Azazel Saphyruz

     Dragões. Feras aladas, com a pele mais fortificada que aço maciço, destes mais afiados que lâminas de diamante, visão mais aguçada que qualquer outro animal vivo. Ah, e o fogo próprio, claro. Divino seja aquele que ficou de frente com um deles e saiu vivo para contar sua história. Espere, minha mãe me contava uma história dessas. Ela contava de um dragão bondoso, que lutava e protegia aqueles que amava. Esse era meu pai. Bem, detalhes mais aprofundados não são de tanto interesse. Mas se isso for mesmo verdade…


Talvez essa estupidez o levou para a morte? Não sei. Dragões devem ser os reis dos céus, esbanjar suas lindas asas e não perdoar ninguém que não siga suas vontades. Não há nada mais forte que um dragão. Eu posso ter herdado mais pela minha mãe… mas…


   Farei aquilo que meu pai não fez. Trarei honra para minha família, dominarei os céus. Farei qualquer um se ajoelhar perante mim.
   O orgulho dos dragões corre pelo meu sangue. As terras de Takaras onde nasci, não são dignas o bastante para governar. Eu quero tudo. Cansei de me esconder. Ter vergonha de minhas asas, não mais. Vou mostrá-las a todos para todo o mundo ver o quão grandioso eu sou.
   Após largar a minha vida pacata e viajar pelas fronteiras de Takaras, reconheci de verdade o quão fraca é a raça Humana. Mas, nunca havia visto as mulheres desse jeito. Que espécime interessante. Preciso gerar um herdeiro para meu sangue. É minha obrigação. Deitarei com cada mulher que eu achar digna de me conceder um herdeiro, mas apenas uma será a escolhida.
  Quando elas percebem que não sou humano, já é tarde demais. Não conseguem mais resistir à minha luxúria. Mas o quão insignificantes essas mulheres podem ser? Fracas, sem determinação. Nenhuma merece. Não quero algo fraco em minha vida.
  O tempo passa e cada mulher me parece mais degradante. Alguns suspeitam de minha aparência e me chamam de monstro. Todos que já fizeram isso estão mortos.
     Mas então, um cavaleiro estranho me desafiou. Ele falou coisas como proteger o povo ou coisa parecida. Me lembrou as histórias de minha mãe. Outro insignificante. Ele usava espadas diferentes, finas. Não estava me importando, apenas pensava em matá-lo e ir embora. Mas, esse humano era diferente. Era bem treinado e chegava perto de me acertar com suas duas espadas. No final, morreu queimado. Mas mesmo com seu corpo em chamas, sem emitir um som de dor, ele continuou lutando até o fim. Em seu último suspiro de esforço, caído no chão, ele ainda movimentava sua espada. Agarrei seu braço, e o ajudei a cortar meu peito.


   Ele morreu. A partir daquele dia, carrego suas espadas e com aquela cicatriz rasgando meu peito, como forma de respeito à aquele humano que lutou até o final.
   Anos se passavam e nada me contentava. Matei uns moradores de um castelo qualquer no pico de uma montanha e passei a morar por lá. Ninguém mais se atrevia a me perturbar. Minha vida começou a ficar patética. Desbravava todo o tipo de território, até que um dia voava próximo de um riacho, e avistei uma silhueta feminina se banhando. Aterrissei em uma das árvores furtivamente para não chamá-la a atenção. Quando a fitei por completo, não quis acreditar no que via.


    Fiquei maravilhado. Sentia algo nela que me dava arrepios, e sem perceber me movia sem consciência para próximo dela. Quando notei, já estava no riacho na sua frente, a fitando com os olhos arregalados. Abri minhas asas e me curvei como uma forma de apresentação.



   Quando voltei a olhá-la, ela estava lá, nua perante mim. Não parecia ter vergonha, muito pelo contrário. Sentia que queria me seduzir. Sim, de fato é ela. Ela será a mulher que me dará um herdeiro. Não me importa sua raça, só preciso da sua força, que me dará o filho que dominará todos esses reinos.