareceu não estar entendendo se deveria morrer ou viver. Se ouviu os incentivos de Sean, não demonstrou.

Ao mesmo tempo que Sean direcionou as emoções do guardião, teve de deslizar para o lado, meio para trás, caso contrário teria o topo da cabeça arranca. A lâmina passou perto, mesmo o guardião estando mais lento e abatido. E além do vento da lâmina em seus olhos, Sean teve uma breve e estranha vontade de deitar e desistir.

Deitar e desistir, como se... nada daquilo valesse a pena. Estranho.

O momento passou um segundo depois, como um peido indesejado soprado por um vento. Sean se equilibrou e assistiu o guardião observar a si mesmo, tentando entender o que acontecia, talvez tentando entender o que estava fazendo e porquê.

Ele pareceu prestes a largar a espada.

Mas então Sollrac entrou na sala.

Depois Bones entrou.

A sala pareceu ficar apertada.

E definitivamente ficou quando Ho passou pelo arco.

Mas não era ele o último da fila: veio um homem alto, magro, magro demais, raquítico, a face chupada, cabelos brancos esfiapados caindo de cima das orelhas, o topo da testa reluzindo como a mais perfeita das carecas. Reluzindo o brilho do ouro, que piscou, vivo. Ele, o velho sinistro, vestia amarelo, trapos, mantos enrolados, traçados pelo ombro, circulando a cintura, caindo pelas pernas, como um lorde de férias num local paradisíaco. O lado direito do seu corpo era visível, as costelas proeminentes na pele branca que nem cal.

E ele sorriu um sorriso de cinco dentes.

— A porta estava aberta... — disse, como que se justificando. Sua voz era fina e ele parecia fazer um esforço extra para que ela saísse bem alto, saindo, também, meio esganiçada, meio falsa, como ator de teatro. — ... então decidi entrar.

O guardião, que ia largar a espada, não largou. Se virou, dando as costas para Sean, mantendo a guarda para os novos visitantes.

Duf ainda respirava ofegante no chão, começou a se mover, com medo da própria garganta, como se ela ainda estivesse cortada. Ninguém pareceu se preocupar com ele, que estava perfeitamente ao alcance de Bones. Aí rapidamente se arrastou para um dos lados da sala, olhando tudo sem entender. No movimento que fez, como que uma brincadeira sem graça por parte do destino, algo escorregou do seu bolso e ficou no chão entre ele e Sollrac — o visitante, agora, mais próximo dele

Ah. Era um recipiente pequeno de vidro com silício dentro. Mas ninguém pareceu notar.

— Você... — disse o guardião, mas não havia firmeza em sua voz.

— Voltei para pegar o ouro! — guinchou o velho de amarelo. — Voltei para realizar minha vingança! E vou adorar cada momento! E voltei para...

Ele percebeu Sean e se interrompeu.  

— Quantos vocês são, afinal? — perguntou, com um meio sorriso de surpresa, olhos arregalados, como quem vê um prêmio grande demais logo a frente. — Vamos fazer assim: Meio dragão, pegue o ouro no altar. Tem que ser você, pois você é bom, embora se ache neutro. Ghoul, termine com esse homem. Ele já parece fraco. E meio orc, traga o menino até mim.

Os três deram um passo.

Ho estava lá. Estava em algum limbo profundo, mas estava lá. Via através dos olhos, mas não controlava as ações. Aquele velho de amarelo o rendera de surpresa e, utilizando-se de alguma magia vil, tomou posse de seu corpo. De novo. Ho sofrera isso uma vez, diante de uma simbiose amorfa, ainda no mundo dos vivos. E agora outra vez a mesma coisa, só que nas mãos de um mago. Deu mais um passo, encarando Sean, mal controlando as feições do rosto.  

Para Sean, era um rosto com ódio. Como se Ho sofresse de uma dor que só pudesse ser curada através da conclusão da ordem do velho: traga o menino até mim. Mesma coisa com Soll e Bones: caminhavam para a tarefa comandada como se só isso existisse.

Como se não houvesse escolha.

Sollrac deu alguns passos, um desses resvalando de leve no vidro com silício esquecido no chão. Mas o recipiente permaneceu intacto.

Já as órbitas vazias de Bones estavam voltadas para o guardião, que sopesou a espada e aceitou o desafio, esperando apena mais um passo de Bones para que a envergadura de seu golpe dê início ao combate. Ele se moveu um pouco, como a ficar mais perto do altar e também ter uma chance de varrer Sollrac com o mesmo golpe.

Duf arfava, com uma mão na garganta.

Ho, no início, não sentia nada. Agora sentia calor. Algo interno, pois o ambiente era ameno. Febre. No peito. Então arfou e passou a controlar o rosto, as feições. E também descobriu que podia falar. Estava desperto, então.

Mas não totalmente: ainda caminhava na direção de Sean, para trazê-lo até aquele que lhe controlava.

Este permaneceu no arco da porta, aguardando a resolução — se possível rápida — daquele caso. O peito estufado, observando tudo por cima do nariz, queixo apontado, postura dura, imponente. Parecia até um maldito rei.

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Mensagem por Hummingbird Sáb Dez 10, 2016 1:38 am

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Carambolas! Pensei que eles nunca fossem chegar! Mas...espera aí...

Bem, não é surpresa que eles estejam todos um pouco mau humorados afinal já estamos aqui há muito tempo e esse lugar meio que mexe com a nossa cabeça. Agora há pouco por exemplo, um pouco antes do guardião fraquejar e de sua espada falhar em me atingir de novo, senti uma estranha sensação de que aquilo tudo nem valia tanto a pena. Ah, eu bem que podia deitar ali no chão e descansar né? Pra quê esse fardo todo? Mas aí eu pisquei e isso foi embora. Estranho não?

Bom, ao menos o meu plano meio que deu certo. Consegui tirar a energia do Guardião e, tudo foi tão rápido que eu nem sei como mirei tão certo em Dufreine pra lhe dar aquela mesma energia. Eu nunca fiz isso tão rápido assim antes, será que foi culpa da poção? Eu estava mesmo me sentindo mais entusiasmado que o normal e, puxa, é mesmo! Todos voltaram! Que vontade de correr e abraça-los, perguntar como estão... mas aí eu vi as caras mau humoradas, um jeito de que não queriam conversa. Caramba, morrer fez mal pra eles mesmo. Eu só não esperava que justo ele, o grandão Ho, fosse ficar tão mal assim. Quando ele chegou perto de mim e me encarou foi como se eu visse uma coisa muito ruim no lugar do seu rosto. E a sensação que eu tive foi bem mais a fundo, uma sensação que eu conhecia bem; era ódio. De onde eu o conheço? A primeira vez que conheci Ifrit, que eu o vi. Foi algo bem parecido, mas muito mais pesado. Então eu meio que...me acostumei, sabe?

— Eu nem vou perguntar quem é o amarelo sem dente. Amigo ele não é. — Falei meio que entortando a boca, insatisfeito. Então meus olhos saltaram ao redor do ambiente bem rápido, caçando detalhes. Vi o Silício. Vi Dufreine num canto e ninguém parecia ligar pra ele. Entretanto o amigo Duf nem parecia me ouvir, será que valia a pena? Valia a pena? Ah! Sem essa! Que droga de pensamento é esse? Depois de tudo? Não não!

— Essa é a minha escolha! — Contrariei meus pensamentos assumindo uma postura mais firme. Eu não tinha motivos para temer o amigo Ho, talvez ele só estivesse fraco, igual aconteceu lá na montanha quando aquela gosma pegou ele. E foi justamente isso que me deu uma ideia. Pensei rápido; eu estava estranho não? Desde que tomei aquela poção? Fechei os olhos, não resistiria caso o grandão Ho viesse me pegar, então aproveitaria o momento para me concentrar. Concentrei. Meu pensamento foi longe, bem mais longe do que o normal, sentindo coisas que mesmo antes eu não era capaz de perceber nem com a minha habilidade em uso. E eu queria ir mais além, além das memórias... queria ir até ele.

— Chame... — Minha mente pregava peças. Aquela era a minha voz, sussurrando, mas não era eu.

— Acredite — Instigou.

— É tão difícil. Estou com essa sensação de que não deveria, de que vou me machucar se chamá-lo. Eu acho que estou com medo... — Aleguei mentalmente, ainda mantendo a conexão com aquele algo além. Na verdade, aquela mesma sensação de que falei, parecia me puxar para dentro de um vazio sem fim. À deriva, entende? E isso me trazia medo.

— Pensei que você fosse grandinho o suficiente para tomar suas próprias decisões e, quem sabe, arcar com o peso das consequências. Talvez eu tenha...me enganado. — Sussurrou, intrigante. Mas era um sussurro confortante, hmm?

— Essa coisa de gente grande é muito complicado. Eu não entendo e isso me faz me sentir bem menor e fraco e...

— Impotente? — Interrompeu. — Não seja tolo, pequeno corvo. A sua inocência é o que me fortalece, então quem disse que você precisa lidar com isso? — Seus argumentos realmente iam muito além do que eu podia contrariar. Aquilo me fez sorrir, eu juro que fez! Uma boa gargalhada, aliás.

E então o silêncio.

— Eu senti sua falta... Ifrit. — No meio daquele oceano de escuridão, eu pude vê-lo. Seus olhos vermelhos como brasa e seu sorriso maledicente que sempre me fazia sentir uma baita dor de cabeça. E vou confessar? Até disso eu senti falta. E talvez seja justamente através disso que eu consiga trazê-lo até mim. Ei, afinal, nós somos um só não somos? Então eu acredito em você. E vamos sair daqui juntos de novo, eu prometo! Mas você precisa me ajudar, precisamos dar um jeito nesse tal de amarelo, hmm? Tirar a energia vital dele, você é melhor nisso do que eu afinal..

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[Comum] Considere-se morto - Página 4 Empty Re: [Comum] Considere-se morto

Mensagem por NR Sérpico Seg Dez 19, 2016 3:02 pm

41. Não mais separados

— Cuidado, ghoul — disse o velho de amarelo, como um treinador observando os movimentos de seu aluno. — Um dos gumes pode cortar sua alma podre.

Se Bones escutou, não deu mostras: saltou pra cima do guardião, que girou a espada, um corte seco, que fez Bones cair de lado, meio ajoelhado, à um passo do alcance de um segundo golpe, que vinha contra seu peito. Bones ergueu as mãos num bloqueio e dessa vez ouve o ranger da lâmina se chocando com algo, com ossos. Bones voo pra trás, as mãos decepadas. Se ergueu rápido, sem fazer som. Mas parecia meio hesitante, de modo que o guardião tomou a iniciativa nessa rodada, com a espada em riste. A lâmina desceu brilhando contra o ombro de Bones e, novamente, não aconteceu som ou aparente choque. O ghoul caiu de joelhos, o guardião estava pronto para o golpe de minerva. Mas parou, pois Sollrac estava com as mãos naquilo que deveria ser guardado.

Quando o meio dragão tocou no Triangulli, guinchou como se recebesse uma carga elétrica, mas não soltou a peça — permaneceu firme, dentes trincados, olhos quase fechados. O ouro brilhou fortemente na sala, um brilho opressor, parecia um pedaço do sol, depois murchou em toda sua glória, reassumindo a luz aceitável de antes. Sollrac o tirou de cima do altar, com as duas mãos, veias saltadas nas mãos, braços, testa. A coisa pareceu que não viria, como se estivesse conectada à um ímã invisível. Aí se soltou de repente quase derrubando Sollrac para trás.

Na sequência a espada do guardião voo contra o rosto de Sollrac, que se abaixou, segurou o ouro com uma mão e devolveu, com a outra, o inferno na forma de bola de fogo, contra a barriga do homem. O guardião passou pela sala, voando de uma ponta a outra, impelido pela habilidade de Sollrac.

— Traga pra mim — disse o Rei. Não ficou claro se era para Ho ou Sollrac. Provavelmente para os dois.

E sobre Sean, ficou assim: as duas mãos de Ho se fecharam ao redor do corpo do menino, um pouco além de um aperto doloroso. A respiração quente de Ho raspou no rosto de Sean. Desconfortável como estava, com a sala brilhando e depois com chamas voando, ele fez o que pôde para se concentrar, para se comunicar.

Decepcionante. Ele recorrer a Ifrit daquele jeito... Você simplesmente não pede ajuda para alguém que te matou. Será que Sean se entregara à insanidade, assim, tão jovem? Talvez merecesse aquele demônio, afinal. Hm. Estavam unidos de novo. Isso se de fato estiveram separados alguma vez.

A sala ficou um pouco menor. Ifrit surgiu nas mãos de Ho, que teve de apertar mais a pegada, sem hesitar, sem mudar a face de ódio.

— Algo antigo e macabro — disse o Rei. Ele gemeu, como se sentisse a intromissão de Sean/Ifrit. Os lábios se repuxaram para trás mostrando os dentes numa fúria repentina: — Não mesmo filho do mal, não mesmo!

Bones tombou de repente, como se quisesse tirar um cochilo.

Ho amaciou o abraço, mas não exatamente por causa da transformação de Sean...

O Rei deu alguns passos para trás, uma aura tremeluzente se instalando sobre ele. Estava sobre o arco da porta.

O guardião estava se levantando, ignorando tudo, menos o ouro seguro por Sollrac.

Duf estava olhando o silício no chão, mordendo o lábio, como se tomando coragem para fazer alguma coisa em meio toda aquela confusão.

Ho caiu sobre um joelho diante de Sean/Ifrit, a face franzida. As mãos ainda estavam ao redor de Sean/Ifrit, mas o meio orc parecia mais se segurar nele do que segurar ele.

Se Sean/Ifrit tivesse que arriscar, diria que a influência do Rei sobre Ho e Bones estava consideravelmente menor naquele momento. Como se ele estivesse planejando alguma outra coisa com a energia que tinha dedicado aos dois.

Sollrac, que ainda segurava o ouro, parou a marcha e emitiu um som gorgolejante, como se fosse vomitar. Dobrou sobre si mesmo, uma mão apoiada no joelho, a outra apertando firme o Triangulli. Seus olhos lacrimejavam, olhando para o chão.

O guardião terminou de se erguer. Provavelmente já teria saltado contra o meio dragão, se ainda fosse rápido e decidido como antes. Ainda restava uma boa dose de vontade nele, verdade, mas não o bastante para uma reação rápida. O que, mesmo assim, não lhe impediria de atacar quem quer que tocasse o ouro.

— Mudança de planos, não traga ele pra mim — disse o Rei de Amarelo, para Soll ou Ho, ou os dois. — Não mesmo!

Sean/Ifrit estava se sentindo pronto para tentar a extração. Era o momento.

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Mensagem por Hummingbird Ter Dez 20, 2016 5:27 pm

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Aaahh! O Submundo! Sabe, este é um dos poucos lugares que conheço onde a Energia Vital transita tão livre e evidente como você pode ver. Me surpreende o fato de que, mesmo com todo conhecimento que partilhamos, o pequeno corvo não entenda a verdadeira extensão dos poderes que lhe dei. É lamentável que a bondade o limite tanto. Apesar disso, eu preciso reconhecer que ter me trazido aqui mesmo depois de saber o que eu fiz, foi bastante corajoso. Eu mal posso conter o meu entusiasmo. Você consegue sentir não é? Nosso vínculo cresceu desde que você veio pra cá, comprovando o que eu disse; a energia tem lhe afetado de maneira diferente por aqui. E por falar em energia...o que é que temos aqui?

São meus amigos! Espera!

Espera...

O lugar em que você está agora eu conheço muito bem. Não é nenhuma surpresa afinal, já que nas muitas outras vezes que tomei conta do nosso corpo você foi parar aí. Só não era forte o suficiente pra permanecer consciente, então você ficava à deriva, o que parece ter mudado agora. Ao menos talvez agora você aprenda algo de fato. Já estou cansado de ter minha existência ameaçada pela sua imprudência. Abra bem os olhos garoto, está na hora de aprender como usar os meus poderes de verdade.

E-Está certo — Respondi em pensamento. E com um pouco de concentração, assim que abri os olhos, eu pude ver tudo através dos olhos dele.

O grandalhão avermelhado estava enfraquecendo só de estar na minha presença. Posso sentir a energia vital transitar nele, como o sangue correndo em suas veias. Eu diria que como um Vampiro anseia pelo sangue, eu anseio por essa energia. O meu desejo por extraí-la era grande mas outras presenças exigiam maior atenção. Os meus olhos queimavam em brasa acompanhando o ambiente até fazer um reconhecimento da situação. A julgar pelo que vejo, o meio-dragão estava sendo controlado pela criatura de amarelo. O guardião não representava ameaça afinal, uma vez que eu pude compreender uma extração de energia recém efetuada sobre ele, trabalho de Sean eu suponho. E o destino da energia extraída também se mostrou claro uma vez que o humanóide avermelhado ainda se encontrava catatônico ali num canto — efeito colateral do mau uso da habilidade. Por fim, compreendo que a peça chave para tudo isso era a criatura de amarelo.

— Você, Rei de Amarelo! — Anunciei, fazendo uso de um tom de voz multíssono — Eu vim para tomar a sua alma.. — Essas últimas palavras saltaram como um presságio. Presságio esse que certamente atingiria a espinha do grandalhão avermelhado, uma vez que sob contato direto comigo, minha energia acenderia em brasa. As chamas não necessariamente tangíveis, muito menos com o intuito de queimar, não. Essas chamas eram coisa que nem mesmo Sean seria capaz de manipular. Chamas essas que eu utilizo para drenar a energia vital de um alvo, no caso o Orc. Eu precisava enfraquecê-lo se quisesse ter liberdade suficiente em minha transformação, afinal Sean estava fraco, gastou muita energia desde que chegou aqui. Com essa primeira refeição, certamente eu seria capaz de seguir adiante. Livrar-me do abraço apertado da criatura avermelhada era o primeiro passo, se preciso forçando-o a me liberar com minhas próprias mãos.

E uma vez livre, levitando por força das minhas próprias habilidades, agora era o momento. Finalmente livre, talvez como nunca antes, eu só precisava manipular as correntes do meu corpo alvejando alvo por alvo daqueles que estivessem presentes, independente do que Sean considera como aliados ou oponentes; o intuito disso era quanto mais, melhor. As correntes exerciam a função de restrição, sendo uma parte de mim, através delas eu também sou capaz de drenar a energia vital das criaturas e portanto enfraquecê-las. Enquanto que, com a energia já acumulada, bastava criar um círculo de invocação no perímetro, ganhando uma ponta extra no desenho para cada criatura com energia a ser sugada. O círculo seria desenhado com energia vital pura, portanto não tangível, indolor e inodoro.


[Comum] Considere-se morto - Página 4 ZA3Xqfi
(Imagem do Círculo)


Mae cylch o fflamau ateb yr alwad eu Gwysiwr, llosgi holl drethi — as chamas do círculo atendem ao chamado de seu invocador, incendiando todos os tributos ac yn cymryd llawer eu heneidiau. — e consumindo a suas almas.


Obs escreveu:Tudo isso é fruto da habilidade primária do Sean. Como o Ifrit agora está fortalecido pelo vínculo da habilidade retribuição, e sendo ele um demônio, eu resolvi envolver um lance de ritual e tal, junto da habilidade passiva dos possuídos de serem capazes de drenar energia. Então é meio que um círculo de invocação pra consumir a alma dos envolvidos. E as correntes são do corpo do Ifrit mesmo, faz parte dele.


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Mensagem por NR Sérpico Seg Dez 26, 2016 11:10 pm

42. Não mais incompleto

Velha Carcosa, cidade condenada ao próprio abandono. Que suas maldições perdurem para sempre, que ela nunca se erga. Vida? Nenhuma há de abrigar. Glória? Nem em pintura. Uma grande zombaria, o que sobrou, o que se tornou. Para que todos vejam e saibam. Que o silêncio dela seja a grande mensagem de que não se pode desafiar ordens superiores.

Um longo silêncio.

Brevemente interrompido naquele dia tumultuoso.

O Rei sibilou:

— Sss — suas mãos estavam próximas, como se segurando algo invisível. Ele deu mais meio passo para trás. — Se mete em assuntos proibidos, criatura! Minha alma já foi vendida há centenas de ciclos!

Segundo Russelo, um ciclo é igual a 23 anos. Lembrar disso lembra que eles tinham 552 horas... como será que está essa conta agora?

Mas vamos a questões mais urgentes.

Superar Ho não foi difícil. Na verdade o meio orc parecia distraído consigo mesmo. Ele piscou, por um momento como se estivesse acordando lentamente num lugar onde não se lembrava de ter deitado pra dormir.

Bones se sentou, estático.

Apenas Sollrac parecia ativo, tossindo, ainda curvado. Uma das tosses soltou um líquido preto no chão da sala. Não parecia ser o café da manhã.

A sala tremeu. Como se sentisse algo, como se suas estruturas físicas e míticas, isto é, aquela película delimitadora, estivessem a um só reagindo.

A energia deixou Ho.

O círculo apareceu no chão e a sala reagiu novamente, tremendo, talvez reconhecendo só agora a presença de algo intolerável ali embaixo. Ifrit, claro.

Agora era possível ver o ar tremeluzindo nas mãos do Rei. Esse ar parecia fazer alguns caminhos pela sala, como tentáculos translúcidos. Dois deles saiam de Ho e de Bones e iam para o Rei. Das mãos do Rei saia o terceiro tentáculo, direto para Sollrac.

Correntes pegaram Ho e Bones. Correntes cataram Duf, que gritou e tentou correr, sem sucesso. O guardião fincou a espada no chão a frente do corpo, um dos gumes brilhou e a corrente que era para ele se desintegrou no ar, centímetros antes de alcançá-lo. As correntes que pegaram Sollrac rangeram em resposta, como se encostadas com algo fervendo. Fecharam-se nos tornozelos do Rei, que pareceu não se importar. Ele suava. Ifrit rogou suas palavras ruins.

A sala iniciou um tremor que ameaçaria o deslocamento da retina de qualquer observador.  

Ifrit sentiu um frio interno. Aquela manobra estava exigindo muito do seu corpo, do corpo de Sean. Era um nível diferente, arriscado. Começou a extração. Ho, Bones e Duf cederam facilmente. O alvo principal, o Rei, estava lutando contra.

— Sss — fez ele, os dentes amostra. — Não!

O guardião ainda estava protegido atrás do gume mítico da espada. Ele desprendeu a arma da fenda no chão e deu outro golpe no solo, na pedra, no entanto sua espada brilhou, acertando mais do que o físico, e o círculo de Ifrit ficou rasgado numa ponta, ali, onde o guardião tinha atingido. A pele dele parecia ter adquirido uma cor cinzenta, e seu rosto era inexpressível, frio. Ele levantou a espada e a fincou novamente. O rasgo cresceu até o meio do círculo.

Ifrit sentiu nos braços e na nuca as vibrações mágicas dos golpes. Sua habilidade estava sendo contra-atacada de forma eficaz.

Meio globo de extração estava deixando o Rei, que agora só tinha olhos para Sollrac. Ele abriu as mãos velhas e ossudas com tudo, como se dispensasse algo, como se soltasse algo de uma vez por todas.

Para Bones e Duf, a extração fora completada. Os dois estavam deitados agora.

A extração não deu certo com Sollrac, pois, seja lá o que o Rei havia feito, o meio dragão ganhou presença na sala. O tipo de presença resistente demais. E quente. As correntes, por exemplo, cederam, queimadas. Ele agora estava caído de joelhos, a testa no chão. Ainda segurava o ouro, ao passo que a outra mão começou a dar socos no chão a medida que ele grunhia.

Gritou quando as asas brotaram de suas costas.

A armação cresceu rápida e implacável, derrubando paredes a direita e a esquerda, mais de trinta metros cada. O lugar, que já tremia, ameaçou desabar. O grito de Sollrac Senun foi ficando gutural a medida que seu cabelo caia e chifres brotavam. Lágrimas pingavam de sua cara e quando tocavam o chão, soltavam um chiado quente, deixando marcas no piso. Sua pele escureceu e reluziu o brilho do ouro em triângulos pequenos — escamas exóticas. As garras bateram no chão, abriram lascas. O corpo inchou, inchou demais. Uma das três caudas derrubou outra parede, atrás. Ele ergueu a cabeçorra para o túnel acima da sala, onde deveria haver um teto, e fez fogo subir de sua garganta. O ar queimou. Daí ele levantou voo túnel acima, as asas tombando com o túnel, fazendo tudo tremer mais um pouco...

Levou o ouro e a sala ficou na escuridão.

— Manifesto! — gritou o Rei, arfando em meio os sons das pedras.

A extração dera certo pelo meio — fora interrompida pelo contra ataque do guardião. Então apenas meio globo enérgico flutuava à frente dele, dando uma penumbra fraca à sala. As energias de Bones e Duf também iluminavam parcamente a cena.  

O guardião se abaixou, como se estivesse concentrado. Mesmo em meio as pedras desabando.

Pedras. Sim, começaram descolar de suas estruturas, como se algo além de cimento as mantivessem no lugar, algo agora rompido. O lugar estava acabando.

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Mensagem por Hummingbird Ter Dez 27, 2016 3:44 pm

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Espera! O Duf é meu amigo! — Aleguei assim que senti as correntes envolvendo o corpo de Duffreine. E apesar de saber que aquelas correntes eram de Ifrit, eu tinha total conhecimento e sensibilidade a tudo que elas tocavam ou reagiam. Foi uma sensação quase tão estranha quanto a do embrulho que comecei a sentir no estômago para a medida que Ifrit rogava suas palavras antigas. Engraçado não?

Só não foi tão engraçado saber que ele ignorou meu alerta. Em seus pensamentos eu entendi que ele estava se concentrando, recorrendo a algo muito antigo que nem mesmo eu consegui compreender direito. Tinha alguma relação com aquela prece que ele estava fazendo, sim, pelo menos isso eu entendi — era uma prece. Mas o que eu podia fazer? Interrompê-lo naquele instante poderia acabar com nossa única chance de deter o tal Amarelinho sem dente.

Ifrit continuou, consciência mergulhada num tempo distante quase que viajando além desse mundo. Algumas vezes eu tinha vislumbres como se estivesse sonhando, viajando com ele. Mas na maior parte do tempo era eu quem estava consciente por nós dois e, acima de tudo, era eu quem estava sentindo as consequências daquele esforço todo. Quero dizer, desde que Ho cedeu sua energia e a partir dela, Ifrit invocou aquele círculo. Eu senti, senti um tremor dentro de mim como se eu estivesse desfalecendo para a medida que o círculo ficava mais forte. Mas não parou por aí, o Guardião também atacou em função de nos deter, eu senti tudo. Senti quando a sua espada mágica brilhou e quando seus cortes mesmo físicos causavam tremores em meus braços e na minha nuca. Um presságio? Aquilo não era bom sinal. Senti o círculo enfraquecer, senti meu corpo tremer junto dos inconstantes tremores na sala. E daí tudo ficou meio turvo.

— Bydd y fflamau eich llosgi — pelas chamas vocês vão queimar, vão queimar, vão queimar — llosgi i lludw — queimar até as cinzas.

E repetiu. Uma, duas, várias vezes. Aquilo precisava ser entoado para fortalecer o vínculo com aquela coisa antiga que o círculo parecia querer invocar. Mas Ifrit estava fraco, eu senti. Senti quando o círculo rasgou facilmente diante dos ataques do Guardião. Senti quando Solrac mudou completamente e transformou-se diante dos nossos olhos. Mas também senti o recuo do Rei Amarelo diante da nossa investida, e senti também as energias de meus companheiros sendo extraídas sem grande esforço. E eu podia reconhecê-los, como se no lugar das pequenas esferas de fogo eu pudesse visualizar o rosto de cada um deles. Duf ainda assustado e medroso, Bones curioso com o ocorrido e Ho, bem, ele certamente estaria revoltado por mais uma vez estar sendo controlado por algo ou alguém. Não é a primeira vez, não é?

Nosso corpo não vai aguentar, Ifrit. Eu preciso fazer alguma coisa. — aleguei, mas novamente ele não me deu ouvidos.

Então decidi aproveitar do tremor para fazer uma coisa. Se eu estava sentindo tudo então eu também podia me movimentar, não? Ergui o braço como que tentado a controlar o braço de Ifrit, e eu senti que este responderia, então não havia motivos para hesitar. Estava na hora de re-alocar as energias. A mesma energia retirada de Dufreine, seria redirecionada ao Guardião, em busca de devolver a sua força de vontade e força. Ele não é o Guardião afinal? Seu ouro acabou de ser roubado, meu amigo!

Já a energia do círculo, provinda de Ho, e a energia de Bones, seriam absorvidas diretamente pra mim. Considerando o Ifrit em meu lugar agora, talvez eu fosse capaz de fortalecê-lo e garantir que nosso corpo aguente mais um pouco com essa energia extra. Deixando, por fim, somente a energia do Rei de Amarelo nas mãos de Ifrit. E por falar nele...

— Heb esgyrn a soulless — bradou, consoante ao meu movimento de realocar as energias nos colegas de grupo.

Nossos olhos brilharam em chamas ardentes enquanto as correntes que antes seguravam o Rei de Amarelo pela perna, agora puxariam-no abruptamente em nossa direção. A energia antes flutuando à sua frente também seria trazida junto como que por atração. E eu logo entendi que a intenção desse movimento só podia ser empalar o Rei de Amarelo com os grandes chifres de Ifrit. Consolidar o efeito do círculo, depois de tantas intromissões, só seria possível agora com um dos alvos, sendo este o próprio Rei. Uma vez a energia do círculo completa dentro do próprio Ifrit, o seu chifre empalando o rei serviria para quebrar o seu espírito, consumindo-o nas chamas.

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Mensagem por NR Sérpico Ter Jan 10, 2017 11:55 pm

43. Engolido

Onde estava, era gosmento e quente e elástico. Sentia um cheiro e talvez acordou por causa dele. Um cheiro ácido. Acordou? Bom, não exatamente. Estava mais para aquele estado de preguiça, aquele momento em que a pessoa não está acordada e nem dormindo. Esse era Sean agora, um meio termo. Por quanto tempo estave no silêncio?

Alguns vultos em sua mente mostravam as pedras caindo, mostravam uma energia se recusando a entrar em si mesmo, em Ifrit; mostravam as pedras explodindo antes de tocar o guardião, que recebera de volta sua porção roubada de essência; mostravam o enterro de Ho e Bones e Duf; mostravam o Rei rendido e empalado, rogando alguma praga última para Ifrit, o sangue dele grosso, até mesmo um pouco granulado como areia, caindo sobre o rosto de Sean. E depois o som do mundo quebrando e aí o tal silêncio.

O que Ifrit realmente queria invocar ali? Se conseguiu, Sean não teve olhos para ver o que foi.

Agora os sons voltavam. Um glub-glub constante, como se o menino estivesse debaixo d’água, ou perto. Era gosmento, quente e elástico. Tentou se mover e não conseguiu. Tinha a vaga impressão que estava despedaçado, como um boneco. Podia sentir sua mão longe demais de onde normalmente ela estaria; assim como a perna, que parecia não estar no lugar correto. Mas aos poucos... sim, além da volta dos sons, ele quase podia sentir que o seu corpo estava sendo remontado. Ou ao menos a sua percepção de corpo.

Aquilo poderia deixar qualquer um louco.

Na Antessala, Russelo falou da possibilidade de insanidade. Se não agora, quando voltasse. Voltasse a viver. Como? Recolhendo o Triangulli. Sim, agora já lembrava melhor das coisas. Sua mente também estava entrando nos eixos, afinal. Os vultos voltaram noutro giro de memória, o círculo, as energias, Ifrit, sangue arenoso, Sollrac dragão completo.

Sentiu uma lufada, um bafo, um gás. O cheiro de ácido estava ali, por perto, e talvez fosse ele, o ácido, a fazer glub-glub. Mas então as paredes daquele lugar gosmento, quente e elástico se contraíram contra Sean, um aperto repentino. O ácido subiu de lugar nenhum, lhe envolveu. Apertado, sentia que era impulsionado, conduzido numa direção.

Na direção da luz.

Mas antes de sair completamente de lá, passou pela língua bifurcada, passou pelas presas, e então tombou no chão, ensopado, o ácido gástrico pingado dele e pingando da boca da enorme cobra branca.

E aí ela disse:

— Fique aqui. Fique quieto. — E tinha a voz do Vax.

Era estranho, respirar outra vez. Por exemplo, agora, fora de onde esteve, respirar parecia a coisa mais incrível e essencial a se fazer. Ele poderia passar a vida inteira só ali, parado, respirando.

Os luminares no céu do submundo já estavam deitando. Logo seria noite. Aquilo de algum modo pareceu bom. Noite lembra dormir — e para Sean dormir, dessa vez respirando, parecia uma ideia interessante.

A cobra se moveu, Sean não viu para onde. Mas se fizesse algum esforço para mover a cabeça para o lado, veria que não estava só na terra quente. Aurélio também estava lá, desmaiado, com vermelhidão na pele, as roupas úmidas de ácido.

Então Sean sentiu que tinha mais alguém ali por perto, chegando, vindo para ele. Essa pessoa, quando apareceu no campo de visão dele, disse:

— Seu fraco.

Era a jovem bruxa.

Sean descobriu, só agora, ser incapaz de mover qualquer coisa que não fosse a cabeça. E os olhos. Até a boca parecia embargada, a língua como que três vezes o tamanho original, obstruindo tudo lá dentro. Estava ficando sonolento.

— Está com a porra do silício?    

Um dos lados da cabeça dela sangrava, pingos gordos saltando do queixo para o chão. Ela se agachou, pegou no queixo de Sean com uma mão suja, num aperto que fez a boca do menino abrir um pouco, e intimidou:

— É melhor que você tenha engolido a coisa. Caso contrário...
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Mensagem por Hummingbird Qua Jan 11, 2017 5:14 pm

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Sabe, uma das coisas que me deixa inseguro em conhecer gente nova é justamente isso; a amnésia. Com o tempo eu aprendi que o convívio com Ifrit me causava alguns apagões na memória e, independente do meu esforço para reavê-los, era simplesmente impossível. Então eu fico pensando como é que vou explicar isso pra alguém, já pensou? Eu conheço alguém hoje e daqui a uma semana ou mais eu esqueço? Mas é melhor não focar nisso. Quero dizer, haviam outros pensamentos que tomaram a minha atenção no momento.

A começar pela sensação de inconsciência meio consciente. Isso existe? Eu deveria ter perguntado pra mocinha bonita da floresta, ela com certeza saberia me responder! Mas, na minha perspectiva, o que chega mais perto de explicar é a sensação de acordar de um sonho dentro de outro. No caso, eu ainda estava no sonho. Deu pra entender?

Estimular minha cabeça à pensar no que aconteceu me trouxe confusão. Tudo estava meio desconecto, incluindo sentidos — que cheiro é esse? As palavras de Russelo vieram na minha cabeça, uma voz curiosa. Depois lembrei das palavras de Ifrit. Lembrei também das palavras do Rei de Amarelo, e só aí é que as coisas começaram a tomar alguma forma — imagens, porém sem muita conexão. Parece que elas vinham como se fossem os últimos pensamentos que tive antes de apagar, como algo que eu estava pra fazer mas acabei esquecendo. Bom, deu pra ver que não esqueci por completo. Mas será que consegui fazer alguma delas? Não consegui lembrar. Daí veio a sensação de ânsia, mesmo que eu não sentisse muito bem o meu corpo como normal. CADÊ MINHA MÃO?

AAAA.

Eu queria gritar. — Queria. Mas não consigo. Por que?

Depois veio a luz. Veio o escorregão, veio eu. É bom respirar de novo. Aliás, é bom sentir outro cheiro que não aqueles gás. Bom também ouvir alguma coisa. Era o senhor Vax? Pensei em coçar os olhos pra conferir a visão mas minhas mãos não respondiam. Que preguiça. Mas eu estou vivo, afinal. E tenho a sensação de que isso deveria ser comemorado, só não sei o porquê.

Mas espera, espera! Eu não estava falando sobre o medo de conhecer alguém e acabar esquecendo por conta desses apagões? Bom, ao menos eu posso dizer que ela eu não esqueci. A dona bruxa. Assim que ela se aproximou eu pude sentir uma presença conhecida, hmm? Não precisei, na verdade, fazer algum esforço para vê-la. Ela veio até mim. Sua mão direita parecia me segurar pelo queixo mas, por mais que eu tentasse entender aquilo, eu não conseguia sentir. Acho que estou sonhando no fim das contas. Mas se realmente me fosse possível, eu não poderia deixar de sorrir diante daquele contato tão... próximo.

— E-..esses olhos... — era o que eu queria dizer.

Talvez ela, somente ela, pudesse entender. Como se sente agora, desejando tanto por uma resposta que não pode ter? E bem, não era preciso ser um gênio pra saber que nas minhas condições eu nem sequer pensei em reaver o silício das mãos de Duffreine. Mas eu estava sem forças e aliás sem vontade de explicar. Talvez se eu lembrasse de mais alguma coisa, conseguiria dizer quando foi a última vez que o vi, mas até então tudo estava muito confuso. É cedo pra dizer.




OFF - parafraseei o que ela disse quando morreu. Só pra me vingar dessa vagaba que me deixou morto de curiosidade na época!

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Mensagem por NR Sérpico Ter Jan 17, 2017 8:53 pm

44. Amiga em comum

Mesmo o mais otimista não apostaria em um silício ileso depois de todas aquelas rochas caindo. Foi um tempo em que tudo que Sean respirava era o pó das estruturas, não havia ar de tanta demolição, nã tinha como nada sobreviver àquilo. Por falar em estrutura, assim que abriu a boca para falar com aquela moça, sentiu uma imensa vontade de vomitar e isso, por um instante, roubou sua sonolência.

Ela largou o queixo de Sean, que virou a cabeça e cuspiu saliva quente e pegajosa no chão. Logo descobriu que o cuspe não era só cuspe. Depois de alguns segundos, o vômito terminou. Sean ficou com um gosto ruim na boca.

— Sean? — perguntou a voz fraca do Aurélio, ali ao lado.

Quase que ao mesmo tempo, ele começou a tossir, virou a cabeça e vomitou exatamente como Sean. A mesma coisa pegajosa e translucida.  

— Aquela cobra tem algum talento — disse a moça, assistindo a cena. Voltou seu foco para o filho de Lyra. — Mas é realmente uma pena que você não tenha engolido o silício junto com toda essa substância. Nossa amiga em comum realmente precisava daquilo. Pensei que você era especial, por causa desses... olhos. Ela também pensou isso. Burra.

Sean estava deitado na terra. Ao redor de si, não tinha a percepção de nada, apenas a mesma paisagem, o campo rochoso de sempre em todas as direções. Mas quando olhava para a bruxa via, além dela, no horizonte, o que deveria ser fumaça. Mas estava realmente longe para captar de onde subia toda aquela cortina.

— Agora, nesse momento, eu deveria aproveitar e fazer você pagar. Não por isso, do silício. Mas por aquilo. Fui morta por me distrair com você. E agora eu poderia... — Ela se curvou de novo e pegou o queixo de Sean. — Que droga. Por ela, menino, é por ela. Hoje. Não prometo misericórdia caso nossos caminhos se cruzem novamente.  

Ela soltou o queixo outra vez, se empertigou e pareceu pronta para ir embora. Deu um passo para longe de Sean.

Sean já se sentia capaz de se mover. Mas ainda lutava com sua consciência, que teimava em lhe dizer para dormir ao invés de ficar acordado e de papo com aquela estranha.

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Mensagem por Hummingbird Qui Jan 19, 2017 9:24 pm

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Eu preciso dizer; essa situação não era de fato algo inesperado. Quero dizer, não havia motivos para me desesperar afinal, no convívio com Ifrit — ainda vivo, isso acontecia direto. Náuseas, dores de cabeça, entre outros sintomas. A diferença é que agora eu sabia que boa parte dessa exaustão em excesso era fruto daquela poção que o amigo Duff me ofereceu. Como eu sei disso? Meu estômago mandou avisar tempos atrás, ainda na conversa com o sr.Guardião. Eu definitivamente não sei como consegui segurar aquela dor de barriga que quase me fez me borrar lá mesmo.

— N-..gnhhh... —  as palavras embrulharam-se junto da minha língua, dando espaço para o tal líquido esquisito sair. E pasmem; aquilo não era saliva. Aliás, nem eu sei o que é, mas prefiro não saber.

Ainda perdido em meus sentidos, num misto de sensações entre fraqueza e inconsciência, uma voz conhecida me confortou. Aurélio estava por ali, talvez do meu lado direito ou esquerdo, não sei dizer. Meus olhos pesavam, pareciam me enganar entre um mundo de visões e sonhos, e a realidade. Será que estou doente? Maluco talvez?

Ao menos Aurélio estava lá. Isso significa que estou entre os bons. Não entendi o que a Dona Bruxa estava fazendo ali, mas pelo rumo da conversa, suas palavras denunciaram alguma ligação com minha mãe. Afinal, foi a pedido dela que fui na busca do silício não é? Só se ela conhecesse a Lyra pra saber dessa busca. Ou podia ser aquela senhora presa na bola de vidro, não sei. Quem é que pode dizer? Pensei em perguntar para Aurélio, mas ele talvez estivesse tão fraco quanto eu. Tão perdido quanto também. Optei por respirar, ainda que o ar parecia muito semelhante àquele que respirei quando Cyrus afogou o mundo em chamas. A diferença é que não tinha cheiro de churrasco, não dessa vez...

— Ei..Obrigado... — já que minha fraqueza embargava minhas palavras, decidi investir num dialogo mental. Por um instante esqueceria dos eventos externos, almejando elevar os meus pensamentos até ele. — Da próxima vez eu garanto que não vamos fraquejar tá? — e em resposta; o silêncio. Silêncio este que ninguém mais poderia interpretar senão eu. Silêncio este que, muitas vezes, representava o conforto de uma presença, a sua presença.

E esse conforto me dava forças.

Abri os olhos.

— -O...O o-ouro... Sollrac!? — tentei cuspir as palavras, forçando-as a sair. Quebrar o embargo. Seja lá quanto mais daquele líquido eu precisasse cuspir, mas eu precisava falar. Precisava entender o que aconteceu. As palavras e a dúvida vieram num impulso, e só depois é que vieram imagens que relacionavam o perguntado ao ocorrido. Lembrei do dragão, e do ouro levado. Por quê lembrei? Porque falavam do silício. Talvez o único capaz de tirar a mamãe daqui. Mas segundo os juízes, com os pedaços do ouro eu poderia sair, e quem sabe levá-la também. Não dá no mesmo então?

Se pudesse, colocaria esse raciocínio em palavras, mesmo que emboladas. Precisava tentar expor o meu ponto de vista, mas o sono, naquele momento, era o último dos meus mais resistentes adversários. Será que consigo vencê-lo?


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Mensagem por NR Sérpico Dom Jan 22, 2017 9:14 pm

45. Eu de novo

Não tinha como lutar e a moça bruxa parecia pouco interessada em manter Sean desperto, de modo que ele começou a escorregar para o sono. Antes, teve a vaga impressão de que a bruxa tinha se ido e que uma cobra enorme surgira ali perto logo depois. Essa cobra inchada e branca abriu a boca de um jeito articulado que parecia doloroso pra diabo. Começou a pingar ácido de lá, seguido de Bones e depois de Ho. Ambos tombaram inconscientes no solo e aí sim, Sean se foi.

Ressurgiu no sonho. O cenário era o mesmo: sala pequena e escura e quadrada, com grades de barras grossas e diagonais no lugar de uma das paredes. Parecia uma cadeia. Do outro lado das grades fechadas havia um corredor, no outro extremo tinha uma porta de madeira fechada, ao lado da porta um único archote ardia e iluminava um pouco o ambiente, lançando a sombra do homem no corredor até a ponta das grandes onde Sean estava.

— oi.

Há que se manter o bom humor, então:

— como se sente ao saber que foi engolido e vomitado por uma cobra? experiência única, jovem!  

Mas vamos ao que interessa. O fato é que Sean conseguiu, sim, colocar em palavras, ainda que essas palavras tenham se perdido metade no mundo dos acordados e a outra proferida aqui, antes que despertasse. Uma meia mensagem do seu pensamento alto ultimo sobre a mãe. Mas peguei a ideia.

O homem simpático lá pelo meio do corredor, contra a luz do archote delineando sua silhueta e dando apenas alguns poucos traços para Sean interpretar (os mesmos cabelos compridos, as mãos nos bolsos da calça larga, sem camisa, algum desenho esquisito em seu peito, um desenho circular que só seria possível ver melhor se houvesse luz do lado de cá do corredor também, ou se o sujeito se virasse um pouco, enfim), disse:

— talvez tenha um jeito. de você voltar a vida junto com sua mãe, digo. mas você teria que pagar.

Sean estava pleno em suas capacidades. Podia falar, se mover. Mas tinha a noção de estar em um sonho. Um sonho lúcido.

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Mensagem por Hummingbird Seg Jan 23, 2017 12:44 pm

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E dormir nunca pareceu tão reconfortante e essencial como agora. Talvez um complemento à sensação desesperadamente necessária de respirar novamente como fiz há pouco. Ou teria se passado mais do que "um pouco de tempo"? Eu não sei. Tudo parecia tão confuso, palavras e lembranças escorriam em minha mente como vidas distantes ou pequenos sonhos sem sentido. Palavras de Russelo, Ciclos, explicações de Aurelio, a voz de meu pai.

Então acordei. Será?

Estava aliviado, disso ao menos eu tenho certeza. Dormir foi tão revigorante que só de aparecer ali eu poderia comemorar. As minhas palavras até saíram, ignorando o embargo anterior. Então eu pisquei, olhei ao redor, respirei fundo. Percebi que eu podia falar, podia me mover, eu era eu novamente. Nós — eu quero dizer. Daí então reconheci as grades, o lampião antes quebrado que me lembrava o corredor ante a sala de Duf. E o homem. Os mesmos cabelos longos e um jeito aparentemente simpático e descontraído que me trazia a sensação de conforto.

— E se tu vens, por exemplo, às quatro, desde às três eu começarei a ser feliz... — parafraseei as palavras de Baien. Pai, para os íntimos. E um sorriso bobo ganhou meu rosto, como que dando-lhe de presente para aquele homem — Olha, depois de ser chamuscado por um dragãozão e sair vivo? Ser engolido por uma cobra pode ser mais tranquilo do que parece, hahaha. — engatei em resposta.

Depois o silêncio. Aproveitei o momento. Seja lá onde eu estava, podia aproveitar um pouco mais do poder das memórias. Aquela capa que eu vestia e que tanto sentia falta. Meus dedos tamborilavam pelas bordas da vestimenta, ajustando-a para melhor aconchego. O mesmo sorriso bobo no rosto. As mesmas palavras de uma vida distante. Mas elas não eram as únicas ecoando naquele lugar; soaram consoante as palavras do homem da consciência coletiva — era assim que ele se apresentou né? E ele pegou minha ideia, pareceu compreender que mesmo depois de tudo, eu ainda queria dar uma segunda chance para minha mãe. Mas como esperado, a palavra pagar ou preço parecia estar sempre vinculada a qualquer tipo de pedido de ajuda que eu buscava com alguém. E eu não estou me queixando ou coisa do tipo, só que... eu não sei.

— Por que as coisas sempre fazem parecer que eu sou um devedor pra sempre? Como se eu realmente tivesse escolhido ter essa história.. — curioso; as palavras saíram com uma sensação esquisita de alívio. Um desabafo, é isso? Mas eu acho que já aprendi a lição. Aquele moço provavelmente também deveria ter suas próprias certezas, igual o sr.Guardião. Então não ia adiantar enrolar.

— O que eu tenho que pagar pra trazê-la comigo? — Indaguei, inocente.


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Mensagem por NR Sérpico Seg Jan 30, 2017 9:20 pm

46. Sacrifícios

Me antecipei a garantir que:

— não é pra mim, não. — Pôs a mão no peito. — só estou falando que é normal ter de pagar para sair daqui, do submundo. não fique tão frustrado assim, você é jovem. ainda pode reiniciar sua história umas três vezes.  

Depois um pigarro e o retorno ao assunto:

— o pagamento. bom, já escutou a história do cavaleiro negro? que péssima pergunta, é claro que já. deve ter escutado umas mil histórias do cavaleiro negro, não é? talvez já ouviu falar de uns 108 cavaleiros negros diferentes. é, parece algo bem comum, admito. mas estou falando do primeiro cavaleiro negro. o primeiro homem sombrio à usar uma armadura completamente negra, um homem que por onde ia, deixava mortos. esse homem escapou daqui. quer dizer, ele negociou a saída com quatro demônios poderosos. ele queria vingança com o homem que o tinha confinado aqui, e os demônios se aproveitaram disso falando que ele sairia daqui, mas enquanto não concluísse sua vingança, teria de oferecer um sacrifício em sangue de tempos em tempos, lá, do mundo dos vivos. se não fizesse os sacrifícios, demônios menores, mas em grande quantidade, iriam até ele reclamar o sangue devido, no caso, matando ele. é. bom, esse homem não era de matar as pessoas sem que merecessem, ao menos não no início, então ele teve um problema moral em executar esses sacrifícios. não demorou para demônios surgirem para pegá-lo, já que não cumpria com o acordo. aí ele matava os demônios todos. os demônios continuavam indo, de tempos em tempos, sedentos, e morriam, sempre. o cara sabia matar uma horda de inimigos, isso sim. ele usava uma espada enorme pra fazer o serviço. então os demônios começaram a possuir pessoas próximas a ele, pra ver se assim conseguiam. tentavam pegar ele dormindo, comendo, cagando. e ele matava a todos mesmo assim. é claro que não conseguia explicar para as autoridades que as pessoas não eram mais elas mesmas quando as decepou, que eram demônios... acabou se tornando um sujeito procurado, com recompensa oferecida pelo rei da época para trazer o assassino à justiça. certo dia ele conseguiu sua vingança, finalmente achando o cara. os demônios foram embora e ele passou a ter de enfrentar os homens que o caçavam de tempos em tempos, em busca de recompensas. nessa altura, ele já estava paranoico demais e não tinha escrúpulos, matava qualquer um que achasse uma ameaça. conseguiu uma armadura negra e uma espada maior que a anterior e todos se afastavam quando via ele ao longe. aqui, os quatro demônios riram do resultado: eles tinham forjado uma criatura louca e matadora em um homem que queria apenas vingança. a vida dele foi regrada pelo sangue, desde que saiu daqui... esse é um exemplo, um exemplo comum, devo dizer. sacrifícios, o pagamento mais comumente exigido. se prepare para ouvir esse tipo de proposta, Sean.
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Mensagem por Hummingbird Qua Fev 01, 2017 3:05 pm

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— Ah... — rendi um suspiro como que aliviado — Então ta certo! — terminei relaxando os ombros e voltando o meu olhar para o tal homem do outro lado da sala escura. E sabe, no começo eu até estava curioso para ver o seu rosto, mas não sei, depois de me ver aqui novamente é como se não fosse assim tão necessário. Ou talvez eu só esteja mais focado em outras coisas como por exemplo...

Uma história!

— Não! Eu nunca ouvi essa. — e apesar de hesitar um pouco àquele entusiasmo de sempre, acabei me rendendo — Mas eu adoro histórias! Me conta! — quem é que resiste a uma história? Sentei-me de pernas cruzadas, mãos apoiadas na ponta do sapato e uma cara de quem acabou de ganhar um presente. Ouvidos atentos, imaginação à flor da pele. Por um instante até me perguntei por que eu estava tão tenso anteriormente?

Bom, o fato é que a história falava de sacrifícios. Engraçado que é bem o tipo de história que o Ifrit gosta, e eu me pergunto se essa satisfação toda em ouvi-la foi fruto desse gosto pessoal ou só porque eu gosto de histórias mesmo. Bem, isso não vem ao caso eu acho. Confesso que me perdi em algum momento, ponderando em como eu chamaria aquele homem no decorrer da nossa conversa. Afinal, como se conversa com alguém que você não sabe o nome mas que também provavelmente não tem um? Isso é muito difícil. Precisei interromper.

— Vou chamar você de Rocco. Posso? — e veja bem, não tinha nenhum motivo especial para o nome. Foi só o nome que eu achei que combinava com ele. E independente de resposta, ficaria em silêncio ouvindo o restante da história.

Oras, não sou tão mal educado assim. Sei como me comportar quando os outros estão contando histórias tá?

— Aaahhh...no final ele se deu mal do mesmo jeito! — comentei surpreso, engatando no fim da história. Mas o que eu realmente entendi por tudo isso fez um paralelo com o que aprendi com o Sr.Guardião, ou quero dizer; o que acho que aprendi. O cavaleiro fez sua escolha, e não foi a escolha de voltar a vida, mas sim voltar a vida pra se vingar. Como disse o guardião, as consequências disso são nossas responsabilidades né? Fiquei pensando sobre isso antes de voltar a falar;

— Eu só preciso saber de uma coisa, Rocco — chamá-lo assim me fez me sentir mais confortável — Eu vou ter oportunidade de escolher? Mesmo depois da proposta feita? — meus olhos fitaram-no com certa hesitação. Por traz dessa preocupação existia um medo, sim, um medo. Quem sabe o quê ou quem eu serei proposto a sacrificar pela salvação da minha mamãe e a minha?


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Mensagem por NR Sérpico Qua Fev 08, 2017 9:04 pm

47. Vazio aberto

— rocco? — Na penumbra, ele pareceu sorrir sem mostrar os dentes, deu de ombros. — pode ser. é, pode ser.

Depois, quanto a pergunta última de Sean, o homem explicou que:

— sim. acredito que sim. você vai poder escolher tranquilamente. mas talvez uns ofertantes sejam mais impacientes que outros, então você vai ter que decidir rápido. vou te mostrar.  

Ele se virou e começou a ir contra a luz do archote, até o lado oposto do corredor, abrindo a porta que estivera fechada. Do lado de lá a paisagem era de um azul negro ondulante. Fazia som de água. A luz do dia entrou e o archote, agora desnecessário, apagou.

— vem. a cela tá aberta.  

Na verdade, não havia tranca nenhuma ali, apenas as barras de ferro em diagonal, separadas umas das outras por alguns centímetros. Como que “estava aberta”? Mas se Sean tocasse nelas, sua mão atravessaria — como se ele, ou as barras, não existissem. Então poderia sair para o corredor atravessando as barras e seguir o homem que já estava dando um passo pra fora daquele lugar sem nem esperar por Sean.

Não parecia haver um chão do lado de lá. Apenas uma queda livre no azul negro. Era como se estivessem em túnel no céu, na vertical. Aquilo poderia dar alguma desorientação gravitacional só de pensar.

Ele ia dizendo, enquanto isso:

— tem uma possibilidade que sem dúvida vai te sair caro, mas é a mais comum e aberta. nenhuma autoridade interfere, por exemplo. os outros dois jeitos são clandestinos: além do acordo, na hora de atravessar, se tiver azar, algum superior pode aparecer e te pegar. ou então você pode retornar com o Vax, que é exatamente o que ele está fazendo agora. andando, pois suspeito que ele já não tem energia para aqueles saltos no espaço, hm. o problema de voltar para o julgamento é que sua mãe não estará inclusa no pacote, caso você ganhe a vida de volta. mas... francamente, você poderia deixar pra lá. sua mãe com certeza será ajudada por outra... pessoa. você conhece ela, aquela menina. se tentar rastrear sua mãe, vai acabar topando com ela e isso pode não ser bom. a menos que você chame o Ifrit para destruir tudo outra vez... mas seria melhor apenas não acontecer, sabe? fratricídio é algo triste, em todas as histórias. como é, vem ou não? não gosto de deixar essa porta aberta por muito tempo...
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Mensagem por Hummingbird Sex Fev 10, 2017 1:27 am

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Olha, eu não posso deixar de dizer; como é incrível ter meu cabelo de volta? Eu estava sentindo falta, é verdade! Posso ver as pontas escorrendo da minha testa e provocando meus olhos a encará-las por mais difícil que seja. Mas eu gosto da sensação. Eu sinto como se, apesar de tudo, eu esteja bem. Aliviado, sabe? Mas não só pelo meu cabelo. As palavras de Rocco me confortaram; no fim das contas eu tenho uma escolha então.

— Então tá! Eu vou com você. Mas... espera aí.. — enquanto me levantava, analisei as grades que nos separavam dentro daquele salão. Ponderei se realmente eram reais, uma vez que o próprio Rocco disse que eu podia passar, que eu nunca estive preso. Toquei as grades. Minha mão atravessou! — U-Uoh! Atravessou! Você viu? Viu? — animado, deixei um sorriso escapar e novamente repeti o ato, atravessando agora meu corpo inteiro.

Nossa, aquilo foi incrível!

Depois veio aquela mudança de cenário, a imensidão escura porém encantadora. Eu mal conseguia piscar! É verdade! Senti como se pudesse voar, como se não houvessem amarras, uma sensação de..liberdade. Até onde eu poderia ir? Minhas pernas queriam corres? Eu queria desbravar aquilo, mergulhar? Eu não sei, é tudo tão confuso. Olhei para Rocco. Ele falou umas coisas engraçadas, fingi concordar como se estivesse entendendo tudo mas eu confesso que não consegui compreender tudo. O que era um Fratricídio por exemplo? Bom, talvez não seja o momento de perguntar. Fiz que sim com a cabeça.

— Vamos sim! — afirmei de imediato. Não dá pra esconder meu entusiasmo, eu não consigo, oras!

Ainda assim eu sabia, lá no fundo, sabia que essa não é uma viagem a um parquinho e que também não vou encontrar só diversão. Mas só de repousar meus olhos naquela imensidão azul escuro, era como voar num céu que poucas vezes eu vi na vida. Lá em Takaras o céu nunca brilhou tanto assim, nem as estrelas. Não chegaria perto dessa beleza nem que tentassem. Ou será que não? Ou será que no fundo dessa escuridão pode existir diversão?

No fim eu acho que essa aventura toda me deixou foi bastante chato. Normalmente eu teria me divertido a beça com isso tudo...


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Mensagem por NR Sérpico Dom Fev 12, 2017 1:29 pm

48. Fenômeno de luz

Saiu pela porta e caiu. Depois flutuou. Era como sua Levitação, mas sem precisar ter de pensar em levitar. Sentia-se leve. E não apenas o cabelo estava de volta: as roupas, a que imaginasse, estaria ali também.

Estava num mundo aberto, abaixo, o oceano negro e denso. Escutou uma porta se fechando atrás de si, se virou e viu Rocco, não mais na penumbra. Ele sorriu e tinha dentes pontudos. Seus olhos laranjas semicerrados observaram o mundo e ele respirou fundo. Os cabelos compridos eram vermelhos, amarrados na nuca. Rocco meteu as mãos nos bolsos das calças largas, descontraído. Não estava mais com o peito nu: um manto enrolado passava pelo ombro, dobrava na cintura e voltava para o outro ombro. Algo nele parecia jovem, uma disposição quase que infinita, um jogador paciente.

Ah, e da sua barriga despontava um fio prateado quase que translúcido. Esse fio se dividia em quatro pontas, três delas sumiam no ar, até onde os olhos de Sean enxergavam, como se estivessem ligadas a alguma coisa distante. Já a quarta ponta do fio ia até o próprio Sean, em sua barriga. Um tipo de cordão umbilical. Se tentasse pegar o fio, seria o mesmo que tocar nas grades abertas do lugar secreto de Rocco: sua mão atravessaria, como se aquele cordão não existisse de verdade, sendo apenas um efeito visual momentâneo, um fenômeno de luz como um arco-íris — mas que não desaparecia.

Rocco disse:

— o primeiro cara... você se lembra do Mic?

Ele saiu levitando numa direção. Primeiro lentamente, para que Sean acompanhasse. Depois aumentando a velocidade gradativamente, nada grosseiro, mas o bastante para ter vento nos cabelos.

— lembra dele comentando que estava devendo, ou algo assim. ah, sim. um cara, feito de pedra, lembra dele? estava cobrando o Mic quando vocês apareceram na colina. então. uma das três opções de negócio é justamente esse cara que o Pintor ficou devendo. um demônio chamado Gushnasaph, ou somente Nasa. vou te mostrar onde ele fica.

Voavam bem agora, quase que completamente inclinados de peito para baixo. O cenário continuava o mesmo, oceano de todos os lados. Uma vez que Sean olhasse para baixo, notaria que alguma criatura marinha imensa acompanhava o voo deles, como se realmente os estivesse vendo. Rocco também percebeu, mas não pareceu ligar.

E lá longe, na direção para onde voavam, surgiu um brilho, depois outros, logo um monte. Como reflexos. Os dois estavam bem longe de lá — por exemplo: ainda não dava para enxergar terra ou qualquer outra coisa na borda dos mares, mas os reflexos contrariavam isso, pois pareciam se projetar para o céu, formando imagens e formas cada vez mais claras, como se estivessem de fato se aproximando de algum lugar.

Antes que as imagens feitas de pura luz refletida pudessem ser interpretadas, Rocco observou Sean com um sorriso.

— talvez você veja uma miragem logo mais. talvez já esteja vendo nesse momento.

Sean enxergou Chagas rindo, mordiscando uma maçã. Estava montado no cavalo, depois do pique até a borda da floresta. Esperava o grupo com provocação preparada. Hayashi foi o primeiro a surgir.

— Onde aprendeu a cavalgar, irmão? — Brincou Chagas. — Na igreja?

Ao que Hayashi riu:

— E quem disse que eu sei cavalgar?

Logo o segundo colocado estava ali, e Sean se lembrava de ter chegado logo depois de Hayashi, mas quem estava na sela não era ele, era um homem cuja as feições não lhe diziam nada em termos de reconhecimento, mas mesmo assim, como em um sonho com desconhecidos, Sean podia sentir como se conhecesse profundamente aquele sujeito. Um homem que não fez parte daquilo, daquela busca pela herança do Targo, mas que no entanto estava desenhado na visão entre as luzes.

Chagas lhe atirou uma das maçãs e disse:

— Esqueci de amarrar uma corda em vocês antes de sair! Mil perdões!

Ao que o homem riu daquilo, catou a maçã no ar e falou:

— Eu sim: aprendi a cavalgar na Igreja.

Os reflexos continuaram a piscar, distantes, mas as formas e imagens sumiram.

— o que viu? — Rocco quis saber, descontraído, como quem não se importa. Mas seus olhos pareciam sérios.

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Mensagem por Hummingbird Ter Fev 14, 2017 12:56 pm

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— Hmmm, sabe, você até que me lembra um pouco aquele velho? — Referia-me ao Rei de Amarelo. Quero dizer, as palavras saíram mais como um reflexo, quase como se eu as tivesse puxado de alguma memória distante em que, mesmo naquele instante, eu não era capaz de acessar. Eu só não consigo lembrar, mas sinto que devem ser parecidos, principalmente porque aqueles fios brilhantes me causaram um arrepio. E é aquela história, esses arrepios sempre me trazem más lembranças...

De qualquer forma, não fiquei empacado nessa teoria. Na verdade, ainda estava encantado com o tal oceano. Talvez tão encantado que só por isso notei alguma coisa nos acompanhando durante o voo livre. Pois é, estamos voando, ta vendo que incrível? E a bruxa ainda me chamou de fraco.

— Ei, você ta vendo aquela coisona ali seguindo a gente? Sinceramente eu não quero ser engolido por outra cobra não. — e apesar do tom amistoso em minha voz, eu estava um pouco preocupado. Já passei por uns maus bocados né? Queria ter um pouquinho de tempo livre, sei lá, respirar um pouco?

Mas daí o Rocco entrou logo em outro assunto, falando sobre Mic e sobre o amigo dele;

— O Nasa! Lembro sim. Nomezinho complicado heim? Aliás eu sempre me pergunto quem é que escolhe esses nomes de demônio? — foi mais uma pergunta retórica, não que Rocco precisasse respondê-la. Pra ser mais direto, eu  ainda estava mais preocupado com a coisa nos segundo em baixo do oceano escuro do que com a conversa, mas tudo bem.

Daí papo vai e papo vem, ele entrou no assunto antes referido; o sacrifício. No caso, um dos sacrifícios válidos seria o tal Nasa, contratante do pedregulho que por sua vez estava batendo no tio Mic. Aquilo me deixou preocupado pois imediatamente as memórias me atingiram em flash's, a começar pelo tal pedregulho. Se ele era daquele tamanho e tão forte — que nem mesmo o grandão Ho conseguiu bater nele, como seria o tal demônio Nasa? Deve ser umas dez vezes maior! Isso me preocupa. Ao menos se eu tivesse um dragãozão pra me acompanhar seria mais fácil... onde está o Cyrus quando a gente precisa?

— Miragem? — cortei a conversa, quase como se desse de cara com aquilo que acabara de ser referido.

Na verdade foi tudo muito estranho porque as coisas estavam acontecendo muito rápido. Desde a queda livre no oceano escuro, o voo, as luzes... e no fim Chagas. Espera.. Chagas? A maçã, o riso. Eu lembro disso tudo! Foi minha primeira grande aventura a mando do tio Targo! Mas isso faz tempo, por que estou lembrando disso agora? — dúvida essa que ficou pra depois

— Quem é aquele? — respondi ao passo que as imagens sumiam e eu permanecia catatônico como que por efeito de um sonho. — Aquele que estava no meu lugar! Que esquisito.. tenho certeza de que fui o segundo a chegar! — resmunguei quase como se estivesse mais insatisfeito dele ter chegado primeiro que eu do que de fato ele estando no meu lugar. Eu sou competitivo de vez em quando ok?

O fato é: — Tinha um homem no meu lugar. Lá na época da missão do Tio Targo.. — comentei com uma resposta mais concreta desta vez. Encarei Rocco então como se esperasse por uma resposta ou qualquer coisa. Sei lá né, ele parece ser um Aurélio evoluído..


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